quinta-feira, 14 de março de 2019

CONTRA A VIOLÊNCIA - ESPIRITISMO JÁ! *


 

 

Em 13 de agosto, nosso País foi mais uma vez sacudido por uma intensa onda de violência, porquanto uma série de ataques ocorreram em Osasco, Barueri e Itapevi, na Região Metropolitana de São Paulo, ocasionando dezenas de mortos. Comumente, os noticiários publicam matérias a respeito da violência, envolvendo crianças, idosos e animais, sem contar os casos ligados ao tráfico, aos assaltos, aos assassinatos, inclusive no trânsito.

Até mesmo a Natureza sofre investidas à custa do “progresso”, acarretando graves perturbações climáticas, como igualmente matança de animais e derrubada exorbitante de árvores. Os programas de televisão mostram as garras da agressividade. sempre do agrado de seu público. À tarde e ao anoitecer, vários canais exibem dantescos casos policiais, como também, cenas com familiares insatisfeitos, exteriorizando seus conflitos com discussões seguidas de tapas e empurrões e os telespectadores entusiasmam-se com o “barraco armado”, locupletando-se com a confusão e o escândalo em público.


Mais tarde, as emissoras levam ao ar a brutalidade inserida nas novelas e nos enlatados nacionais e estrangeiros. Portanto, o horário nobre mostra o que o público quer assistir, conquistando exuberante audiência.



BOX-1: A INFLUENCIAÇÃO ATRAVÉS DO PENSAMENTO

A Doutrina Espírita, consonante com o Evangelho do Cristo ressalta que “onde estiver o teu tesouro, aí também estará o teu coração” (Mateus 6:20), afirma que influenciamos e somos influenciados através do pensamento, tanto de encarnados e de desencarnados. O indivíduo, assistindo um determinado filme ou programa de TV, está normalmente sintonizado na mesma faixa vibratória, sendo importante escolher o que for compatível com a harmonia e a paz.

Em “Obras Póstumas” (1ª Parte, capítulo 8), o insigne Allan Kardec aborda o dinamismo das criações mentais, dizendo: “Sendo os fluidos o veículo do pensamento, este atua sobre aqueles como o som atua sobre o ar; eles nos trazem o pensamento, como o ar nos traz o som. Pode-se pois, dizer em verdade, que há ondas nos fluidos e radiações de pensamento, que se cruzam sem se confundirem, como há, no ar, ondas e radiações sonoras.

Diz ainda mais; criando imagens fluídicas, o pensamento se reflete no envoltório perispirítico como num espelho, ou então, como essas imagens de objetos terrestres se refletem nos vapores do ar, tomando aí um corpo e, de certo modo, fotografando-se.

Se um homem, por exemplo, tiver a ideia de matar alguém, embora seu corpo material se conserve impassível, seu corpo fluídico é acionado por essa ideia e a reproduz com todos os matizes. Ele executa fluidicamente o gesto, o ato que o indivíduo premeditou. Seu pensamento cria a imagem da vítima e a cena inteira se desenha, como num quadro, tal qual lhe está na mente” (“Fotografia e Telegrafia do Pensamento”).

O indivíduo, sintonizado com a violência, reflete em sua intimidade espiritual as criações mentais deletérias, em completo desajuste psíquico, distantes da Lei de Amor, Justiça e Caridade, tão bem apregoadas e exemplificadas pelo excelso Mestre Jesus.

Em verdade, o homem retrata o atraso moral em que se encontra, habitante de um mundo ainda inferior espiritualmente, denominado de provas e expiações, sofrendo o reflexo do seu primitivismo espiritual, com predomínio do egoísmo, da força e da violência, resquícios do instinto animal que até persistem em suas atitudes hodiernas.

Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, capítulo 11, “A Lei do Amor”, é ensinado que “no seu ponto de partida, o homem só tem instintos; mais avançado e corrompido, só tem sensações; mais instruído e purificado, tem sentimentos; e o amor é o requinte do sentimento”.



Box 2: A SOLUÇÃO PROPORCIONADA PELA DOUTRINA ESPÍRITA

O que a Doutrina Espírita pode fazer para colaborar com a erradicação da violência na Terra? O Espiritismo propõe uma educação bem entendida, conforme diz Kardec, para curar as chagas da desordem e da imprevidência.

O codificador não se refere à educação intelectual, mas sim, à educação moral: “Não nos referimos, porém, à educação moral pelos livros e sim à que consiste na arte de formar os caracteres, à que incute hábitos, porquanto a educação é o conjunto dos hábitos adquiridos.

Continua Kardec: “Quando essa arte for conhecida, compreendida e praticada, o homem terá no mundo hábitos de ordem e de previdência para consigo mesmo e para com os seus, de respeito a tudo o que é respeitável, hábitos que lhe permitirão atravessar menos penosamente os maus dias inevitáveis” (Q. 685-a de “OLE”). O Mestre de Lyon, como inolvidável educador, faz questão de ressaltar que a solução é somente a educação moral, trabalhando o caráter do educando.

O ideal é que a educação moral do espírito reencarnado comece já no ventre materno, ajudando o indivíduo a combater suas más tendências contraídas em vivências transatas, como ser pré-existente e interexistente, conforme esclarece o Espiritismo, discorrendo a respeito da existência do espírito, antes e além das dimensões físicas.

De permeio com vibrações assaz amorosas, a mãe deve conversar com o bebê, transmitindo-lhe palavras alicerçadas na paz e na esperança. Pode começar a falar do Evangelho de Jesus, iniciando o trabalho majestoso de afloramento das potencialidades divinas, trazendo à luz o que está contido em essência nos refolhos mais íntimos de toda a criatura.

A educação moral visa a consagração do bem acima de tudo, formando homens de bem, conforme ensinou Jesus, trabalhando sempre pela paz e nunca cogitando a violência.

O indivíduo, na fase infantil, é mais suscetível ao aperfeiçoamento espiritual, quando suas tendências anteriores estão muito entorpecidas devido ao processo reencarnatório, conforme ensino ministrado em “O Livro dos Espíritos”, questão 383: “Qual é, para o Espírito, a utilidade de passar pelo estado de infância?” A resposta — “O Espírito se encarnando para aperfeiçoar-se é mais acessível, durante esse período, às impressões que recebe, que podem ajudar o seu adiantamento, para o qual devem contribuir aqueles que estão encarregados de sua educação”.

É importante esse período para que o ser cresça espiritualmente, no qual suas tendências ruins estejam parcialmente adormecidas e assim possa receber a educação moral necessária para seu reerguimento moral e ser vencedor nesse embate, onde o bem preponderá.

A Doutrina Espírita aparece como aliada forte e essencial na ministração da educação moral, nesse período de vida física, através da evangelização infantil, que é imprescindível para despertar o espírito reencarnante para o conhecimento do caminho da verdade e da vida com o Cristo. Isso erradicará de si seus sentimentos malsãos e o despertará para o amor em ação.

Como ensina a Doutrina Espírita é, na infância, “que se lhes pode reformar os caracteres e reprimir os maus pendores. Tal o dever que Deus impôs aos pais, missão sagrada de que terão de dar contas” (Q. 385 de “OLE”), como na questão 208 de “OLE”: “Nenhuma influência exercem os espíritos dos pais sobre o filho depois do nascimento deste”? A resposta — “Ao contrário: bem grandes influências exercem. Conforme já dissemos, os espíritos têm que contribuir para o progresso uns dos outros. Pois bem, os espíritos dos pais têm por missão desenvolver os de seus filhos pela educação. Constitui-lhes isso uma tarefa. Tornar-se-ão culpados, se vierem a falir no seu desempenho”.

O saudoso Pedro de Camargo (Vinícius), nas obras “Nas Pegadas do Mestre” e “Na Escola do Mestre” definiu muito bem que salvar é educar. Disse que “a sociedade contemporânea necessita duma força que a levante da degradação e do caos em que se encontra. Essa força há de atuar de dentro para fora, do interior para o exterior, afinando os sentimentos, despertando a razão e a consciência dos homens. Esta força indubitavelmente é a educação”.

Importantíssimo frisar que o ambiente familiar é primordial para o processo de crescimento evolutivo dos seus integrantes. Quando a infância está desamparada, a sociedade está em crise. A questão 813 de “OLE” é bem elucidativa: “Há pessoas que, por culpa sua, caem na miséria. Nenhuma responsabilidade caberá disso à sociedade? Resposta — “Mas, certamente. Já dissemos que a sociedade é muitas vezes a principal culpada de semelhante coisa. Demais, não tem ela que velar pela educação moral dos seus membros? Quase sempre, é a má educação que lhes falseia o critério, ao invés de sufocar-lhes as tendências perniciosas”.

Os Instrutores do Além referem-se à educação desprovida da moral, incapacitada de reformar as más tendências imantadas no ser reencarnante e refratária à mudança de caráter e enfatizam: “(...) se uma boa educação moral lhes tivesse ensinado a lei de Deus, não teriam caído nos excessos que os levaram à perda. E é disso, sobretudo, que depende o melhoramento do vosso globo” (Q. 889 de “OLE”).

O empecilho maior que dificulta a implantação da educação moral é a enraização do egoísmo das profundezas do homem, que “se enfraquecerá à proporção que a vida moral for predominante sobre a vida material e, sobretudo, com a compreensão, que o Espiritismo vos faculta, do vosso estado futuro, real e não desfigurado por ficções alegóricas” (Q. 917 de “OLE”).

Kardec, comentando a explanação dos Espíritos Superiores, diz que o egoísmo tem que ser “atacado em sua raiz, isto é, pela educação, não por essa educação que tende a fazer homens instruídos, mas pela que tende a fazer homens de bem. A educação, convenientemente entendida, constitui a chave do progresso moral. Quando se conhecer a arte de manejar os caracteres, como se conhece a de manejar as inteligências, conseguir-se-á corrigi-los, do mesmo modo que se aprumam plantas novas”.

A obra “Pedagogia Espírita”, Herculano Pires, afirma que “(...) Espiritismo é educação. Educação individual e educação em massa. (...) hoje, o Espiritismo se transformou em uma convicção de massas. Cumprindo assim um dos seus objetivos, de acordo com os postulados doutrinários e a previsão de Kardec, Denis, Delanne e seus companheiros, o Espiritismo de massas exige educação massiva”.

O fim precípuo da Doutrina Espírita é a instrução moral do homem. “O bem reinará na Terra quando, entre os Espíritos que a vêm habitar, os bons predominarem, porque, então, farão que aí reinem o amor e a justiça, fonte do bem e da felicidade. Por meio do progresso moral e praticando as leis de Deus é que o homem atrairá para a Terra os bons Espíritos e dela afastará os maus. Estes, porém, não a deixarão, senão quando daí estejam banidos o orgulho e o egoísmo” (Q. 1019 de “OLE”).

O reino de Deus na Terra terá como seus súditos os homens de bem, vivenciando o amor e a justiça. Para que esse estado de direito surja o mais rápido possível é necessária uma pedagogia integral, como a espírita, proporcionando os subsídios necessários para a suplantação dos flagelos morais que assolam o Planeta.

* PUBLICADO ORIGINALMENTE EM SETEMBRO DE 2015.

Nenhum comentário:

Postar um comentário