quarta-feira, 9 de outubro de 2019

INTERPRETAÇÃO E ATITUDE


                                                  
            Convenhamos, esse mundo está difícil de viver. Afinal estamos diariamente expostos a colocar “a cara a tapa”. As mudanças que no passado davam tempo de esfriar os ânimos, antes de se preparar para outra, vêm numa velocidade que atropela a quem não tenha a agilidade em passar para a próxima página. Reconhecer essa realidade não se trata de saudosismo em relação aos processos de outros tempos, mas um chamado para que a oscilação natural das informações não se interponha entre a emoção e a lógica na hora de decidirmos qual a estratégia a adotar diante de tantos desafios do pensamento.

            Ressalte-se que alguém que viaje sem nortear a sua existência por princípios definidos está fadado a se perder pelos intrincados caminhos - a luta de classes, a diversidades de pendores, a liberdade de expressão, a crise de valores éticos, a gana de vencer a qualquer custo, a deformação dos fatos pelos formadores de opinião – formam um caldo de situações conflitantes que exigem uma definição de ângulo que permita ver o suficiente para não se deixar levar pela aparência, sem ser refratário ao novo que vai além do fútil.
            Seguramente “não somos anjos ainda”, e isso quase explica nossos “bate cabeças” mundo afora. Quem já não falou ou escutou de alguém essa assertiva? A presença do advérbio de tempo “ainda” é proposital. Não somos anjos ainda, mas o seremos. As questões 128 a 131 de O Livro dos Espíritos esclarecem a respeito. A progressividade espiritual depende da maneira como cada um desempenha as suas funções durante o processo de encarnação. Constatar a imperfeição é ter clareza das próprias limitações e isso não é o problema. Problema é quando utilizamos esse raciocínio para agir fora dos princípios norteadores que dizemos aceitar. Antever o que pode ser opção de crescimento e adotar atitude que o hábito sedimentou é percorrer caminho diverso do pretendido. Crescer impõe metamorfose.
            A dificuldade da vida em sociedade não é menor para quem está munido dos princípios espíritas e, portanto cristãos; pode até ser maior, para conviver com as seduções de um mundo banhado por tantos convites ao imediatismo. Não fazer parte da dança, cuja música pulsa em ritmo descompassado, exige coragem. Defender opiniões que parecem pouco populares em meio à turba requer destemor. Fazer a diferença impõe bravura. Fazer a diferença é trazer esperança de um mundo melhor que inicia na atitude nossa de cada dia, como diria Gonzaguinha em sua canção Esperança: “Que toquem os sinos em nome da esperança/Eterna criança que vive, brincando, no peito/Dos homens que sabem da força que tem o respeito/Para com os seus semelhantes,/Na luta por seus direitos/Que traga a alegria, o toque feliz deste sino/E faça dançar nas ruas meu povo menino”
Jesus não teve a complacência da multidão nem a clemência da lei em seu favor, mas assumiu os motivos que da sua vinda à Terra sabendo das consequências que viriam. Não se afastou um só momento de suas convicções, conquanto exibisse a sua clemência e piedade a quem pensasse diferente, sem amaldiçoar as possibilidades que antevia no futuro. Semeou Paz e Esperança, Bênçãos e Luz. Interpretando os fatos, é possível sim com todas as nossas imperfeições, fazer valer a missão de Jesus como a maior ferramenta de valorização da vida velando pelos princípios que Nos legou para a eternidade. Quem se propõe utilizá-la?   

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