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SALADA NAZIFACISTA BIBLISTA NO BRASIL

 


Por Ana Cláudia Laurindo
 

Os períodos históricos que facultaram legitimidade às violências impostas por diásporas, ditaduras e outras denominações nocivas, utilizaram a permissão das massas sobre seus feitos calamitosos utilizando recursos morais coletivos e pânicos individuais, na construção de uma suposta homogeneidade ideológica a partir de anseios heterogêneos.

Como assim? Isso é possível?

Tanto é possível, como o Brasil contemporâneo é a prova disso.

O projeto da extrema direita no mundo utiliza pulverização de transtornos relacionais a partir de temas sensíveis, garantindo assim a reunião de diferentes em uma suposta massa amorfa de coagidos.

Essa diversidade de perfis e motivações, torna difícil a análise daqueles aderentes ao que causa indignação a tantos outros, não afetados pelos disparos e gatilhos das manipulações midiáticas e comunicacionais; tantas vezes no seio da mesma família, que antes parecia tão “normal”.

Preconceitos de todo tipo são excelentes indicadores de propensão ao apoio dos projetos separatistas, que supostamente privilegiam grupos, segmentos, estamentos e castas. Conheci uma pessoa que justificou a adesão de um parente (supostamente gente boa) ao bolsonarismo pelo fato de ser “médico” e não poder contrariar os amigos de profissão, que provavelmente não o convidariam mais para socializar.

Neste único exemplo, o indivíduo sequer pensa na margem dos perseguidos, penalizados, afetados por políticas desumanas. Seu interesse mor seguiu sendo a vida social de privilégios com seus amigos médicos bolsonaristas.

Mas, lá na ponta, uma senhora humilde que jamais pensaria em matar alguém aderiu ao bolsonarismo porque a esquerda iria fechar as igrejas, e seu único meio de socialização salvadora estaria em risco. Mesmo isso não acontecendo na prática, o gatilho acionado a mantém defensora das ideias de direita.

No meio disso, pessoas inclinadas ao gozo da morte aproveitaram o hiato político para tremularem bandeiras proibidas, elencando insígnias de raça e classe social vitoriosa, naturalizando apologias ao nazismo.

Conheci uma religiosa homofóbica que afinava com as ideias de um parente meu sobre a necessidade de combater a esquerda para que seus filhos e familiares não se tornem gays, eles moram a quilômetros de distância e não se conhecem.

Quando assisti ao filme O Leitor, de Stephen Daldry, que aborda o fascínio de um jovem estudante por uma mulher mais velha e o encantamento desta pela capacidade de leitura e escrita do garoto (já que era analfabeta), que os torna amantes incríveis, até que ela desaparece de sua vida misteriosamente. Vi no analfabetismo o incômodo existencial que a levou aos inúmeros desatinos cometidos.

No filme, o reencontro se deu quando o advogado atuava em um julgamento de criminosos nazistas e Hanna estava entre os réus. O perfil inicial da personagem nada tinha de ligação com o nazismo. Sua fraqueza de estima a ligou a ele.

Voltando ao caso brasileiro, insistimos na necessidade de desligamento da velha política, àquela com a qual estamos todos acostumados, para a elaboração de uma política de inteligência analítica, mapeamento histórico e psicossocial dos comportamentos, para podermos compreender como se combate o avanço do projeto maléfico, antidemocrático e ditatorial que costura suas intencionalidades dentro das famílias e instituições brasileiras.

As capas dos lobos reproduzem o cordeiro, mas são sepulcros caiados e remontam ao sonho teocrático do terror.

Não se iludam com as lacrações.

Não menosprezem os congressos extremistas.

Trabalhem politicamente pela paz sobre as asas da liberdade.

Comentários

  1. Muito boa reflexão, seus exemplos, infelizmente, casam com o que vem ocorrendo, em grande parte de nossas famílias.

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