segunda-feira, 19 de julho de 2021

SEM MUDANÇAS, NÃO HÁ FUTURO

 


            É comum que se faça confusão sobre o conceito de futuro debitando o seu significado de forma restrita tão somente à passagem do tempo. Sob esse ponto de vista o futuro parece revelar-se como sinônimo de amanhã, se considerada essa forma simplificada de aferição.

            Futuro se propõe como uma forma de progresso, permuta de etapa, processo gerador de aprendizado. Mudança. Sim, não há futuro sem mudança. A disposição estática é um atoleiro numa dobra viciosa do tempo, com absoluta permanência no ontem da história.

            Curiosamente nada há de garantia a respeito do futuro, porque o novo, por não ter sido ainda experimentado é envolvido num desafiante mistério que por si se demonstra um filtro que seleciona, pelas aptidões, aqueles que vão seguir o curso sem a completa visão do caminho que os aguarda com paisagens desconhecidas. Crenças, decisões e necessidades são pilares dessa aposta, mas principalmente a capacidade de observar através de prismas diferentes daqueles antigos. O prisma conhecido levará à repetição, não exatamente à mudança obrigatória que liberta a criatividade.

            No pensamento do escritor do livro “Choque do Futuro”(1970), Alvim Toffler (EUA – 1928-2016) “mudança é o processo no qual o futuro invade nossas vidas”, arrematando que a “mudança não é simplesmente necessária à vida, ela é a vida”. Toffler foi um precursor no final da década de 60 dos avanços da tecnologia digital, cuja influência transformou a forma de vida da sociedade humana.

            Na concepção amplificada da vida espiritual o futuro é a casa da eternidade, sendo que a eternidade é o “nunca acabar”.  Allan Kardec em A Gênese  (Cap. VI - Uranografia Geral – O Espaço e o Tempo), assim se refere à eternidade: “ O tempo é apenas uma medida relativa da sucessão das coisas transitórias. A eternidade não é suscetível de nenhuma medida, do ponto de vista da duração; para ela, não há nem começo nem fim. Tudo é presente para ela”

Transitando nesse entendimento de eternidade, o Espírito imortal acaba por perceber que o elemento passivo de gerar a quebra da inercial existencial é necessariamente a mudança, cujos propósitos se encontram em gérmen na mente espiritual que se expõe no momento-vida ao exercício de buscar mecanismos inéditos (por isso nunca pensados) para alcançar patamares de soluções inéditas (por isso nunca vividas). E esse binômio mecanismo/soluções inéditas se traduzem na maior dificuldade quando as mentes estão estacionadas nas certezas que não servem ao progresso e à harmonia das pessoas.

Nada mais desafiador do que se buscar alternativas de paz para um mundo viciado em repetir experiências malfadadas de poder, abusos, desfaçatez, desigualdade. Compreende-se porque para tantos a mensagem de Jesus é palavrório para tão somente incrementar orações vazias. É que Jesus nos legou uma proposição eterna dirigida à mudança de comportamento social e íntimo, não exatamente um tratado para fomentar aparências. E como mudar significa lançar mão de uma nova estratégia, a maioria se contenta com a repetição do que já é conhecido. Postergar esse entendimento é jogar para amanhã uma transformação mágica que não virá, pois o futuro que ansiamos é a eternidade-hoje.

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