Por Roberto Caldas
A característica que mais aproxima e ao mesmo tempo mais afasta as pessoas da Doutrina Espírita é a sua condição de desmistificar ou mesmo desmitificar situações que durante muitos anos, milênios até se constituíram em tabus extremamente poderosos no ideário dos grupamentos humanos. Os receios alimentados nas relações entre o homem e o imponderável geraram a certeza de haver um mistério impenetrável que colocavam em risco a vida ou a sanidade de quem quer que intentasse transpô-lo.
Historicamente o domínio do vácuo existente entre os mortais e os elementos da imortalidade se tornou uma das maiores formas de manipulação humana. Aqueles que se diziam intermediar desses dois hiatos de realidade faziam questão absoluta de fecharem as portas ao questionamento. Tornavam dessa forma, o mundo invisível um espaço de veiculação para poucos iniciados, os quais trariam teoricamente as informações para os demais, impossibilitados que estariam de acesso à análise original. Tal processo oportunizou a enxertia de alguns gêneros de crimes, cometidos contra a liberdade do pensamento religioso e fez da Religião uma geradora de exércitos de pessoas movidas pelo medo.
O princípio básico dos que desejam o poderio sobre grandes grupamentos humanos é a disseminação da ignorância acerca dos pontos que envolvam a tentativa de dominação. E foi assim que a ideia de Deus e das Suas Leis foram anunciadas dentro de uma visão de temores e punições, especialmente em relação aqueles que resolvessem contestá-las ou pesquisá-las. Sabemos o que esteve por trás das ditas guerras santas e que tinham como pano de fundo a falsa premissa de impor aos infiéis a visão da espiritualidade. Temos ainda como resíduo desse tempo o dogma da infalibilidade dos chamados livros sagrados, entre eles a Bíblia.
Ao descortinar a perspectiva invisível que cerca o mundo dos encarnados, a Doutrina Espírita chama para si a curiosidade proativa de muitos que se aproximam. Ao mesmo tempo impacta o medo de outros que temem ferir ao pensamento construído em torno das falsas premissas de mistério ainda alimentadas pelas religiões salvacionistas. No capítulo II de O Livro dos Médiuns (Do maravilhoso e do sobrenatural), Allan Kardec simplifica o caminho para a compreensão daqueles que desejem libertar-se dos receios que cercam o pensamento religioso. Não há pecado, não há mistério, não há milagres.
Segundo o Espiritismo, o que há é uma estrada que se revela, de forma paulatina, diante dos olhos dos homens aprofundando-se em busca de uma compreensão de sua própria natureza existencial. O Universo se constitui na moradia formada por incontáveis mundos que galopam estrelas grandiosas. A eternidade é o tempo que contamos para empreender a ambiciosa tarefa de conhecermos a enciclopédia da Natureza. A imortalidade a pista de corrida que nos confere a possibilidade de vencer a fraqueza do corpo enquanto nos reposicionamos frente às realidades novas da experiência. A Reencarnação o chamado da Justiça para a educação contínua do Espírito. Deus o Grande Maestro que se expande junto com as explosões das estrelas, o pulsar de cada segundo, o nascer de cada realidade nova.
Roberto, gostei do texto e particularmente achei as analogias do último paragrafo muito interessantes. Gratidão. Doris Gandres.
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