segunda-feira, 10 de outubro de 2022

QUANDO FOR ORAR CONVÉM REFLETIR

 

            


Por Roberto Caldas

Oração é uma espécie de diálogo. Supõe interlocução. De quem com o quê? Talvez seja essa uma questão importante para entender o que sucede nesse momento que pode ser considerado de maior refino e fluidez de alguém em contato com o transcendental. Afinal, porque é disso que se trata. A oração é uma tentativa de encontro com o transcendental.

            Jesus considerou a grandiosidade desse momento de conversação da pessoa com Deus. Sugeriu atitudes para gerar conexão adequada evitando que as palavras se tornassem vazias, como se aprecia em Mateus (5; 23 e 24): “Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, Deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão e, depois, vem e apresenta a tua oferta”.

            O interlocutor, Aquele que é destinatário dos pensamentos que se aglomeram em oração tem a condição de adentrar a intimidade dos sentimentos daquele que evoca o contato. Não há como enganá-lo. Se a boca emite um discurso alheio ao que se passa no coração, nada feito. Sem conexão. Mesmo que consiga enganar às multidões em mistificações que arraste aos menos cuidadosos.

            O momento da prece certamente prescinde de fórmulas, mas pode aceitá-las se a mente que as utiliza acreditar fortemente que necessita das mesmas para expor o que há de mais profundo em sua alma. Prescinde, no entanto da dramatização e do estardalhaço, posto que a divindade certamente não é passiva de ser impressionada.

            O Livro dos Espíritos (q. 659) põe esse entendimento da seguinte maneira: “Qual o caráter geral da prece? - A prece é um ato de adoração. Fazer preces a Deus é pensar nele, aproximar-se dele, pôr-se em comunicação com ele. Pela prece podemos fazer três coisas: louvar, pedir e agradecer”.  Na questão que lhe antecede (658) sobre o que é agradável à Deus numa oração, a resposta indica que “A prece é sempre agradável a Deus quando ditada pelo coração, porque a intenção é tudo para ele.”

            É possível transferir os templos externos para a intimidade do pensamento que se entrega a Deus, única garantia de estarmos plenos de Sua presença em quaisquer ambientes ou situações, incluídos os templos erigidos para orar. Sem essa compreensão todas as paredes que nos cercam não passam de paredes, sem reverberação do pensamento evocador que se transforma em meras palavras vãs.

            O hálito divino se encontra espalhado universalmente. Desnecessárias vestimentas, luzes, sons, odores especiais para entrar em contato com a Sua vibração. Não há segredos àqueles que alcançam alimentar-se desse respiro que se expande em todas as direções. A simplicidade e a aceitação são as brechas que o pensamento humano conquista para conseguir desnudar a alma no seu intento de adoração ao Poder do Universo.

            Quando formos orar convém refletir que Deus Nos sabe antes mesmo que anunciemos as nossas pretensões de adoração. Impossível enganá-Lo com palavras que não expressem a nua realidade da alma.

 

             


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