quinta-feira, 12 de abril de 2018

ANTES TARDE DO QUE NUNCA


          

 
           Qual a métrica imposta a fim de que algum fato ou ocorrência possa ser considerado tardio? Certamente a frustração de metas que estabeleçam um tempo para a concretização do planejamento. Não significa que o atingimento depois do programado seja de todo desastroso, mas é muito comum o transtorno da decepção sempre que o calendário não consegue seguir exatamente os planos que são pensados para ele. Antes Tarde do que Nunca revela uma espécie de sabedoria que impõe uma reflexão transformadora.

          Vão acontecer imprevistos em qualquer caminhada, diversos criados pela própria consciência que segue o caminho, exatamente pelas controvérsias que estão acopladas às vacilações que fazem parte da nossa lista de equipamentos emocionais. Todo planejamento posto em execução é uma estrada desconhecida, da qual temos apenas o mapa, mas é o território que estabelece a verdadeira velocidade da empreitada. Não é raro que no meio da expedição seja posto um veneno letal às expectativas de vitória, a pressa. E ainda pior, quem traz essa variável na qualidade de reforço não tem a mínima percepção de sua toxicidade para qualquer projeto em execução.
          Funcionando como uma busca ansiosa de resultados, a pressa perverte a lógica do traçado, cria desvios e apenas simula avanços. Jamais, sob qualquer de suas possibilidades, é capaz de produzir nenhum fruto completamente saudável, pois cuida de retirá-lo do talo antes que consiga amadurecer o suficiente. Escutá-la é lançar na lixeira boas idéias que necessitavam de suficiente tempo de fermentação para alcançar maturidade.
Por outro lado, vêem-se verdadeiros concertos de harmonia que, de forma inesperada, deixam de manter viabilidade por fatores que diretamente independem dos seus pares. Hora de refletir. Quando o curso de um caminho sofre modificações que extrapolam a capacidade de evitar, tais cataclismos, mortes ou doenças graves, necessário que se admita imediato a vulnerabilidade corporal e também se estabeleça uma plataforma de compreensão quanto ao que deixamos programado antes de reencarnar.
          Haverá quem traga na alma desejos e vocações que nem sempre serão respondidos a contento, apesar dos esforços contínuos estarem dirigidos para tais direções. O aprendizado nem sempre acontece quando se chega à plataforma pretendida, sim durante a caminhada. Aprender a caminhada é forte indício de alcançar o objetivo, mas o laboratório está em testar a capacidade de paciência para atingi-lo. Experiências malfadadas do passado exigem mais trabalho de campo e algumas desilusões para se concretizarem. Vale mais lapidar a alma na fornalha da dificuldade com a finalidade de conquistas definitivas, as quais trataremos de aproveitar sem desperdícios, pelo alto custo de trabalho e tempo empregados.
          Temos pretensões de aquisições que variam em dias, meses, anos, séculos. A pontualidade, segundo as nossas exigências, nem sempre será a regra. Façamos o melhor que pudermos certos de que toda gestação por mais que demore, um dia acaba, e nunca desistir da luta, pois sempre poderemos ir atrás dos sinais que a vida oferece. Sempre na certeza de que “antes tarde do que nunca”, demore quanto for. 



editorial do programa Antena Espírita de 08.04.2018

Nenhum comentário:

Postar um comentário