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AFINIZO-ME? SINTONIZO-ME? ... EU SOU!

 

 


 Por Jorge Luiz

 

Clarividência e Ideoplastia – Fenômenos da Mente

Jesus, porém, conhecendo os pensamentos deles, disse: “Por que pensais nos vossos corações?” (Mt, 9:4; Lc, 5:22). Muitas são as passagens nos Evangelhos em que Jesus se utiliza desse recurso, demonstrando que, através da sua largueza espiritual, via os pensamentos dos escribas e dos fariseus que presenciaram a cura do paralítico. Interessante nessa passagem é que esses interlocutores apenas raciocinavam sobre o feito que haviam presenciado.

Nesses episódios, pode-se identificar dois fenômenos anímicos, ou seja, provocados pelas almas envolvidas: a clarividência e a ideoplastia.

Clarividência ou lucidez é a faculdade de adquirir conhecimentos precisos sem o socorro dos sentidos normais e sem leitura de pensamentos (Geley, 1998). Já a ideoplastia é quando a matéria viva exteriorizada é plasmada pela ideia (Bozzano, 1998).

 

Pensamento e Vontade – Os Motores da Criação Espiritual

Um dos mais festejados pesquisadores espíritas do século XIX, o italiano Ernesto Bozzano, já citado acima, exalta a individualidade humana, ser pensante, como a potência primordial que tem no Universo a sua realização (Bozzano, 1995). Suas pesquisas levam, de forma fantástica, a comprovar que um fenômeno, até então meramente psicológico, pode tornar-se fisiológico, permitir-se ser fotografado e concretizar-se em materializações plásticas, tanto quanto criar um organismo vivo.

Allan Kardec, por sua vez, ensina que os Espíritos agem sobre os fluidos espirituais, não os manipulando como os homens manipulam os gases, mas com o auxílio do pensamento e da vontade. O pensamento e a vontade são para os Espíritos aquilo que a mão é para o homem (Kardec, 2010). É assim que se opera a grande oficina ou laboratório da vida espiritual. O pensamento é a linguagem do Espírito. Diante da pequenez espiritual dos Espíritos vinculados à Terra, sendo a comunicação pelo pensamento inviável, a fala, através da palavra, foi concedida até que o processo evolutivo do Espírito faculte o uso do pensamento.

O entendimento dos fluidos espirituais é determinante para a compreensão das criações fluídicas pelos Espíritos, pois é deles que extraem os materiais com os quais operam. Derivação do Fluido Cósmico Universal (FCU), é substância primordial para tudo que se origina, tanto no mundo material quanto no espiritual. Allan Kardec ensina que, sendo os fluidos o veículo do pensamento, este atua sobre os mesmos como o som atua sobre o ar; eles nos trazem o pensamento, como o ar nos traz o som. Em tais fluidos há ondas e raios de pensamentos, os quais se cruzam sem se confundir, como no ar há ondas e raios sonoros (Kardec, 2010).

Exemplificando essa dinâmica fluídica do pensamento, Kardec diz que, se um homem, por exemplo, pensar em matar outro, embora seu corpo material esteja impassível, seu corpo fluídico é posto em ação pelo pensamento, do qual reproduz todas as variações do ato em si. Os movimentos mais secretos da alma repercutem no envoltório fluídico; uma alma pode ler em outra alma como num livro e ver o que não é perceptível pelos olhos (idem).

Importante notar que, sob o ponto de vista moral, os fluidos trazem a impressão dos sentimentos do ódio, da inveja, do ciúme, do orgulho, do egoísmo, da violência etc. O quadro dos fluidos seria, pois, o de todas as paixões, virtudes e vícios da humanidade, e o das propriedades da matéria, correspondentes aos efeitos que produzem (idem). Constata-se uma relação direta do pensamento com aquilo que o homem se relaciona, se sintoniza e se afiniza. Não há necessidade, portanto, que o pensamento seja expresso em palavras; a irradiação fluídica nem por isso é menor, quer seja expressa ou não. Muitas vezes chegam a conhecer o que desejaríeis ocultar de vós mesmos. Nem atos, nem pensamentos se lhes podem dissimular, assim ensinam os Espíritos quando interpelados por Kardec acerca do conhecimento dos mais secretos pensamentos do Espírito encarnado (Kardec, 2000; Q. 457).

 

Sintonia e Afinidade – As Conexões das Almas

Os bons Espíritos simpatizam com os homens de bem, ou suscetíveis de se melhorarem; os Espíritos inferiores com os homens viciosos ou que possam vir a sê-los. Daí sua afeição, por causa da semelhança das sensações (Kardec, 2000; Q. 484). Isso deixa bem claro que a qualidade dos pensamentos expressa vibrações que definirão a faixa de sintonia onde se opera.

O Espírito Emmanuel afirma que o pensamento é força eletromagnética. Eletricidade e magnetismo conjugam-se em todas as manifestações da vida universal, criando gravitação e afinidade, assimilação e desassimilação, nos campos múltiplos da forma que servem à romagem do espírito para as metas supremas, traçadas pelo Plano Divino (Xavier, 2013).

Dois pontos centrais são necessários para que haja a intercambiação mental entre Espíritos: a sintonia e a afinidade. A primeira é a condição de uma faixa de recepção de onda de pensamento oscilar com igual frequência de uma outra faixa de emissão comunicante. A absorção do Espírito receptor dependerá do segundo fator, a afinidade, entre as duas formas de pensar, no mesmo instante da informação, que se consolida pela semelhança, de identidade, entre dois seres inteligentes. Exemplo clássico desses fatores ocorre nas ondas de rádio: quando se busca a emissora no dial, logo em seguida, a sintonia se concluirá pelo tipo de assunto que está sendo transmitido; afinidade.

Há minudências nas questões ora postas no que diz respeito à sintonia e à afinidade na dinâmica dos pensamentos, impossíveis de serem abordadas em uma resenha desta natureza. As obras citadas são convites para aqueles que desejam aprofundamento no assunto. A questão é que esses fatores são determinantes para a construção e consolidação moral dos encarnados e desencarnados.

O Espírito André Luiz oferece dados de importância significativa para a dinâmica do pensamento como fundamento maior das escolhas que direcionam a felicidade ou desdita na vida de relação. Ele afirma que o pensamento se gradua nos mais diversos tipos de ondas, desde os raios super-ultra-curtos, em que se exprimem os Espíritos classificados de angélicos, passando pelas oscilações curtas, médias e longas em que se exterioriza a mente humana, até as ondas fragmentárias dos animais, cuja vida psíquica, ainda em germe, somente arroja de si determinados pensamentos ou raios descontínuos (Xavier, 1998). Colaboração espírita fantástica para a sociedade. Assim se opera a dinâmica das relações interpessoais e coletivas nos processos das realizações dos indivíduos na construção do “Si”.

 

EU SOU! – A Essência do Ser Pensante

René Descartes, a partir de perquirições filosóficas, persuadiu-se de que nada existia no mundo, que não havia nenhum céu, nenhuma terra, espíritos alguns, concluindo até que nem ele próprio existia. Depois de pensar bastante sobre esses estados de coisas, concluiu por fim pela proposição: “Eu sou, eu existo”, considerando-a verdadeira de todas as proposições, todas as vezes que a enunciava ou mesmo que a concebia em seu espírito. Essa frase representa o pensamento do sistema cartesiano, que deu origem à Filosofia Moderna, no qual o pensar e refletir sobre o próprio intelecto é o centro da existência do ser humano. O pensamento é a essência do eu. Na realidade, o pensamento é a usina de todas as nossas iniciativas interexistenciais.

Descartes fundou a modernidade na certeza do “Eu que pensa”. O Espiritismo, por sua vez, complementa essa visão, evidenciando que este “Eu” pensante não é apenas a base da existência, mas o centro emissor e receptor de vibrações que definem suas sintonia e afinidade no universo.

O homem comum, aquele que nunca “trabalhou sobre si mesmo”, tem dois mundos – exterior e interior. Se ele se tornou “candidato a uma outra vida”, “trabalhou sobre si mesmo”, já tem o terceiro mundo, esse, chamado de "mundo do homem", assim considera George Ivanovich Gurdjieff, místico e mestre greco-armênio. Para isso, ele indica a dinâmica de três tipos de associações, de natureza independente, que se desenvolvem de forma semelhante e simultaneamente no homem. Para Gurdjieff, são três os tipos de associações: de pensamento, de sentimento e de instinto mecânico (Gurdjieff, 2006).

A compreensão e o equilíbrio dessas três esferas são cruciais para o desenvolvimento de um “Eu” mais unificado e consciente, capaz de direcionar seus pensamentos e emoções de forma intencional, impactando diretamente sua sintonia e afinidade com o ambiente e outros seres.

Em todos os domínios do universo há vibração, pois a influência é recíproca. A própria Terra, como comprova a ressonância Schumann, fascinante fenômeno eletromagnético que nos lembra da complexidade e da interconexão dos sistemas naturais do nosso planeta.

A Doutrina Espírita traz considerações para as religiões e filosofias que consideram o desejo de transcendência do ser, quando o Espírito André Luiz explica que, através do pensamento, todos os homens vivem em regime de comunhão, segundo os princípios de afinidade. Isso se dá pela assimilação e sugestão. Diz ele: “a alma entra em ressonância com as correntes mentais em que respiram as almas que se lhe assemelham. Nossas emoções, pensamentos e atos são elementos dinâmicos de indução. Todos exteriorizamos a energia mental, configurando as formas sutis com que influenciamos o próximo, e todos somos afetados por essas mesmas formas nascidas nos cérebros alheios” (Xavier, 2013).

Esses enunciados são determinantes para que se conscientize que é sentindo, mentalizando, falando ou agindo, sintonizando-se com as emoções e ideias de todas as pessoas, encarnadas e desencarnadas, na nossa faixa de simpatia. Atraímos e repelimos recursos mentais que se agregam aos nossos, fortificando-nos para o bem ou para o mal, segundo a direção que escolhemos.

Muitas vezes, chegam a conhecer o que desejaríeis ocultar de vós mesmos. Nem atos, nem pensamentos se lhes podem dissimular, assim ensinam os Espíritos quando interpelados por Kardec acerca do conhecimento dos mais secretos pensamentos do Espírito encarnado (Kardec, 2000; Q. 457).

 

Vigiai e Orai – A Autotransformação pelo Conhecimento de Si Mesmo

          O Brasil está imerso em uma conflagração multifacetada – política, religiosa, militar, midiática – que retroalimenta e é retroalimentada por uma deterioração da psique coletiva, marcada por profundas lacunas cognitivas e descompassos ético-morais na sociedade.  

 As formas-pensamento de devoção, estudadas na dinâmica da evolução espiritual e na relação entre mente, emoções e realidade, manifestam-se como uma nuvem rotativa, de cor azul. Esta nuvem representa uma devoção vaga e agradável, que se assemelha mais a uma sensação beata do que a um verdadeiro impulso espiritual. Essa condição é frequentemente observada em pessoas com sentimentos piedosos, mas que carecem de maior inteligência ou discernimento. (Besant & Leadbeater, 1969).

Em muitas igrejas, uma nuvem azul opaca e disforme paira sobre os fiéis, refletindo a indefinição e a natureza egoísta ou temerosa de seus pensamentos. Em vez de devoção, surgem formas astrais de objetos e cenas mundanas como chapéus, joias, roupas luxuosas, carruagens, cavalos, bebidas, banquetes e até cálculos. Isso evidencia que, durante o culto, homens e mulheres estão focados em negócios, prazeres e preocupações terrenas, ignorando o propósito espiritual. (idem). Vê-se, com muita propriedade, o cenário psíquico que se tornou fértil para a Teologia da Prosperidade. Somando-se a essa, considere-se a realidade psíquica dos outros estados considerados – político, militar e midiático, que tem em sua resultante, bem ilustrativa, os representantes do povo no atual Parlamento brasileiro, com uma couraça de nazifascismo de tamanha monta, que se alastrou como o vírus do herpes no tecido social brasileiro. Não se considerará aqui, por falta de espaço, a parasitose espiritual, ou obsessão e suas derivações, mal terrível que aflige as criaturas.

A corrosão do caráter que se instituiu no Parlamento brasileiro, faz-me lembrar Brás Cubas, personagem principal da obra “Memórias de Brás Cubas”, de Machado de Assis, que é a encarnação de um mau-caráter sem igual. Egoísta, narcisista, oportunista, seu envolvimento na política, por exemplo, é mais por vaidade e tédio do que por qualquer convicção ideológica. Ele se candidata a deputado e assume cargos sem qualquer preparo ou compromisso genuíno. Preconceituoso e arrogante, demonstra um profundo desprezo por aqueles que considera inferiores a ele, seja por classe social, raça ou educação. Sua visão de mundo é elitista e excludente. Há momentos em que ele explicitamente demonstra sua visão da escravidão ou de outras classes sociais.

O polímata brasileiro, Gilberto Freyre, ilustra melhor essa abordagem, ao discorrer sobre a sociabilidade nacional, e ajuda a entender a ascensão da extrema-direita no Brasil, em especial o bolsonarismo, quando admite:

 

“Não há brasileiro de classe mais elevada, mesmo depois de nascido e criado, depois de oficialmente abolida a escravidão, que não se sinta aparentado do menino Brás Cubas na malvadez e no gosto de judiar com negros. Aquele mórbido deleite em ser mau com os inferiores e com os animais é bem nosso: é de todo o menino brasileiro atingido pela influência do sistema escravocrata (Freyre, 2003).

 

Posto isso, validando-se o mau-caráter de Brás Cubas, inconscientemente, naquilo que Carl Jung define como sombra, há de se considerar no eleitor, algo do eleito, vibrando no diapasão desse mau-caratismo, guarda traços, em seu caráter, do caráter do eleito. Aqui está um dos componentes para a afirmação da extrema-direita, especificamente o bolsonarismo, como esgarçamento social no Brasil.

O processo do conhecimento de Si mesmo (Kardec, 2000. Q. 919), deverá ser direcionado a fim de se corrigir essas deformações.

A física quântica valida o paradigma espírita ao comprovar que a matéria é epifenômeno da consciência (leia-se Espírito), e não o contrário como afirmava a física newtoniana. A informação, portanto, é enviada através de pacotes de energia, através de ondas eletromagnéticas. Esse conteúdo material que é compatível com o envoltório fluídico está sempre em relação com o grau de adiantamento moral do Espírito, que se exterioriza naquilo que é conhecido como aura, cujo conhecimento já remonta há séculos, com o tônus da cor como demonstram as experiências de Besant & Leadbeater.

A esse respeito, Kardec afirma que o pensamento produz, pois, uma espécie de efeito físico, que reage sobre o moral, e o homem o sente instintivamente, pois procura as interações homogêneas e simpáticas onde irá nutrir as suas forças morais, de acordo com o seu padrão vibratório (Kardec, 2010).

“Vigiai e Orai", disse Jesus! (Mt, 26:41). Sintonia e afinidade. Sugestão e assimilação, têm nessa advertência de Jesus a sua assepsia física, mental e espiritual para o processo de conhecimento de Si mesmo (Kardec, 2000, Q. 919). As forças que nos vinculam uns aos outros são, por isso mesmo, as que emitimos de nós e alimentamos em nosso próprio âmago.

Em qualquer situação, ainda mais nesses tempos sombrios, em qualquer ambiente em que se encontre o Ser pensante Espírito –, tem que ter no pensamento, fonte de irradiação psíquica, em harmonia com as ondas do Psiquismo Divino de onde procedem todos os dons da vida e os meios para serem logrados os objetivos existenciais.

Pois, parafraseando Jesus (Mt,6:21): onde estiver seu pensamento, ali também estará seu caráter.

Sintonia e afinidade são expressões do caráter do indivíduo, que polarizam forças naqueles que se nos afinam com o modo de ser, impelindo-nos à imitação consciente ou inconsciente.

 

Referências:

ALTHUSSER, Louis. Aparelhos ideológicos de estado. Rio de Janeiro: Paz & Terra, 2022.

BESANT & LEADBEATER, Anne e C.W. Formas de pensamento. São Paulo: Pensamento, 1969.

BOZZANO, Ernesto. Pensamento e vontade. Rio de Janeiro: FEB, 1995.

FRANCO, Divaldo. Dias gloriosos. Salvador: Leal, 1999.

FREYRE, Gilberto. Casa grande e senzala. São Paulo; Global, 2003;

GELEY, Gustave. O Ser consciente. Rio de Janeiro: FEB, 1974.

GURDJIEFF, George I. A vida só é real quando “eu sou”. São Paulo: Horus Editora, 2006.

KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. São Paulo: Lake, 2000.

_____________. A gênese. Brasília: FEB, 2010.

SANCHEZ, Wladimyr. A influência dos espíritos no nosso dia a dia. São Paulo: USE, 2001.

SILVA, Franklin L. Descartes: a metafísica da modernidade. São Paulo: Editora Moderna, 1998.

XAVIER, Francisco C. Pensamento e vida. Brasília: FEB, 2013.

 


Comentários

  1. COMENTÁRIO ELABORADO PELA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL - IA (GEMINI)
    O texto apresenta um estudo sobre a clarividência e a ideoplastia a partir de uma perspectiva espírita, utilizando passagens bíblicas, obras de pensadores espíritas como Allan Kardec, Francisco Cândido Xavier e Ernesto Bozzano, e até mesmo filósofos como René Descartes e pensadores como Carl Jung e Gilberto Freyre. A argumentação se desdobra em três seções principais, cada uma explorando um aspecto da influência da mente e do pensamento.

    Clarividência e Ideoplastia

    A primeira parte define e diferencia clarividência e ideoplastia como fenômenos da mente, ou anímicos. A clarividência é a capacidade de obter informações sem o uso dos sentidos físicos, enquanto a ideoplastia é a manifestação de uma ideia na matéria. O autor utiliza a cura do paralítico por Jesus para ilustrar como a mente pode atuar diretamente, tanto na percepção (clarividência de Jesus) quanto na criação (ideoplastia da cura).

    Pensamento e Vontade

    A segunda seção aprofunda a ideia de que o pensamento e a vontade são os motores da criação. Kardec é citado para reforçar que os Espíritos agem sobre os fluidos espirituais com o pensamento e a vontade, comparando-os às mãos do ser humano. O texto ainda aborda a sintonia e a afinidade, que seriam a chave para a comunicação entre almas e Espíritos. A afinidade atrai a sintonia, e ambas estão relacionadas ao caráter do indivíduo. A discussão é enriquecida com a visão de Emmanuel sobre o pensamento como força eletromagnética.

    Sintonia, Afinidade e Autotransformação

    A última parte do texto conecta o pensamento individual com fenômenos sociais e políticos. O autor utiliza o conceito de forma-pensamento para analisar a psique coletiva de uma nação, como a brasileira, e a ascensão do bolsonarismo. A partir da obra de Besant & Leadbeater, o autor descreve como a mente pode gerar "nuvens" energéticas que refletem o estado moral e mental das pessoas, e como essa manifestação é visível em contextos religiosos e sociais. A referência a Brás Cubas, de Machado de Assis, e a análise de Gilberto Freyre sobre o "gosto de judiar" servem para ilustrar o mau-caratismo inconsciente, que, na visão do autor, se manifesta na escolha de representantes políticos.

    Resumo do Comentário

    O texto argumenta que o pensamento não é apenas um processo mental, mas uma força criativa e vibracional que molda a realidade. Através dos conceitos de clarividência e ideoplastia, ele explora como a mente pode influenciar e perceber o mundo. A sintonia e a afinidade, regidas pelo pensamento e pela vontade, são apresentadas como mecanismos que conectam os indivíduos, tanto no plano espiritual quanto no social.

    A parte mais ousada do texto é a sua aplicação desses conceitos para a análise da política e da moralidade brasileira, sugerindo que a escolha de líderes e a deterioração social são reflexos da sombra coletiva. A conclusão é que a frase de Jesus, "Vigiai e Orai", é um chamado à autotransformação e ao autoconhecimento. O autor defende que o pensamento, por ser a fonte de irradiação psíquica, determina o caráter e o destino do ser.

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