Por Américo Domingos N.Filho
Pesquisando na Internet, observamos, com os dados da OMS (Organização Mundial da Saúde, que o Brasil está em oitavo lugar no mundo, em comparação com os outros países em maior número de suicídios. Em ordem de incidências foram apontados a Índia, China, Estados Unidos, Rússia, Japão, Coreia do Sul e Paquistão.
Os dados divulgados, em setembro de 2019, revelam que, a cada 40 segundos, uma pessoa se autoextermina no mundo. Além de ser a segunda causa de morte mais comum entre jovens de 15 a 29 anos, 79% dos casos de autodestruição se concentram em países de baixa e média renda. Os dados foram divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 09/09/2019, na véspera do Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, sempre comemorado em 10 de setembro.
Com a pandemia de Covid-19, de início, a quarentena horizontal foi indicada pela necessidade de aparelhar os hospitais. Conforme está sendo ampliada, com o confinamento em casa e a vivência do terror, do pânico e da depressão, a possibilidade do aumento acentuado de autodestruição pode ocorrer.
O Espiritismo ensina que “o homem não tem direito de dispor da sua vida, pois que só a Deus assiste esse direito. O suicídio voluntário importa numa transgressão desta lei” (1). Como ressalta igualmente que “as tribulações da vida são provas ou expiações. Felizes os que as suportam sem se queixar, porque serão recompensados...” (2).
A morte torna livre o espírito confinado à matéria; porém, o autocida permanece, na Dimensão Espiritual, ligado quase sempre ao corpo inerme, não desfrutando da bendita e reconfortante libertação, no veículo da imortalidade. Os dolorosos dramas que levam ao gesto tresloucado permanecem no além-túmulo e se agravam com as repercussões psíquicas decorrentes do ato desgraçado.
Na vivência extrafísica, os sofrimentos morais se tornam vibrantes e cruéis, o remorso se apresenta pungente, com a impressão de que nunca se acabará. O padecimento é intenso. O “pranto e ranger de dentes”, a “fornalha acesa” e o “inferno de fogo” são figuras simbólicas, emblemáticas, representando o sofrimento que parece não ter fim, quando a consciência, “onde estão inseridas as Leis de Deus” (3), oprime o ser. Verdadeiramente, angustiantes e aflitivas impressões remordem o Espírito.
Contudo, ninguém é condenado ao “sofrimento eterno”, porquanto “as misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim.” (4) A presença de Jesus, vitorioso diante da morte, atestando a imortalidade do Espírito, pregando aos seres extrafísicos em sofrimento no Além, em plena prisão, comprova que a morte não existe e o padecimento não é irremediável (5).
Enfim, a prisão é transitória, a pena não é perpétua e, sem a hesitação, a certeza da liberdade, sendo-lhe oferecida nova oportunidade encarnatória, para uma vivência expiatória, precisamente o resgate dos erros clamorosos cometidos no passado. A oportunidade de expurgar os miasmas negativos armazenados na vestimenta espiritual ou períspirito para o corpo físico é concedida ao infrator, sendo-lhe disponibilizado, portanto, o ensejo de sair do encarceramento; porém, pagando na carne até o último centavo (6).
Certa feita, o querido e saudoso Chico Xavier, foi abordado por uma senhora que lhe disse ter uma filha portadora de mongolismo e a mesma ser assediada por seres espirituais. Então, o medianeiro confidenciou ao amigo que se encontrava ao lado, após a mulher ter ido embora: - “Os espíritos estão me dizendo que essa menina, em vida anterior recente, se suicidou, atirando-se de um lugar muito alto” (7). Outra mãe reclamava do filho, também de 5 anos: - “Ele é perturbado. Fala muito pouco e não memoriza mais que 5 minutos qualquer coisa que nós ensinamos. Quando os dois estavam a caminho da sala de passes, Chico confidenciava: - Na última encarnação, esse menino deu um tiro fatal na própria cabeça (8).
Como é gratificante a constatação da Misericórdia Divina sempre presente, atestando que o Pai é verdadeiramente Amor (9).
Bibliografia:
Kardec, Allan, O Livro dos Espíritos, questão 944.
Idem, questão 946.
Idem, questão 621.
Antigo Testamento, Lamentações de Jeremias, capítulo III: 31.
Novo Testamento, Primeira Epístola de Pedro, capítulo III: 19.
O Evangelho segundo Mateus, capítulo V: 25-26.
Cândido Xavier, Francisco. As Vidas de Chico Xavier.
Idem.
Novo Testamento, Primeira Epístola de João, capítulo IV: 8.
* publicado originalmente no site Correio Espírita, 23.04. 2023
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