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A IMPORTÂNCIA DE DORMIR BEM

 

 

   Sob o ponto de vista físico, noites mal dormidas, em longo prazo, podem comprometer seriamente a saúde. São percebidos de imediato o envelhecimento precoce e o péssimo desempenho físico e mental. Pode o ser também ficar mais propenso às disfunções graves, como infecções, diabetes (inibição da produção de insulina, responsável por retirar o açúcar do sangue e elevação do cortisol, o hormônio do estresse, o qual eleva a taxa de açúcar no sangue), obesidade, comprometimento do sistema imunológico, depressão e hipertensão arterial (pressão alta), fatores de risco para o surgimento das doenças cardiovasculares e até mesmo do óbito, sendo o espírito recebido, na dimensão extrafísica, como suicida inconsciente ou moral.

   A Doutrina Espírita revela a importância dos cuidados a serem dispendidos ao corpo físico, instrumento valioso para a educação e evolução do espírito. Em "O Evangelho Segundo o Espiritismo", o espírito Jorge alerta para a necessidade de cuidarmos do corpo e do espírito para atingirmos a perfeição moral. A entidade relata que o Espiritismo demonstra as relações que existem entre o corpo e a alma e por se acharem em dependência mútua, importa cuidar de ambos. Ressalta o espírito protetor: “Amai pois a vossa alma, porém, cuidai igualmente do vosso corpo, instrumento daquela” (“O Evangelho Segundo o Espiritismo”, capítulo XVII-11)

   Atualmente, preocupa o grande número de jovens que dorme cada vez menos, tornando-se presa fácil de enfermidades que anteriormente só eram encontradas nos adultos. As festas, a internet, o videogame e o telefone estão invadindo a noite dos adolescentes e jovens, sendo que o repouso noturno cada vez mais é postergado, podendo atingir até mesmo o início da madrugada.

    O púbere que dorme mal apresenta dificuldades marcantes no aprendizado escolar, porquanto as funções cerebrais se tornam lentas e, igualmente, sofre prejuízo no processo natural de crescimento corporal, pela secreção deficiente do hormônio do crescimento, abreviadamente GH (do inglês growth hormone), também chamado somatotrofina ou somatotropina (ST), produzida e secretada pela glândula hipófise (pituitária) anterior, sendo responsável pelo aumento na síntese proteica celular.

   Importante frisar, igualmente, a existência de uma glândula, a pineal, localizada no centro do cérebro, a qual produz um hormônio, a melatonina, que regula o ciclo do sono, denominado de circadiano. É importante que o ambiente onde se vá dormir seja escuro e silencioso, facilitando a atuação da melatonina, causando o sono. Com o passar dos anos, a secreção de melatonina decresce, o que explica a presença acentuada de insônia na terceira idade.

   Muito importante que à noite, antes de dormir, seja servida uma refeição bem leve, de fácil digestão, evitando tomar bebidas ricas em cafeína, como café, guaraná, chá-preto, chá-mate, chocolate e refrigerante.

    Enquanto o veículo somático adulto adormece, normalmente em torno de sete ou oito horas, acontece a suspensão temporária da atividade perceptivo-sensorial e motora voluntária, a volição e a consciência estão em inatividade parcial ou completa. O mesmo não acontece com a alma, completamente emancipada, que não repousa como o corpo.

    A Doutrina Espírita ensina que o espírito jamais está inativo. Durante o sono, afrouxam-se os laços que o prendem ao corpo e, não precisando este então da sua presença, se lança pelo espaço e entra em relação mais direta com os outros espíritos (Q. 141 de “OLE”).

    Perguntou Kardec, na Q.400 de O L.E: “O Espírito encarnado permanece de bom grado no seu envoltório corporal? Resposta: “É como se perguntasses se ao encarcerado agrada o cárcere. O espírito encarnado aspira constantemente à sua libertação e tanto mais deseja ver-se livre do seu invólucro quanto mais grosseiro é este”.

    Na Q. 402 de O L. E: “Como podemos julgar da liberdade do espírito durante o sono?

    Resposta: “Pelos sonhos. Quando o corpo repousa, acredita-o, tem o espírito mais faculdades do que no estado de vigília. Lembra-se do passado e algumas vezes prevê o futuro. Adquire maior potencialidade e pode pôr-se em comunicação com os demais Espíritos, quer deste mundo, quer do outro. Dizes frequentemente: Tive um sonho extravagante, um sonho horrível, mas absolutamente inverossímil. Enganas-te. É amiúde uma recordação dos lugares e das coisas que viste ou que verás em outra existência ou em outra ocasião. Estando entorpecido o corpo, o espírito trata de quebrar seus grilhões e de investigar no passado ou no futuro.

    “Pobres homens, que mal conheceis os mais vulgares fenômenos da vida! Julgais-vos muito sábios e as coisas mais comezinhas vos confundem. Nada sabeis responder a estas perguntas que todas as crianças formulam: - Que fazemos quando dormimos? - Que são os sonhos?

    O sono liberta a alma parcialmente do corpo. Quando dorme, o homem se acha por algum tempo no estado em que fica permanentemente depois que morre. Tiveram sonos inteligentes os espíritos que, desencarnando, logo se desligam da matéria. Esses espíritos, quando dormem, vão para junto dos seres que lhes são superiores. Com estes viajam, conversam e se instruem. Trabalham mesmo em obras que se lhes deparam concluídas, quando volvem, morrendo na Terra, ao mundo espiritual. Ainda esta circunstância é de molde a vos ensinar que não deveis temer a morte, pois que todos os dias morreis, como disse um santo.

    “ Isto, pelo que concerne aos Espíritos elevados. Pelo que respeita ao grande número de homens que, morrendo, têm que passar longas horas na perturbação, na incerteza de que tantos já vos falaram, esses vão, enquanto dormem, ou a mundos inferiores à Terra, onde os chamam velhas afeições, ou em busca de gozos quiçá mais baixos do que os em que aqui tanto se deleitam. Vão beber doutrinas ainda mais vis, mais ignóbeis, mais funestas do que as que professam entre vós. E o que gera a simpatia na Terra é o fato de sentir-se o homem, ao despertar, ligado pelo coração àqueles com quem acaba de passar oito ou nove horas de ventura ou de prazer. Também as antipatias invencíveis se explicam pelo fato de sentirmos em nosso íntimo que os entes com quem antipatizamos têm uma consciência diversa da nossa. Conhecemo-los sem nunca os termos visto com os olhos. É ainda o que explica a indiferença de muitos homens. Não cuidam de conquistar novos amigos, por saberem que muitos têm que os amam e lhes querem. Numa palavra: o sono influi mais do que supondes na vossa vida.

   “Graças ao sono, os espíritos encarnados estão sempre em relação com o mundo dos espíritos. Por isso é que os espíritos superiores assentem, sem grande repugnância, em encarnar entre vós. Quis Deus que, tendo de estar em contato com o vício, pudessem eles ir retemperar-se na fonte do bem, a fim de igualmente não falirem, quando se propõem a instruir os outros. O sono é a porta que Deus lhes abriu, para que possam ir ter com seus amigos do céu; é o recreio depois do trabalho, enquanto esperam a grande libertação, a libertação final, que os restituirá ao meio que lhes é próprio.

   “O sonho é a lembrança do que o espírito viu durante o sono. Notai, porém, que nem sempre sonhais. Que quer isso dizer? Que nem sempre vos lembrais do que vistes, ou de tudo o que haveis visto, enquanto dormíeis. É que não tendes então a alma no pleno desenvolvimento de suas faculdades. Muitas vezes, apenas vos fica a lembrança da perturbação que o vosso Espírito experimenta à sua partida ou no seu regresso, acrescida da que resulta do que fizestes ou do que vos preocupa quando despertos. A não ser assim, como explicaríeis os sonhos absurdos, que tanto os sábios quanto as mais humildes e simples criaturas têm? Acontece também que os maus espíritos se aproveitam dos sonhos para atormentar as almas fracas e pusilânimes.

   “Em suma, dentro em pouco vereis vulgarizar-se outra espécie de sonhos. Conquanto tão antiga como a de que vimos falando, vós a desconheceis. Refiro-me aos sonhos de Joana, ao de Jacob, aos dos profetas judeus e aos de alguns adivinhos indianos. São recordações guardadas por almas que se desprendem quase inteiramente do corpo, recordações dessa segunda vida a que ainda há pouco aludíamos.

  “Tratai de distinguir essas duas espécies de sonhos nos de que vos lembrais, do contrário cairíeis em contradições e em erros funestos à vossa fé”.

    Allan Kardec faz o seguinte comentário:

    “Os sonhos são efeito da emancipação da alma, que mais independente se torna pela suspensão da vida ativa e de relação. Daí uma espécie de clarividência indefinida que se alonga até aos mais afastados lugares e até mesmo a outros mundos. Daí também a lembrança que traz à memória acontecimentos da precedente existência ou das existências anteriores”.

   O Espiritismo traz valiosos subsídios, em relação ao sono e os sonhos. Enquanto o corpo se refaz durante o sono, a alma pode, em liberdade, se encontrar com os parentes e amigos desencarnados. O encarnado, portador de necessidades especiais, durante o período de descanso físico, desdobrado, na dimensão espiritual, recobra sua lucidez e higidez.

   Deus, Nosso Pai, extremamente Amoroso e Misericordioso, proporciona a todos os seus filhos, encarnados e desencarnados, durante o momento do sono, a oportunidade do reencontro, a chance inesquecível de poderem se relacionar, mesmo separados pelo veículo da morte.

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