terça-feira, 24 de novembro de 2020

VESTIDOS DE LUZ

 


Espíritos que somos, envergando transitoriamente um traje de carne, podemos ser avaliados por nossa aura. Por isso os benfeitores espirituais nos conhecem tão bem. Ainda que simulemos virtudes que não possuímos, jamais os iludiremos, porquanto eles veem como somos realmente, pela natureza de nossas vibrações.

Futuramente teremos instrumental ótico com suficiente sensibilidade para detectar, pela luminosidade, o que vai no coração humano. Então haverá substanciais transformações no relacionamento social, erradicando a mentira e a hipocrisia.

Imaginemos uma câmara de televisão com esse aperfeiçoamento... Seria o fim dos profissionais da política, dos pregadores farisaicos, dos comunicadores a serviço da conturbação e da desordem... No lar, um aparelho desses inviabilizaria o adultério; nos negócios, imperaria a honestidade; na vida social, a lisura, a sinceridade. Uma revolução!

A formação de uma aura luminosa, subordina-se ao nosso empenho no Bem, a eletricidade divina que ilumina nosso coração, revestindo-nos de luz. A esse propósito, lembramos a alegoria notável de Frank Capra, famoso cineasta americano, no filme A Felicidade Não Se Compra. É a história de um Espírito, candidato a anjo que, para ganhar suas asas – iluminar-se –, recebeu a missão de ajudar um valoroso empresário que, em virtude de grave problema financeiro, provocado por desonesto banqueiro, pretendia matar-se.

O vestibulando da angelitude foi encontrá-lo na véspera do Natal, à noite, prestes a saltar nas águas geladas de um rio. Fazendo-se visível e identificado, falou-lhe de sua missão e, sem nenhuma pretensão de demovê-lo comentou que sua morte seria um desperdício, porquanto ele era importante para muita gente.

Ante o ceticismo de seu protegido, que se sentia um fracassado, o amigo espiritual mostrou-lhe várias situações:

Num cemitério, a sepultura de um irmão, em data recuada.

– Ele não morreu. Está bem vivo! – reclamou o empresário.

– Teria morrido se você não o salvasse de afogamento, na adolescência. Lembra-se?

Mostrou-lhe uma solteirona tristonha e introvertida.

– Minha esposa! Está muito diferente. Ela não é assim...

– Seria se você não estivesse em sua vida, oferecendo-lhe a gratificante experiência de uma família numerosa e bem formada.

Após sucessivas evocações de um passado infeliz, não fora a felicidade de sua presença, foi-lhe mostrado o quadro mais dramático, quando, percorrendo a cidade, o empresário espantou-se por vê-la transformada em antro de perdição, invadida por casas de jogo e de prostituição.

– Essa não é minha cidade! – exclamou, aturdido.

– Tem razão. Sua cidade é diferente. Você fez a diferença, com seus empreendimentos, favorecendo a edificação de bairros com casas populares, afastando especuladores e agentes do vício...

Compreendeu, então, o homem que desistira de viver, que sua vida tinha um significado. Era preciso enfrentar a adversidade para continuar ajudando as pessoas como fizera sempre. E desistiu de morrer...

Persistia o problema financeiro, mas mudara sua maneira de apreciá-lo. Ainda que viesse a falência, não se permitiria falir como ser humano, disposto a enfrentar a adversidade. Regressou em estado de graça ao lar, repetindo, eufórico, às pessoas que encontrava: – Feliz Natal! Feliz Natal!

Em casa uma surpresa: os amigos, muitos amigos, uma multidão, cotizados, conseguiram o dinheiro suficiente para que a falência fosse evitada. Enquanto festejavam, o empresário, ouvindo um sino, comentou com a esposa: – Dizem que sinos repicando anunciam anjos que ganharam asas. E sorriu, feliz, considerando que seu protetor conquistara o desejado prêmio, salvando-o.

O encantador filme de Frank Capra demonstra que sempre poderemos ser importantes para alguém, por mais humilde seja nossa posição. Vale a pena viver por isso.

E tanto mais valerá quanto maior o nosso empenho no Bem, que nos habilitará a ajudar crescente quantidade de pessoas, com o que iluminaremos nossos caminhos, vestindo-nos de luz.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário