Pular para o conteúdo principal

ELEMENTOS DE TEOLOGIA PRÁTICA DAS NAÇÕES

 

 


 Por Jorge Luiz

Quando se ouve a palavra teologia, o enredo que vem à cabeça é que seja um tema fechado, dogmático e de cunho essencialmente religioso. É compreensível essa reação, já que a teologia se tornou conhecida nas civilizações pela teologia católica. Entretanto, há uma discussão histórica de grupos que a entendem como ciência. Veja-se o significado da teologia conforme o Dicionário Larouse: 1. Ciência da religião; estudo sobre Deus, sua natureza e seus atributos e de suas relações com o homem e o universo. (...)”. Os confrades Lamartine Palhano Júnior e Francisco Cajazeiras escreveram obras sobre a existência da teologia espírita.

A teologia, em seu primeiro momento, surge com Ireneu (130-202), bispo, teólogo e escritor, nascido na província romana da Ásia Menor, atualmente, Turquia. Surge, exatamente, a partir da sua obra Contra Heresias, com o propósito de combater as inumeráveis seitas cristãs que se multiplicaram após a desencarnação do Nazareno e que passaram a ser conhecidas como gnosticismo. Marcel Simon (1907-1986), especialista francês na história das religiões, particularmente nas relações entre cristianismo e judaísmo na Antiguidade e André Benoit (1919-1999), nascido em Montpellier, na França, e professor da Faculdade de Teologia Protestante de Estrasburgo, em seus estudos sobre judaísmo e cristianismo antigo reforçam essa tese e nos apresentam ramos da teologia, quando afirmam:

“A expansão do cristianismo na bacia do Mediterrâneo fez-se, naturalmente, com o emprego do grego para exprimir sua doutrina. Ireneu, apesar de viver na Gália, era portador da tradição oriental e escreveu em grego. Não obstante, à medida que o cristianismo se difundia e se instalava na parte ocidental do império, levava à formação de uma teologia ocidental, cada vez mais distinta da oriental; a primeira, de caráter mais jurídico, institucional e realista; a segunda, mais especulativa e mística.”         

Os grifos acima têm o propósito de mostrar que a teologia de Ireneu é concebida antes mesmo do mundo se tornar “cristão”.

Orígenes (185-254), considerado outro “pai da Igreja”, ao refutar as ideias do ateu Celso, que já apresentava a teologia como uma área do conhecimento, pois Celso colocava os conhecimentos dos sábios e filósofos como base de aprendizado de muitas verdades divinas. Diz Orígenes a respeito de Celso:

Em seguida, ele nos remete a Platão, como o mestre mais eficaz em matéria de teologia, e cita a afirmação do Timeu (obra de Platão): Descobrir o autor e pai deste Universo é muito árduo, uma vez descoberto, anunciá-lo a todos é impossível. Depois ele acrescenta: Vede, pois, como os intérpretes de Deus e os filósofos procuram o caminho da verdade, e como Platão, sabia que era impossível a todos caminhar por ele.”

Nesses tempos que estão muito em voga, têm-se a Teologia da Prosperidade e Teologia do Domínio, que colocam a política partidária – de extrema direita - e o militarismo, como hospedeiras para seitas religiosas, com sérios riscos para a democracia nas nações.

Esses arrazoados, embora pareçam longos, são esforço de fazer-se compreender que a teologia não é exclusividade do campo do conhecimento religioso. As teologias da prosperidade e domínio não propõem a existência de Deus como condicionantes éticos e morais para a transformação do homem e do mundo. É através das vivências de conceitos éticos e morais, direcionados ao conhecimento de Si mesmo (questão nº 919, de O Livro dos Espíritos), que compreenderemos o nosso relacionamento com Deus, afirma Amit Goswami, físico, pesquisador, professor universitário e escritor indiano-americano. O próprio Goswami afirma ainda que o Universo é autoconsciente, sendo a Consciência (Deus), o criador de tudo, o que converge para a questão nº 1 de O Livro dos Espíritos, que O considera como inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas.

A existência de Deus não é só objeto da teologia religiosa. A teologia é ciência. A ciência acadêmica nos dias atuais já proporcionou provas sugestivas da existência de Deus como atributo expresso nos sentimentos de espiritualidade – ou transcendência – do Ser. Dean Hamer, geneticista estadunidense, diz que há um gene de Deus. Ele afirma: “A espiritualidade é uma das heranças genéticas humanas fundamentais. Ela é, na verdade, um instinto.” Importante frisar que a ciência já estuda as correlações dos fenômenos neurais com as experiências subjetivas da espiritualidade, denominada neuroteologia.

A crise humanitária que a civilização humana atravessa – guerras, genocídios, refugiados, fascismo etc -, levam a muitos à afirmação que é a ausência de Deus. Talvez faça sentido essa observação. Nas sociedades contemporâneas, não cabe o Deus que foi imposto ao homem por medo, proibições, preferências nacionais. Não há mais espaço para o Deus antropomorfizado e medievalesco.

 Os pesquisadores Adjiedj Bakas e Minne Buwalda, que estudaram as megatendências para o século 21, no campo da ética, da religião e da espiritualidade, consideram que há no mundo uma tendência de deslocamento do foco da doutrina religiosa (igrejas) para a experiência religiosa (espiritualidade), isso está fazendo que o ser humano construa o seu mix de crenças que eles  definem como individualização da religião construindo um cenário religioso multiforme. Ora, essa foi a ideia de Allan Kardec, quando da sistematização do Espiritismo. Leiam:

“Seu verdadeiro caráter é, pois, o de uma ciência e não o de uma religião, e a prova disso é que conta, entre seus aderentes, homens de todas as crenças, e que nem por isso renunciaram às suas convicções: católicos fervorosos, que praticam todos os deveres de seu culto, protestantes de todas as seitas, israelitas, muçulmanos e até budistas e bramanistas. Há de tudo, exceto materialistas e ateus, porque essas ideias são incompatíveis com as observações espíritas.”

            Há, mediante esse medíocre substantivo escriba, a necessidade de uma Teologia Prática das Nações. Ela deverá partir da existência de Deus, que já não é mais domínio de teologias religiosas. O futuro de Deus depende dessa iniciativa, e não pode vir dissociado da existência do Espírito.

            As crises do mundo têm suas gêneses nas contradições religiosas e do capitalismo. Ken Wilber, criador da psicologia integral, considera que a questão política mais premente, tanto nos Estados Unidos quanto no mundo, é um modo de integrar a tradição do liberalismo com uma espiritualidade genuína. Para substanciar as considerações desse escrevinhador, Wilber escreve:

“(...) será que podemos encontrar um liberalismo espiritual? Um humanismo espiritual? Uma orientação que coloque os direitos do indivíduo em contextos espirituais mais profundos, que não negue esses direitos, mas lhes dê fundamento? Será que a nova concepção de Deus, do Espírito pode encontrar uma ressonância nas metas mais nobres do liberalismo? Será que esses dois inimigos – Deus e liberalismo – podem achar, de algum modo, uma base comum?”

São desafiadoras as indagações de Wilber, principalmente quando se considera que, as pesquisas de Atitudes Globais do Pew Center – citadas por Bakas e Buwalda – mostram uma clara ligação entre a riqueza e a religiosidade nos países em geral – quando a riqueza aumenta, o nível de religiosidade diminui.” Ambos acreditam que o Humanismo será um pilar para a nova ordem mundial, e que poderá ser identificado em cada religião e cultura do mundo todo.

Desafios a se superar.

Milhares de templos religiosos estão sendo fechados em todas as Nações. Não considero possível se construir uma teologia prática para as nações que tenham as religiões (igrejas) nesse novo paradigma. Prefiro sustentar-me na tese, ora arguida no Evangelho de Mateus 25, com destaque para os versículos 34 a 40:

"Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: 'Venham, benditos de meu Pai! Recebam como herança o Reino que foi preparado para vocês desde a criação do mundo.  Pois eu tive fome, e vocês me deram de comer; tive sede, e vocês me deram de beber; fui estrangeiro, e vocês me acolheram; necessitei de roupas, e vocês me vestiram; estive enfermo, e vocês cuidaram de mim; estive preso, e vocês me visitaram. "Então os justos lhe responderão: 'Senhor, quando te vimos com fome e te demos de comer, ou com sede e te demos de beber? Quando te vimos como estrangeiro e te acolhemos, ou necessitado de roupas e te vestimos? Quando te vimos enfermo ou preso e fomos te visitar?' "O Rei responderá: 'Digo a verdade: O que vocês fizeram a algum dos meus menores irmãos, a mim o fizeram'.”

É bem verdade que a Teologia da Libertação, que traz elementos do cristianismo e marxismo, buscou ser supradenominacional, suprapartidária e inclusivista de teologia política, com forte apelo aos mais pobres. A realidade é que ela emerge no seio da Igreja católica, embora nunca tenha sido censurada pelo Vaticano, sofreu sérios questionamentos internos, durante o pontificado de João Paulo II. O Papa Francisco vem adotando uma posição reconciliadora, muito embora tenha refutado ligações com a teologia da libertação.

Uma teologia universal, fundamentada nesses valores, que são áureos, derrubaria todas as fronteiras de toda a ordem existentes sejam elas nacionais, religiosas, culturais, raciais, fortaleceria a globalização em valores espirituais, remodelando o mundo naquilo que Dominique Moisi, cientista político e escritor francês, designa como geopolítica das emoções, que tem sua origem no relacionamento entre indivíduos e nações.

Silencie, fervorosamente, e imagine a humanidade convivendo e ordenada por esses elementos teleológicos!

 

Referências:

BAKAS, Adjiedj, BUWALDA, Minne. O futuro de Deus. São Paulo. A Girafa; 2011;

GOWSAMI. Amit. O Universo autoconsciente. Rio de Janeiro. Rosa dos Ventos. 1993;

HAMER. O Gene de Deus. São Paulo. Mercuryo. 2005;

KARDEC, Allan. Revista Espírita. Rio de Janeiro. FEB, 2007;

_____________ O Livro dos espíritos. São Paulo. LAKE,2000;

MOISI, Dominique. A geopolítica das emoções. São Paulo. Elsevier, 2009;

ORÍGENES. Contra Celso. São Paulo. Paulus, 2004;

SIMON, Marcel, BENOIT, André. Judaísmo e cristianismo antigo. São Paulo. Pioneira, 1968;

WILBER, Ken. O olho do espírito. São Paulo. Cultrix, 1997;

 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

PESTALOZZI E KARDEC - QUEM É MESTRE DE QUEM?¹

Por Dora Incontri (*) A relação de Pestalozzi com seu discípulo Rivail não está documentada, provavelmente por mais uma das conspirações do silêncio que pesquisadores e historiadores impõem aos praticantes da heresia espírita ou espiritualista. Digo isto, porque há 13 volumes de cartas de Pestalozzi a amigos, familiares, discípulos, reis, aristocratas, intelectuais da Europa inteira. Há um 14º volume, recentemente publicado, que são cartas de amigos a Pestalozzi. Em nenhum deles há uma única carta de Pestalozzi a Rivail ou vice-versa. Pestalozzi sonhava implantar seu método na França, a ponto de ter tido uma entrevista com o próprio Napoleão Bonaparte, que aliás se mostrou insensível aos seus planos. Escreveu em 1826 um pequeno folheto sobre suas ideias em francês. Seria quase impossível que não trocasse sequer um bilhete com Rivail, que se assinava seu discípulo e se esforçava por divulgar seu método em Paris. Pestalozzi, com seu caráter emotivo e amoroso, não era de ...

OS FILHOS DE BEZERRA DE MENEZES

                              As biografias escritas sobre Bezerra de Menezes apresentam lacunas em relação a sua vida familiar. Em quase duas décadas de pesquisas, rastreando as pegadas luminosas desse que é, indubitavelmente, a maior expressão do Espiritismo no Brasil do século XIX, obtivemos alguns documentos que nos permitem esclarecer um pouco mais esse enigma. Mais recentemente, com a ajuda do amigo Chrysógno Bezerra de Menezes, parente do Médico dos Pobres residente no Rio de Janeiro, do pesquisador Jorge Damas Martins e, particularmente, da querida amiga Lúcia Bezerra, sobrinha-bisneta de Bezerra, residente em Fortaleza, conseguimos montar a maior parte desse intricado quebra-cabeças, cujas informações compartilhamos neste mês em que relembramos os 180 anos de seu nascimento.             Bezerra casou-se...

SOBRE A INSISTÊNCIA EM QUERER CONTROLAR AS MULHERES

  Gravura da série O Conto da Aia, disponível na Netflix Por Maurício Zanolini Mulheres precisam se casar com homens intelectualmente e financeiramente superiores a elas ou o casamento não vai durar. Para o homem, a esposa substitui a mãe nos cuidados que ele precisa receber (e isso inclui cozinhar, lavar, passar e limpar a casa). Ao homem, cabe o papel de prover para que nada falte no lar. O marido é portanto a cabeça do casal, enquanto a mulher é o corpo. Como corpo, a mulher deve ser virtuosa e doce, bela e recatada, sem nunca ansiar por independência. E para que o lar tenha uma atmosfera agradável, é importante que a mulher sempre cuide de sua aparência e sorria.

ANÁLISE DA FIGUEIRA ESTÉRIL E O ESTUDO DA RELIGIÃO

                 Por Jorge Luiz            O Estudo da Religião e a Contribuição de Rudolf Otto O interesse pela história das religiões   remonta a um passado muito distante e a ciência das religiões, como disciplina autônoma, só teve início no século XIX. Dentre os trabalhos mais robustos sobre a temática, notabiliza-se o de Émile Durkheim, As Formas Elementares da Via Religiosa.             Outro trabalhos que causou repercussão mundial foi o de Rudolf Otto, eminente teólogo luterano alemão, filósofo e erudito em religiões comparadas. Otto optou por ser original e abdicou de estudar as ideias sobre Deus e religião e aplicou suas análises das modalidades da experiência religiosa. Ao fazer isso, Otto conseguiu esclarecer o conteúdo e o caráter específico dessa experiência e negligenciou o lado racional e especulativo da religião, sempre...

PUREZA ENGESSADA

  Por Marcelo Teixeira Era o ano de 2010, a Cia. de teatro da qual Luís Estêvão faz parte iria apresentar, na capital de seu Estado, uma peça teatral que estava sendo muito elogiada. Várias cidades de dois Estados já haviam assistido e aplaudido a comovente história de perdão e redenção à luz dos ensinamentos espíritas. A peça estreara dez anos antes. Desde então, teatros lotados. Gente espírita e não espírita aplaudindo e se emocionando. E com a aprovação de gente conhecida no movimento espírita! Pessoas com anos de estrada que, inclusive, deram depoimento elogiando o trabalho da Cia. teatral.

UM POUCO DE CHICO XAVIER POR SUELY CALDAS SCHUBERT - PARTE II

  6. Sobre o livro Testemunhos de Chico Xavier, quando e como a senhora contou para ele do que estava escrevendo sobre as cartas?   Quando em 1980, eu lancei o meu livro Obsessão/Desobsessão, pela FEB, o presidente era Francisco Thiesen, e nós ficamos muito amigos. Como a FEB aprovou o meu primeiro livro, Thiesen teve a ideia de me convidar para escrever os comentários da correspondência do Chico. O Thiesen me convidou para ir à FEB para me apresentar uma proposta. Era uma pequena reunião, na qual estavam presentes, além dele, o Juvanir de Souza e o Zeus Wantuil. Fiquei ciente que me convidavam para escrever um livro com os comentários da correspondência entre Chico Xavier e o então presidente da FEB, Wantuil de Freitas 5, desencarnado há bem tempo, pai do Zeus Wantuil, que ali estava presente. Zeus, cuidadosamente, catalogou aquelas cartas e conseguiu fazer delas um conjunto bem completo no formato de uma apostila, que, então, me entregaram.

TRÍPLICE ASPECTO: "O TRIÂNGULO DE EMMANUEL"

                Um dos primeiros conceitos que o profitente à fé espírita aprende é o tríplice aspecto do Espiritismo – ciência, filosofia e religião.             Esse conceito não se irá encontrar em nenhuma obra da codificação espírita. O conceito, na realidade, foi ditado pelo Espírito Emannuel, psicografia de Francisco C. Xavier e está na obra Fonte de Paz, em uma mensagem intitulada Sublime Triângulo, que assim se inicia:

O ESTUDO DA GLÂNDULA PINEAL NA OBRA MEDIÙNICA DE ANDRÉ LUIZ¹

Alvo de especulações filosóficas e considerada um “órgão sem função” pela Medicina até a década de 1960, a glândula pineal está presente – e com grande riqueza de detalhes – em seis dos treze livros da coleção A Vida no Mundo Espiritual(1), ditada pelo Espírito André Luiz e psicografada por Francisco Cândido Xavier. Dentre os livros, destaque para a obra Missionários da Luz, lançado em 1945, e que traz 16 páginas com informações sobre a glândula pineal que possibilitam correlações com o conhecimento científico, inclusive antecipando algumas descobertas do meio acadêmico. Tal conteúdo mereceu atenção dos pesquisadores Giancarlo Lucchetti, Jorge Cecílio Daher Júnior, Décio Iandoli Júnior, Juliane P. B. Gonçalves e Alessandra L. G. Lucchetti, autores do artigo científico Historical and cultural aspects of the pineal gland: comparison between the theories provided by Spiritism in the 1940s and the current scientific evidence (tradução: “Aspectos históricos e culturais da glândula ...

ALLAN KARDEC E A DOUTRINA ESPÍRITA

  Por Doris Gandres Deolindo Amorim, ilustre espírita, profundo estudioso e divulgador da Codificação Espírita, fundador do Instituto de Cultura Espírita do Brasil, em dado momento, em seu livro Allan Kardec (1), pergunta qual o objetivo do estudo de uma biografia do codificador, ao que responde: “Naturalmente um objetivo didático: tirar a lição de que necessitamos aprender com ele, através de sua vida e de sua obra, aplicando essa lição às diversas circunstâncias da vida”.

O DÓLMEN DE KARDEC

31 de março de 1869  A llan Kardec ultimava as providências de mudança de endereço. A partir de 01 de abril de 1869, o escritório de expedição e assinatura da Revista Espírita seria transferido para a sede da Livraria Espírita, à rua de Lille, nº 7 , onde também, provisoriamente, funcionaria a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas. Na mesma data, os escritórios da redação e o domicílio pessoal de Allan Kardec seriam transferidos para a Avenue et Vila Ségur, nº 39, onde Kardec tinha casa de sua propriedade desde 1860. Entremeando onze e doze horas, quando atendia um caixeiro de livraria, caiu pesadamente ao solo, fulminado pela ruptura de um aneurisma. Aos 65 anos incompletos, desencarnava em Paris, Allan Kardec.             Sr. Muller, amigo de Kardec, um dos primeiros a chegar à sua residência, assim descreve em trecho de telegrama enviado: “Tudo isto era triste, e, entretanto, um sentimento d...