terça-feira, 24 de março de 2020

O AMOR, VOCÊ E O "VÍRUS DA MENTIRA"


Metade do alimento produzido vai para o lixo.



“Porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber;
Sendo estrangeiro, não me recolhestes; estando nu, não me vestistes; enfermo, e na prisão, não me visitastes.
 Então lhes responderá, dizendo: Em verdade vos digo que, quando a um destes pequeninos não o fizestes, não o fizestes a mim.”
(Jesus)
 
Kahlil Gibran, em uma das suas parábolas sobre a insatisfação e o desencontro, narra a estória do Rei de Sadik, que diante da insatisfação dos seus súditos, entrega-lhes a coroa e o cetro. Convencendo-os da superfluidade de um governante, foi para os campos e vinhedos trabalhar de mãos dadas com os súditos.
O povo reconhecendo o gesto de humildade do Rei, maravilhou-se e o silêncio caiu entre eles. Contudo, a névoa de insatisfação estava ainda sobre o reino. Nos mercados públicos, a população, os velhos e os jovens gritavam em uma só voz: “Queremos nosso Rei”.

Encontraram-no em um campo trabalhando e trouxeram-no a seu trono, devolvendo-lhe a coroa e o cetro. A ele disseram: “Agora, governa-nos, com poder e com justiça.”  E assim, ele concordou. E assim aconteceu.
Durante toda uma lua, homens e mulheres vinham ao Rei e notificavam-lhe dos fardos que os oprimiam. Um mau patrão, um tirano governante, um religioso explorador da fé alheia. Cada um a seu tempo, foi desterrado do reino onde passou a imperar a Verdade: a Lei de Amor, Justiça e Caridade.
O súditos agradecidos aclamaram o Rei e o considerou legítimo, por tê-los livrados das víboras, reduzindo os lobos a nada, e proclamaram: “A coroa lhe pertence por justiça, e o cetro é o símbolo de sua glória.”
Então, o Rei respondeu-lhes: “Não eu, não eu. Vocês próprios são o Rei. Quando me consideraram fraco e mau governante, vocês mesmos é que eram fracos e desgovernados. E se agora tudo caminha bem nesta terra é porque corresponde à vontade de todos. (...) Não há uma pessoa que seja o Governador. Somente os governados existem para se governarem a si mesmos.”
E todos eles seguiram suas vidas, pensando e vivendo como um Rei.
                                                                      
                                                      =x=x=x=x=x=

A alegoria gibraniana cabe perfeitamente no modo de convivência das civilizações na Terra. A cada dia o fosso social entre opressores e oprimidos se aprofunda.
A realidade é que estamos vivendo os últimos segundos no relógio de Deus, do fim de uma era Cósmica.  Há de se convir que se vive uma época com aparência de que as decisões são tomadas pela maioria – DEMOCRACIA -, quando na realidade, a verdade não é essa. O que ocorre é que a verdade ainda continua como na antiguidade, sendo apropriada pelos “iniciados” ou eleitos, transformada nos interesses da minoria, através de instrumentos especiais: ideologias, estados mentais específicos, poderes “espirituais, raciocínio lógico privilegiado, e objetividade (MARIOTTI,2000), são socializadas. E para que isso possa acontecer, a verdade, agora chamada de PÓS-VERDADE/MENTIRA)(saber mais) (substantivo diz respeito a circunstâncias nas quais fatos objetivos têm menos importância do que crenças pessoais). É como se a “verdadeira” vida acontecesse fora de nós, sob o controle de indivíduos que desconhecem a essência e as necessidades de cada pessoa. Portanto, o psiquismo humano está inundado de mentiras. Mentiras que elegem governantes; exploração da fé alheia; políticas econômicas e sociais deletérias à dignidade humana.
Interessante destacar que Rudolf Steiner (1861-1925), filósofo, educador, artista e esoterista croata. Foi fundador da antroposofia, da pedagogia Waldorf e, surpreendentemente, conecta infecções virais e bacterianas, às “ideias materialistas”, como ele as chama: mentiras, fofocas, suspeitas e hipocrisia. (grifos nossos) Fascinante!
Martin Buber (1878-1965) filósofo, escritor e pedagogo, austríaco e naturalizado israelita, estudando a literatura iraniana, mais especificamente a saga do rei primitivo Yima, afirma: “Quem prefere a mentir à verdade escolhe a mentira em vez da verdade, intervém com sua decisão diretamente nas decisões da luta do mundo.”    
No ponto de vista dos biólogos cognitivos Maturana e Varela, atestam que os processos cognitivos dos seres humanos se originam da atuação como sistemas vivos. Ou seja, o conhecimento que um ser vivo pode adquirir do mundo acontece em sua estrutura. Portanto, a realidade é a possível, que cada um possa perceber e não uma suposta realidade única e universal, que pode ser apropriada e “devolvida” aos indivíduos segundo as conveniências dos jogos de poder de seus “proprietários”. (MARIOTTI, 2000). Desses posicionamentos, surgem os “especialistas”, remunerados pelos interesses específicos, daqueles em que estejam alinhados com níveis mentais superiores.
Conclui-se, pois, que não existe uma realidade universal e imutável (objetiva), e sim percebida pelas pessoas (subjetiva), naturalmente de acordo com o seu nível evolutivo. Partindo dessa premissa, como foi feito no reino de Sadik, essas verdades individualizadas (pensamento binário), por consenso, produzem uma verdade comum, cultural, que passa a ser o resultado do conhecimento compartilhado (pensamento complexo).
Se é assim, o ser humano deve existir para que atinja o autoconhecimento, coisa que nunca logrará, pois é predominante o modelo mental linear, que leva ao pensamento único, da “competitividade”, individualista, que na prática é uma guerra na vida cotidiana.
Fica, portanto, a certeza de que os valores fundamentais nascem das relações entre as pessoas e para elas retornam, em uma recursividade incessante e criadora. (MARIOTTI,2000).
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e enfermidades”. O paradigma espírita acrescenta o espiritual, até porque a mente é dimensão do Espírito, e em termos de fundamentos antropológicos, há uma tendência a compreender o homem como um ser bio-psíquico-sócio-espiritual.
Na realidade, a ciência avança a passos rápido em direção à ciência espírita, especificamente os paradigmas médicos. E fato, pois, que as emoções positivas ou negativas são determinantes para o equilíbrio espiritual e para a saúde física e mental.
A conclusão da biologia cognitiva de Maturana e Valela, converge para a compreensão espírita. O pensamento complexo de Mariotti, é o pensamento espírita. A Lei de Deus está na consciência do homem, afirmam os Espíritos. Ao seu turno, Jesus diz: “Conhecereis a verdade e ela vos libertará.” O Espírito Charles Fourier, na Revista Espírita de 1869, afirma:

“Se quiserdes uma demonstração séria de uma lei universal, buscai a sua aplicação individual. Quereis a verdade? Buscai-a em vós mesmo, e na observação dos fatos de vossa própria vida. Todos os elementos de prova aí estão. Que aquele que quer saber se examine, e encontrará.”

A Humanidade trabalha mentalmente com o pensamento na linearidade/polaridade, dissociados da Essência divina – Espírito. A atmosfera psíquica (psicosfera) do Planeta, que deveria, ao interagir com a matéria ser geradora de saúde e paz, passa a ser geradora de distúrbios psicológicos e físicos, como na pandemia que ora se abater sobre todos. E aqui não importa se é arma biológica ou não. Só se prolifera em decorrência da psicosfera dos habitantes.
Os fundamentos democráticos, pilares fundamentais para a consolidação do Reino sendo destruídos pelo avanço do fascismo. A família na condição de laboratório vivo das experiências e aprendizados, verdadeira escola para a educação dos Espíritos, vilipendiada, mais a serviço dos vícios, do egoísmo e sem as condições básicas para atender os propósitos Divinos. O capitalismo impondo a necropolítica sobe os povos. Esperar o quê? Blandícias dos Céus?
Deus proporciona à Humanidade três formas de alcançarmos o Reino de Deus, que está dentro de nós: AMOR, RAZÃO (Conhecimento) e a DOR (sofrimento). Quando se falha nas trilhas do amor e da razão, leia o que afirmam o Reveladores Celestes na questão nº 781 de O Livro dos Espíritos, quanto aos que tentam deter a marcha do progresso individual e coletivo:

“– Pobres seres que Deus castigará; serão arrastados pela torrente que pretendem deter.”

O Espírito Emmanuel, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, na obra Pensamento e Vida, afirma:
Em todas as épocas, a sociedade humana é o filtro gigantesco do Espírito, em que as almas, nos fios da experiência, na abastança ou na miséria, na direção ou na subalternidade, colhem os frutos da plantação que lhes é própria, retardando o passo na planície vulgar ou acelerando-o para os cimos da vida, em obediência aos ditames da evolução.
                                                                                        
A pedagogia divina nessas situações e radical e objetiva. Para os que têm olhos de ver e ouvidos de ouvir basta lançar um olhar nesses dias de confinamento: o individualismo, fruto do egoísmo, está confinado, não merecendo contato com o próximo. A sobrevivência de cada confinado, depende, necessariamente, do altruísmo do próximo. O ser humano foi criado para compartilhar e não para competir.
Conclui-se que, a pandemia é revelação pelo fato do Espírito está em desarmonia as Leis Divinas, ou o resultado microcósmico da Queda, com o único significado que é simplesmente o seguinte: enquanto se viver na polaridade (pensamento linear), também se participará da culpa, da doença e da morte. A doença passa a ser um ponto de mutação em que um mal se deixa transformar em bem. (DETHLEFSEN/DAHLKE, 2007).
Esses apelos exigem da Humanidade uma nova forma de relacionamento individual e coletivo. Tem-se que seguir o exemplo colocado na parábola de Gibran. Os indivíduos têm que exigir novas pautas para a economia e políticas-sociais. Não se pode voltar ao normal, mas sim se buscar o natural, o exercício do amor entre os indivíduos e as Nações.

O AMOR é o antídoto para as nossas mazelas físicas e morais. Essa mudança marcará a tão discutida e ainda esperada, por algumas religiões, A SEGUNDA VINDA DO CRISTO.

Bibliografia:
AUTORES DIVERSOS. Medicina e espiritismo. São Paulo: AME-BRASIL, 2004.
BUBER, Martin. Imagens do Bem e do Mal. Rio de Janeiro. Vozes. 1992;
DETHLEFSEN, Thowald & DAHLKE, A doença como caminho. São Paulo: CULTRIX, 2007.
GIBRAN, Kahli. O errante. São Paulo: Claridade, 2003.
KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.  São Paulo: LAKE, 2000.
____________. Revista espírita. Rio de Janeiro: FEB, 2004.
MARIOTTI, Humberto. As paixões do ego. São Paulo: PALAS ATHENA, 2000.
MATURAMA, Humberto & VARELA, Francisco. A Árvore do conhecimento.  São Paulo: PALAS ATHENA, 2001.
XAVIER, F.C. Pensamento e vida. Brasília. FEB. 2013.





2 comentários:

  1. Prezado amigo Jorge, muitos temperos nessa muqueca, inclusive pimenta. Há tantas variáveis na compreensão do que nos sucede que uma reunião dos maiores pensadores do planeta seria obrigatória para destrinchá-las. A palavra abalizada do grande Samuel Hahnemann haveria de chamar a atenção para a patologia de base que se encontra sedimentada na desarmonia da energia vital, das pessoas e do planeta, o qual vibra em consonância como vetor resultante dos afetos e desejos da humanidade. Enfim, nada está fora da ordem, isso já é a própria ordem, pois as respostas necessitam estar no contexto das perguntas. A lei que rege a todas as outras é a LEI DE CAUSA E EFEITO, logo nada há que esteja sendo injusto ao que passamos no momento, apesar de estarmos condenados a obrigatoriedade evolucional. Ainda cremos que o mal provém do outro e que ampliar a base das riquezas na Terra é fundamento de felicidade plena, mas cada dia mais as minorias solapam as maiorias, até que o poder se encontre nas mãos de tão poucos (muito mais poucos do quão já são) até que a farsa do capitalismo imploda qual o escorpião que em iminente perigo mata a si mesmo com as mesmas garras que terá contaminado e morto a tantos sem conta antes de perceber a armadilha que terá criado contra si. Felizmente nenhum de nós é o dono do barco, o verdadeiro proprietário - Jesus - não vai abandonar a luta e continua conosco "até o final dos tempos". Roberto Caldas

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    1. Com certeza caro Roberto Caldas!
      O descompasso das mentes, atesta aquilo que em um primeiro momento parece inexplicável. A Doutrina dos Espíritos nos possibilita a compreensão adequada desses fenômenos psíquicos, que não são nada diferente dos fenômenos naturais.

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