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A DIMENSÃO POLÍTICA DE JESUS BEM JOSÉ

 

Por Jorge Luiz

            A política

O poderio econômico destruiu a política naquilo que a filosofia platônica define como o Estado perfeito, como exercício da virtude, da suprema virtude, síntese das demais virtudes O Estado, voltado muito mais para uma política como identificação da categoria de político, fragmenta-se em blocos corporativos em que as classes desfavorecidas, oprimidas, sofrem com a ausência do Estado e padecem na miséria, violência, falta de educação, segurança e saúde. Enquanto isso, uma minoria vive na opulência.

            A mídia hegemônica, integrante desse poderio econômico, fortalece esses propósitos, tornando a sociedade descrente da política. Nesse vácuo, a extrema-direita, que flerta com o fascismo têm se apresentado como antipolítica e demandado instabilidades no Brasil e no mundo aos valores democráticos.

            Os homens buscam a sociedade por instinto e devem todos concorrer para o progresso, ajudando-se mutuamente (KARDEC, 2000, questão 767). Essa necessidade espírita fez Aristóteles, filósofo grego, definir o homem como animal político. A partir dessa originalidade, das discussões, no seio da polis grega, surge a democracia, com fundamentos basilares para a consolidação do Reino na Terra. Importa entender nesse aspecto que não é o cristianismo religioso o caminho para a vida eterna que constrói a relação da democracia com a esperança do Reino, mas sim o cristianismo como fermento da vida social e política dos povos, e como portador da esperança temporal dos homens. Nem mesmo o cristianismo como tesouro da verdade divina, mantido e propagado pelas igrejas, mas sim o cristianismo como energia histórica em trabalho no mundo. (MARITAIN, 1949)

           Jesus bem José – Ser político

Considerar Jesus como político soa como heresia, principalmente diante de parcela considerável daqueles que se declaram cristãos – incluem-se espíritas – que se enquadram na definição de Paulo Freire como “analfabetos políticos”, que são aqueles que têm uma percepção ingênua dos seres humanos em suas relações com o mundo, uma percepção ingênua da realidade social que, para ele ou ela, é um fato dado, algo que é e não que está sendo. Uma de suas tendências é fugir da realidade concreta – uma forma de negá-la – perdendo-se em visões abstratas do mundo (FREIRE, 1981).

            Considerar Jesus como ser político exige que contextualizemos sua mensagem até o ano de 313, quando o Imperador Constantino concedeu liberdade de culto aos cristãos, até se tornar religião oficial do Estado, no ano de 391, através do Edito de Milão,  pelo Imperador Teodósio.

É preciso que se considere que o acesso ao Cristo da fé só se dá mediante o nosso seguimento do Jesus histórico. (MYERS, 2021, apud SOBRINO).  Esse desconhecimento permite que se classifique o cristão, sem essa condição, de “analfabeto cristão”.

A liga entre o “analfabetismo político” e o “analfabetismo cristão”, no Brasil, provoca um fato social explosivo com capacidade de implodir as democracias, de consequências imprevisíveis, principalmente para as gerações futuras de uma sociedade.

            O nome Jesus (Yeshua) era um nome comum nos tempos da Palestina, e utilizado por muitos jovens em Jerusalém. Para facilitar o reconhecimento, o nome do Pai era a ele acrescido, por isso Jesus era conhecido por Yeshua bar Yoseph, no aramaico, significado Jesus bem José. (Jesus filho de José).

            Outro aspecto muito comum que deve ser mencionado nessa época era o aparecimento de profetas, que muitas vezes eram reconhecidos pelo governador romano como “loucos”. Nesse cenário, surge Jesus bem Ananias, com profecias muito parecidas como a de Jesus, que profetizavam sobre a destruição do Templo. Ambos foram presos à época, porém, tiveram tratamentos bem distintos. O filho de Ananias foi açoitado e solto, pois para o governador, ele era um insano. Outra característica do Império era, muitas vezes, até ignorar os mestres religiosos e profetas oraculares, até mesmo os que participavam de protestos não violentos sofriam algum tipo punição. Já o filho de José teve um tratamento diferenciado levando-o à sua morte pela crucificação (HORSLEY, 2004).

            Jesus, anti-imperalista

Richard Horsley considera esses aspectos determinantes para os que insistem em despolitizar a figura no contexto do Império Romano. Para ele, Jesus se apresentava como um rebelde que ameaçava as bases do Império Romano. Jesus não era, como alguns espíritas defendem, um agênere, isto é, tenha tido um corpo fluidicamente tornado visível e tangível; uma espécie de apêndice espiritual no mundo. Não, Jesus era um homem no mundo, e isso é o que o torna muito especial.

            A mensagem de Jesus era e continua sendo anti-imperialista. Do ponto de vista dos romanos, a crucificação de Jesus humilhava e aterrorizava decisivamente os seus seguidores e outros galileus e judeus com esse método doloroso e vergonhoso de um rebelde ousado. Da perspectiva dos seus seguidores, esse modo de execução simbolizou o seu programa de oposição à ordem imperial, muito embora se saiba que o Império não teve a última palavra. (idem, acima).

            Importante se entender que Jesus nunca fundou religião (cristianismo) nem igreja (cristã), suas atitudes foram sempre o exemplo do que seria o Reino entre os do se tempo.

            O Reino de Deus não é um lugar. É um novo modo de pensar e atuar. Anunciar um outro reino dentro do reino de César era como falar em democracia dentro de uma ditadura. (BETTO, 2022).

            É importante que se compreenda o grande legado de Jesus aos seus principais seguidores, e Paulo se esforça para dar continuidade a tudo isso, é um movimento de expansão e de periódica retomada da oposição ao Império Romano. Além disso, as comunidades do movimento constituíam valores alternativos, relações sociais e, até certo ponto, uma sociedade alternativa. Para usar um lugar-comum antigo, elas “estavam no império, mas não eram do império”. O império havia de fato matado Jesus, mas a sua crucificação se tornou símbolo de oposição ao império e inspiração para muitos persistirem em seu desejo de criar e manter uma sociedade alternativa. (idem, acima).

            O reino e o império

O que se via de fato eram comunidades que experienciavam na vida prática os valores do recém-inaugurado Reino de Deus. O compartilhar o pão, as riquezas e o mesmo espaço foi se expandindo e passou a ser visto como força significativa na sociedade em geral. Diante da impossibilitar de sufocar esse movimento, o Império não teve outra alternativa senão usá-lo em seu favor, tornando-a a religião oficial do Estado.

Notícias, preservadas de forma bastante acidental, demonstram que até o ano 98, em cerca de 42 localidades, até 180, em cerca de 74, até 325, em mais de 550 localidades havia comunidades cristãs.(KAUTSKY, 2010).

            É digno de nota afirmar que isso se repete ao longo da história, os poderes políticos têm muito a ganhar com o rigoroso sequestro do evangelho pela esfera privada; ele foi promovido pelo nazi-fascismo e ainda o é pelos regimes militares na Coreia do Sul, na Guatemala, no Chile e em outros lugares (MYERS, 2021), mais especificamente no Brasil, através do movimento neopentecostal, que nada tem de cristianismo, entretanto, assim se afirme, pela extrema-direita/fascismo. Na realidade, esse movimento é fruto do sequestro dos evangelhos, pelos Estados Unidos, através da Teologia da Prosperidade para sufocar o resgate das comunidades do caminho, através da Teologia da Libertação, na América Latina. 

            Toda a teologia hermenêutica, como tantos outros aspectos do discurso teológico tradicional, foi desafiada pela teologia da libertação. (idem, acima). O que é triste de se constatar é que a Igreja Católica, como expressão ardente do que Louis Althusser estuda como aparelho ideológico do capitalismo, sufoca esses anseios. Na Idade Média, a Igreja (aparelho ideológico de Estado religioso) acumulava numerosas funções hoje distribuídas entre os diversos aparelhos ideológicos de Estado. (ALTHUSSER, 2022). Lembre-se que em 1984 o teólogo e escritor Leonardo Boff foi quase excomungado por defender as diretrizes da Teologia da Libertação, ocorrendo a sua excomunhão em 1992. É fácil compreender os motivos determinantes para que o comunismo cristão seja demonizado nos contextos sociais, na condição de um “comunismo ateu”, como se isso fosse possível.

           O novo discipulado

É necessário se resgatar o discipulado da Boa Nova, com esse viés revolucionário pacifista. Myers (2021), consciente dessa carência na dinâmica do cristianismo, apoiado no Evangelho de Marcos, fundou um movimento o qual ele chama de “discipulado radical”, em que ele introduz dois temas-chave que caracterizam reflexão teológica e orientariam uma prática anti-imperialista, que citam William Appleman Williams, essência do imperialismo norte-americano, que nos atinge pelos aparelhos ideológicos do Estado, residindo na dominação metropolitana da economia mais fraca e de sua superestrutura política e social para assegurar a extração de retribuições econômicas. É a amplificação da miséria no mundo tendo a necropolítica como pano de fundo.

            O primeiro tema que Myers (2021) define para o exercício desse discipulado é o arrependimento, que implica não só conversão do coração, mas o processo concreto de afastamento do império, de suas distrações e seduções. O segundo é a resistência, que supõe libertar-se da poderosa sedação de uma sociedade que recompensa a ignorância e vulgariza tudo o que é político, a fim de discernirmos e assumirmos posições concretas no atual momento histórico, e de encontrarmos caminhos plenos do sentido para “impedir o progresso imperial”. Ambos os temas requerem o compromisso com a não violência, como forma pessoal e interpessoal de vida e como militância e prática política revolucionária. (grifos meus).

           O desafio de ser cristão

O leitor atento concluirá que dificilmente o cristão se emancipará diante do desafio das duas dimensões propostas por Myers para o exercício do “discipulado radical”.  Os valores nelas intrínsecos, a serem superados, são nódoas indeléveis na subjetividade dos sujeitos, que os têm como se esses estágios fossem da vida natural, sem se darem conta que eles são determinantes para o caos que a humanidade enfrenta. Nem mesmo os espíritas brasileiros, bafejados pela fé raciocinada, são capazes de movimentos nessas direções. Considere-se nesse contexto, entretanto, o movimento dos chamados “espíritas progressistas”, que ao romper com a estrutura do movimento espírita institucionalizado, cujo simbolismo está na Federativa Nacional e dos  Estados, vêm propondo iniciativas que sinalizam esse “discipulado”, resgatando autores como Humberto Mariotti, Eusígnio Lavigne, Cosme Mariño, Manuel Porteiro, através da editora Comenius, da confreira Dora Incontri, e outras edições independentes, como do confreire Alexandre Júnior. Esse movimento ainda necessita de coesão, reconhecendo-se como louváveis as iniciativas.

            Quando Jesus afirma que dá a César o que é de César, ele deixa muito claro onde e os limites que a comunidade alternativa por ele fundada deveria atuar. O que se vê hoje é o imperialismo americano fundamentalmente religioso, cooptando as igrejas para realizar os seus propósitos de dominação e opressão, e isto se expande para o Brasil, a partir da elite dominante, submissivamente americanizada.

            Importante compreender que o “nascimento” de Jesus Cristo, com feição salvífica, “sepulta” Jesus bem José, de perfil libertador, político, revolucionário.

 

           

Referências:

ALTHUSSER, Louis. Aparelhos ideológicos de estado. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2022;

BETTO, Frei. Jesus militante – o evangelho e projeto político do reino de Deus. Petrópolis: Vozes, 2022;

FREIRE, Paulo. Ação cultural para a liberdade e outros escritos. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981.

HORSLEY, Richard A. Jesus e o império. São Paulo: Paulus, 2004.

KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. São Paulo: LAKE, 2000.

KAUTSKY, Karl. Origem do cristianismo.  Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010;

MARITAIN, Jacques. Cristianismo e democracia. Rio de Janeiro: Agir, 1949.

MYERS, Ched. O evangelho de São Marcos. São Paulo: Paulus, 2021.

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