Pular para o conteúdo principal

O TEMPO NÃO É MERCADORIA

 

Por Jorge Luiz

                     A contagem do tempo nas corridas de Fórmula 1, cujo vencedor, em muitas oportunidades, vence por milésimos de segundos de diferença para o segundo colocado é representativo em milhões de dólares na premiação, dão a dimensão exata do custo do tempo em uma sociedade pautada pela reprodução da forma de mercadoria.

            No passado, os relógios eram afixados nas torres das igrejas, era a religião que controlava o tempo nas suas dimensões espirituais. Com a revolução industrial, os relógios pontos passaram a dar o contorno da nova forma de sociedade que se estabelecia. O filme Tempos Modernos, de Charles Chaplin, é simbólico da era que se iniciava, e se consolidou.

            Atualmente, quando os semáforos das grandes metrópoles sinalizam o verde, nada há de tão comparativo a uma largada da Fórmula 1, a grande diferença é que na grande competição automobilística os pilotos têm o foco em um propósito, enquanto no cotidiano das grandes cidades, são indivíduos que se desconhecem, aceleram para premiar desconhecidos, comercializando seu tempo, em uma competição que só encerra à beira do túmulo.

Tenho fome da extensão do tempo, e quero ser eu sem condições, disse Fernando Pessoa, impossível assim o ter, o tempo é condicionado não ao ser, mas ao ter, incondicionalmente, ter;  acumular. Time is Money, (tempo é dinheiro), a expressão em inglês é mantra e repetida por brasileiros, expressa realmente como se enfrenta a questão do tempo, em tempos de neoliberalismo. O dinheiro reproduz tudo o que é imanente para os indivíduos, não sendo substantivo para as demandas do Espírito encarnado.

Jesus foi muito taxativo quando afirma: “Ninguém pode servir a dois senhores; pois odiará um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro.” (Mt, 6:24).

            Muitos foram filósofos que se debruçaram a estudar o tempo. Mas quem de nós também não o fizemos, quando em determinado momento, ao realizarmos uma tarefa prazerosa, percebemos que o tempo se esvai rapidamente, enquanto em outros, diante de algo que nos aflige, o tempo demora a passar! Nas regiões longínquas dos grandes centros, lá no interiorzinho às margens das BRs quando se viaja, vê-se muitos nos alpendres de suas casas pessoas a “matar o tempo”, enquanto nas grandes metrópoles morre-se, a partir da exiguidade do tempo, frente aos desafios impostos para a sobrevivência. Esses são os grandes enigmas do tempo que poderiam nos levar a uma espécie de vertigem, daí a necessidade de se dispor de mecanismos para que se tenha uma referência temporal, caso contrário o ser se sentiria desnorteado. Essa necessidade foi, inicialmente, medida a partir da observância dos astros, especificamente pela sua ciclicidade, a lua e o sol, com o relógio solar, para finalmente o relógio.

            Os pensadores do século XX costumam retratar o tempo sem nenhum vínculo com a transcendência, o que nos interessa, entretanto, sob à ética da imortalidade, é, necessariamente, sua vinculação à transcendência.

            Platão definiu o tempo como “uma imagem móvel da eternidade que procede o número.” O Espírito Galileu, concordando com a definição do filósofo e matemático da Grécia Antiga, define:

“O tempo é apenas uma medida relativa da sucessão das coisas transitórias; a eternidade não é susceptível de medida alguma, do ponto de vista da duração; para ela não há começo, nem fim: tudo lhe é presente.” (Kardec, 2010).

            Platão prossegue afirmando que o tempo é móvel e procede segundo o número. A contraposição, pois, com o seu modelo é clara: a eternidade é imóvel, ao passo que o tempo é móvel. É de claridade solar que estamos imersos na eternidade que o tempo, como o entendemos, existe somente na dimensão física.

Aristóteles, discípulo de Platão, define o tempo como a medida do movimento, ou seja, deve existir anterior-posterior, o tempo é o intermediário, para isso, há a necessidade de movimento. A partir daí é fácil compreender como surgiu o passado e futuro. O “movimento, para Aristóteles, significa toda a mudança, seja ela de lugar, ou qualidade, de quantidade”. (Puente, 2010). É de Aristóteles que virão as primeiras considerações das quais se elaborarão ideias para as experiências do Espírito enquanto imerso na dimensão física e suas relações com a utilização do tempo. Ele pondera o fato de que “não acreditar” na presença efetiva de um tempo quando não determinamos nenhuma mudança surge porque nossa alma “parece” permanecer em um estado único e indivisível. Mas, caso possamos determinar diferente estado anímico, então “dizemos” que um tempo transcorreu.  O campo semântico da análise é o indivíduo e sua alma, “é evidente que não há tempo sem movimento e mudança.” (Puente, 2001).

            O tempo como movimento, há se prospectar que ele é sempre um devir, sem ele não haveria o devir, a mudança. “(...) sem o tempo, haveria mudança, movimento, devir? O tempo nem pode existir absolutamente, nem não existir absolutamente: ele só existe relativamente; relativamente à mudança (...).” (Conte-Sponville, 2000).

            Santo Agostinho, Bispo de Hipona, apresenta em suas ponderações iniciais sobre o movimento dos astros e do corpo (que não são propriamente tempo, são medidas do tempo), como “uma distensão do próprio espírito”, pois ele explicita uma multidão de impressões. São elas as impressões sensíveis, ou seja, os dados que conhecemos a partir dos nossos cinco sentidos. Por que, então, o filósofo recomenda ao seu próprio espírito que não se perturbe com a multidão de impressões? (Puente, 2010). É sabido que a interação dos cinco sentidos desempenham papéis determinantes nos espaços moldando nossas emoções, comportamento e saúde. Guiados pelo pensamento e a vontade, serão determinantes ainda para nossa felicidade e desdita, impactando na relação tempo-corpo-espírito; felicidade e desdita. Basicamente, o conceito é legítimo, pois o sistema de alimentação do nosso aprendizado intelectual está localizado nos instrumentos de percepção sensorial: visão, audição etc. (Miranda, 1992). Não restam dúvidas de que todos os processos de aprendizado dos indivíduos se realizam através dos cinco sentidos. Estariam eles no corpo físico ou no Espírito.  “A sede dos sentidos não está no corpo físico e sim no Espírito. O corpo é apenas um instrumento de trabalho, uma ferramenta. Quando o corpo morre, o Espírito leva consigo as suas faculdades e os seus sentidos. Portanto, é possível ver sem os olhos da carne, ouvir sem os ouvidos etc. (...) Uma coisa é certa: o mecanismo sensorial é essencialmente espiritual, manifestando-se no corpo físico apenas como a eletricidade que faz acender uma lâmpada (Idem).

            Douglas Barros, psicanalista, elaborou para uma teoria do “corre”, quando ele a define por: vagas arrombadas e vidas precárias, admite que o “corre” pode significar, entre outras coisas, manter-se pronto para ocupar a oportunidade que se abre – pois, se não fizer, outro fará. Nascido num solo marcado pela competitividade como anima do mundo social, é a verdadeira face da ideologia empreendedora que requer nosso engajamento ativo na plataformização do trabalho que constitui escalas extenuantes 24 horas nos 7 dias da semana. Evidentemente, o corre não é só um ato subjetivo do cachorro-louco que sobe numa moto para “ganhar a vida”, mas uma imposição social de um mundo de trabalho em descalabro. Necessário considerar que os que sofrem do “corre” constituem parte fundamental da classe trabalhadora atual. (Barros,¹). Essa vida não é uma vida para o propósito do Espírito enquanto encarnado; essa vida é uma imposição escravagista que oprime e torna o ser humano em zumbi de vidas miseráveis de milhares para a ostentação de uma minoria abastada.

            A questão fica demasiadamente complicada, como ficou demonstrada, que nossos sentidos estão mergulhados nessa competição mórbida que o sistema de governança do mundo impõe, guiando-os e consumindo o tempo que se dispõe, com apelos materiais, repercutindo em desordens físicas, psicológicas e espirituais.

            O tempo para o Espírito deve ser direcionado para o conhecimento de Si mesmo. (Kardec, 2000, questão nº 919 “a”. Santo Agostinho, agora Espírito, a partir das suas deduções filosóficas, consolida suas ideias quando encarnado e dedilha apontamentos fundamentais para que se analise o direcionamento dos cinco sentidos do ser humano: — Fazei o que eu fazia quando vivi na Terra: no fim de cada dia interrogava a minha consciência, passava em revista o que havia feito e me perguntava a mim mesmo se não tinha faltado ao cumprimento de algum dever, se ninguém teria tido motivo para se queixar de mim. Foi assim que cheguei a me conhecer e ver o que em mim necessitava de reforma. Aquele que todas as noites lembrasse todas as suas ações do dia, e, se perguntasse o que fez de bem ou de mal, pedindo a Deus e ao seu anjo guardião que o esclarecessem, adquiriria uma grande força para se aperfeiçoar, porque, acreditai-me, Deus o assistirá.(...) (Kardec, 2000, questão nº 919 “a”.) Tempo exíguo, mas tempo para o Espírito. Que se leia a questão como um todo.

            Cumprindo isso, sistematizaremos o tempo, tendo a vida como educandário de almas em que o tempo se assemelha ao professor que premia o merecimento a partir da boa-vontade e disciplina para a composição de atitudes em que se superará os arrastamentos morais que o mundo apresenta.

 

Referências:

CONTE-SPONVILLE, André. O ser-tempo. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. São Paulo: Lake, 2000.

____________. A gênese. São Paulo: Lake, 2010.

MIRANDA, Hermínio. Candeias na noite escura. Rio de Janeiro: FEB, 1992.

PUENTE, Fernando R. O tempo. São Paulo: Martins Fontes, 2010.

_____________. Os sentidos do tempo em Aristóteles. São Paulo: Loyola, 2001.     

CONTE-SPONVILLE. André. O ser-tempo. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

¹  https://blogdaboitempo.com.br/2024/12/07/para-uma-teoria-do-corr

Comentários

  1. Leonardo Ferreira Pinto3 de fevereiro de 2025 às 11:48

    Maís um ótimo artigo para nossa reflexão

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

PESTALOZZI E KARDEC - QUEM É MESTRE DE QUEM?¹

Por Dora Incontri (*) A relação de Pestalozzi com seu discípulo Rivail não está documentada, provavelmente por mais uma das conspirações do silêncio que pesquisadores e historiadores impõem aos praticantes da heresia espírita ou espiritualista. Digo isto, porque há 13 volumes de cartas de Pestalozzi a amigos, familiares, discípulos, reis, aristocratas, intelectuais da Europa inteira. Há um 14º volume, recentemente publicado, que são cartas de amigos a Pestalozzi. Em nenhum deles há uma única carta de Pestalozzi a Rivail ou vice-versa. Pestalozzi sonhava implantar seu método na França, a ponto de ter tido uma entrevista com o próprio Napoleão Bonaparte, que aliás se mostrou insensível aos seus planos. Escreveu em 1826 um pequeno folheto sobre suas ideias em francês. Seria quase impossível que não trocasse sequer um bilhete com Rivail, que se assinava seu discípulo e se esforçava por divulgar seu método em Paris. Pestalozzi, com seu caráter emotivo e amoroso, não era de ...

DIA DE FINADOS À LUZ DO ESPIRITISMO

  Por Doris Gandres Em português, de acordo com a definição em dicionário, finados significa que findou, acabou, faleceu. Entretanto, nós espíritas temos um outro entendimento a respeito dessa situação, cultuada há tanto tempo por diversos segmentos sociais e religiosos. Na Revista Espírita de dezembro de 1868 (1) , sob o título Sessão Anual Comemorativa dos Mortos, na Sociedade Espírita de Paris fundada por Kardec, o mestre espírita nos fala que “estamos reunidos, neste dia consagrado pelo uso à comemoração dos mortos, para dar aos nossos irmãos que deixaram a terra, um testemunho particular de simpatia; para continuar as relações de afeição e fraternidade que existiam entre eles e nós em vida, e para chamar sobre eles as bondades do Todo Poderoso.”

09.10 - O AUTO-DE-FÉ E A REENCARNAÇÃO DO BISPO DE BARCELONA¹ (REPOSTAGEM)

            Por Jorge Luiz     “Espíritas de todos os países! Não esqueçais esta data: 9 de outubro de 1861; será marcada nos fastos do Espiritismo. Que ela seja para vós um dia de festa, e não de luto, porque é a garantia de vosso próximo triunfo!”  (Allan Kardec)                    Cento e sessenta e quatro anos passados do Auto-de-Fé de Barcelona, um dos últimos atos do Santo Ofício, na Espanha.             O episódio culminou com a apreensão e queima de 300 volumes e brochuras sobre o Espiritismo - enviados por Allan Kardec ao livreiro Maurice Lachâtre - por ordem do bispo de Barcelona, D. Antonio Parlau y Termens, que assim sentenciou: “A Igreja católica é universal, e os livros, sendo contrários à fé católica, o governo não pode consentir que eles vão perverter a moral e a religião de outr...

UM POUCO DE CHICO XAVIER POR SUELY CALDAS SCHUBERT - PARTE II

  6. Sobre o livro Testemunhos de Chico Xavier, quando e como a senhora contou para ele do que estava escrevendo sobre as cartas?   Quando em 1980, eu lancei o meu livro Obsessão/Desobsessão, pela FEB, o presidente era Francisco Thiesen, e nós ficamos muito amigos. Como a FEB aprovou o meu primeiro livro, Thiesen teve a ideia de me convidar para escrever os comentários da correspondência do Chico. O Thiesen me convidou para ir à FEB para me apresentar uma proposta. Era uma pequena reunião, na qual estavam presentes, além dele, o Juvanir de Souza e o Zeus Wantuil. Fiquei ciente que me convidavam para escrever um livro com os comentários da correspondência entre Chico Xavier e o então presidente da FEB, Wantuil de Freitas 5, desencarnado há bem tempo, pai do Zeus Wantuil, que ali estava presente. Zeus, cuidadosamente, catalogou aquelas cartas e conseguiu fazer delas um conjunto bem completo no formato de uma apostila, que, então, me entregaram.

OS FILHOS DE BEZERRA DE MENEZES

                              As biografias escritas sobre Bezerra de Menezes apresentam lacunas em relação a sua vida familiar. Em quase duas décadas de pesquisas, rastreando as pegadas luminosas desse que é, indubitavelmente, a maior expressão do Espiritismo no Brasil do século XIX, obtivemos alguns documentos que nos permitem esclarecer um pouco mais esse enigma. Mais recentemente, com a ajuda do amigo Chrysógno Bezerra de Menezes, parente do Médico dos Pobres residente no Rio de Janeiro, do pesquisador Jorge Damas Martins e, particularmente, da querida amiga Lúcia Bezerra, sobrinha-bisneta de Bezerra, residente em Fortaleza, conseguimos montar a maior parte desse intricado quebra-cabeças, cujas informações compartilhamos neste mês em que relembramos os 180 anos de seu nascimento.             Bezerra casou-se...

O MEDO SOB A ÓTICA ESPÍRITA

  Imagens da internet Por Marcelo Henrique Por que o Espiritismo destrói o medo em nós? Quem de nós já não sentiu ou sente medo (ou medos)? Medo do escuro; dos mortos; de aranhas ou cobras; de lugares fechados… De perder; de lutar; de chorar; de perder quem se ama… De empobrecer; de não ser amado… De dentista; de sentir dor… Da violência; de ser vítima de crimes… Do vestibular; das provas escolares; de novas oportunidades de trabalho ou emprego…

TRÍPLICE ASPECTO: "O TRIÂNGULO DE EMMANUEL"

                Um dos primeiros conceitos que o profitente à fé espírita aprende é o tríplice aspecto do Espiritismo – ciência, filosofia e religião.             Esse conceito não se irá encontrar em nenhuma obra da codificação espírita. O conceito, na realidade, foi ditado pelo Espírito Emannuel, psicografia de Francisco C. Xavier e está na obra Fonte de Paz, em uma mensagem intitulada Sublime Triângulo, que assim se inicia:

SOBRE ATALHOS E O CAMINHO NA CONSTRUÇÃO DE UM MUNDO JUSTO E FELIZ... (1)

  NOVA ARTICULISTA: Klycia Fontenele, é professora de jornalismo, escritora e integrante do Coletivo Girassóis, Fortaleza (CE) “Você me pergunta/aonde eu quero chegar/se há tantos caminhos na vida/e pouca esperança no ar/e até a gaivota que voa/já tem seu caminho no ar...”[Caminhos, Raul Seixas]   Quem vive relativamente tranquilo, mas tem o mínimo de sensibilidade, e olha o mundo ao redor para além do seu cercado se compadece diante das profundas desigualdades sociais que maltratam a alma e a carne de muita gente. E, se porventura, também tenha empatia, deseja no íntimo, e até imagina, uma sociedade que destrua a miséria e qualquer outra forma de opressão que macule nossa vida coletiva. Deseja, sonha e tenta construir esta transformação social que revolucionaria o mundo; que revolucionará o mundo!

ANÁLISE DA FIGUEIRA ESTÉRIL E O ESTUDO DA RELIGIÃO

                 Por Jorge Luiz            O Estudo da Religião e a Contribuição de Rudolf Otto O interesse pela história das religiões   remonta a um passado muito distante e a ciência das religiões, como disciplina autônoma, só teve início no século XIX. Dentre os trabalhos mais robustos sobre a temática, notabiliza-se o de Émile Durkheim, As Formas Elementares da Via Religiosa.             Outro trabalhos que causou repercussão mundial foi o de Rudolf Otto, eminente teólogo luterano alemão, filósofo e erudito em religiões comparadas. Otto optou por ser original e abdicou de estudar as ideias sobre Deus e religião e aplicou suas análises das modalidades da experiência religiosa. Ao fazer isso, Otto conseguiu esclarecer o conteúdo e o caráter específico dessa experiência e negligenciou o lado racional e especulativo da religião, sempre...

EDUCAÇÃO ESPÍRITA ¹

Por Francisco Cajazeiras (*) Francisco Cajazeiras – Quais as relações existentes entre Educação e o Espiritismo? Dora Incontri – Muitas. Primeiro porque Kardec era um educador. Antes de se dedicar ao Espiritismo, à pesquisa das mesas girantes, depois à codificação da Doutrina Espírita, durante trinta anos, na França, exerceu a função de educador. Foi discípulo de um dos maiores educadores de todos os tempos que foi Pestalozzi. Então o Espiritismo segue uma tradição pedagógica. E o Espiritismo, ele próprio, é uma proposta pedagógica do Espírito. O Espiritismo não é uma proposta salvacionista, ele é uma proposta que pretende que o homem assuma a sua autoeducação como aperfeiçoamento espiritual. Francisco Cajazeiras – Então quer dizer que existe uma educação espírita e uma pedagogia espírita? Dora Incontri – Existe. Existe porque toda filosofia, toda concepção de homem, de mundo, toda cosmovisão desemboca, necessariamente, numa prática pedagógica...