Antes do final do século 18, os casais não
recebiam da ciência a ajuda necessária para a resolução do problema da
infertilidade. Por meio da Reprodução Assistida “In Vivo”, um médico inglês,
Dr. John Hunter, obteve os primeiros resultados, embora de forma não
satisfatória, gerando baixo índice de sucesso. Certamente, muitos comentários
conflitantes surgiram, desde que, pela primeira vez, houve fecundação humana
sem a obrigatoriedade da prática sexual, o que, de forma alguma, poderia ser,
em tempo anterior, sequer ventilada. Se despontasse alguém, em transata época,
discorrendo a respeito dessa probabilidade, seria rotulado, certamente, como
lunático ou possuído pelo demônio.
A Inseminação Assistida “In Vivo” consiste na
injeção de espermatozoides móveis capacitados (aptos a fertilizar,
pós-tratamento do sêmen em laboratório), no órgão uterino após a indução da
ovulação. Em uma das técnicas, os espermatozoides são aplicados além do colo do
útero, possibilitando o aumento do número de gametas masculinos móveis
adentrando à cavidade uterina e, subsequentemente, atingir o terço distal da
Trompa de Falópio (hoje conhecida como Tuba Uterina), facilitando a fecundação.
Em casos de insucesso desse procedimento, de
impedimentos anatômicos na mulher ou de problemas na produção de óvulos ou
espermatozoides, pode-se recorrer, graças aos avanços da biotecnologia, à
Fertilização “In Vitro”, na qual a inseminação ocorre em laboratório, com o uso
dos gametas previamente colhidos do casal para a formação do embrião, sendo
este posteriormente implantado no interior do útero da mulher infértil.
Precisamente há 38 anos (25 de julho de 1978),
nascia em Bristol, Inglaterra, Louise Brown, o primeiro bebê-proveta do mundo.
Na América do Sul, exatamente no Brasil, o primeiro caso positivo de Reprodução
Assistida “In Vitro”, aconteceu em 7/10/1984, em São José dos Pinhais, Região
Metropolitana de Curitiba, no Paraná, vindo à luz uma menina, Anna Paula Caldeira.
A esterilidade pode ser definida como a
incapacidade de um casal em idade reprodutiva engravidar dentro de um ano,
mantendo relações sexuais ao menos seis vezes por mês, sem o uso de
contraceptivos. A Organização Mundial de Saúde (OMS) relata que 20% dos casais
têm algum problema de esterilidade: 30% desses problemas são das mulheres, 30%
dos homens, 30% dos dois e 10% são sem causa determinada.
BOX 1
- Consideração Espírita sobre a Causa da
Infertilidade
A Doutrina Espírita enfatiza que o acaso não
existe e que o homem é artífice do seu próprio destino, responsável por tudo
que pensa e faz, subordinado que está à Lei Divina, a qual não contempla
exceções, nem concessões, sendo justa e equânime. Se alguém comete alguma
infração, sofre, em consequência, uma punição, que lhe é outorgada no tribunal
da própria consciência, gerando remorso e vontade de reparação. O Mestre Jesus
afirmou: “A cada um segundo as suas obras” (Mateus 16:27) e “Em verdade vos
digo: Todo aquele que comete erro é escravo do erro” (João 8:34). Se operou
para o bem, será agraciado; se agiu para o mal, sofrerá os efeitos infelizes de
seus atos.
A pessoa portadora da infertilidade,
seguramente está passando por uma experiência expiatória, em nova vivência
reencarnatória, resgatando o erro cometido e desejando sobremaneira gerar e,
infelizmente, não conseguindo. A infração cometida alhures, em transatos
mergulhos na carne, tem relação com a violação dos direitos da vida,
incrementando pena de morte aos embriões e fetos, através do delituoso aborto.
O crime cometido contra o ser, em formação no cadinho materno, faz com que a
vestimenta espiritual dos agressores se macule com os miasmas criados. Voltando
à arena física, a lesão perispirítica pode se materializar consequentemente na
disfunção da infertilidade.
Contudo, Deus é Amor e chega o momento em que a
expiação pode ser vencida, conforme alude o Espírito Protetor Bernardim, em O
Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. V -27: “É certo que as vossas provas têm
de seguir o curso que lhes traçou Deus; dar-se-á, porém, conheçais esse curso?
Sabeis até onde têm elas de ir e se o vosso Pai misericordioso não terá dito ao
sofrimento de tal ou tal dos vossos irmãos: “Não irás mais longe? (…) Pode,
portanto, sem receio, empregar todos os esforços por atenuar o amargor da
expiação, certo, porém, de que só a Deus cabe detê-la ou prolongá-la, conforme
julgar conveniente”.
Com o avanço científico, há possibilidade de
ser vencida a esterilidade, embora somente para aqueles que já conquistaram o galardão
da vitória contra o mal, exatamente os que se tornaram merecedores da superação
da expiação. As chances de gravidez com Fertilização “In Vitro, por exemplo,
variam de 30 a 60%. De cada cem pacientes que recebem embriões, entre trinta e
sessenta conceberão. Mais de 4 milhões de espíritos já reencarnaram por
intermédio da Reprodução “In Vitro”, sendo que cerca de 25% das gravidezes são
gêmeos, o que corresponde a uma incidência bastante superior à das gravidezes
naturais em que o normal é surgir um par de gêmeos por cada 80 nascimentos. A
taxa de insucesso está em torno de 40% a 70%, verificando-se, portanto, a
permanência do comprometimento expiatório, manifestada na ausência da
embriogênese.
A Doutrina Espírita, relatando que a união do
espírito ao corpo começa na concepção (Questão 344 de “OLE”), está de acordo
com a doutrina clássica da Embriologia, a qual explana que o início da vida
humana começa na fecundação (1º cap. do livro Embriologia Clínica, de Keith L.
Moore). Do ponto de vista molecular, a primeira divisão do zigoto define o
nosso destino. Na primeira célula do embrião, dentro da molécula helicoidal do
DNA (ácido desoxirribonucleico), já está todo o potencial genético do
indivíduo, único e exclusivo, não havendo outro ser vivo igual àquele que está
iniciando seu processo de vida. Zigoto, mórula, blastocisto, gástrula e feto
são fases de um desenvolvimento contínuo do ser humano. Uma única célula
formando 100 milhões de outras, constituindo órgãos e sistemas. Mais um motivo
para não exterminar o ser em crescimento, no cadinho materno, através do
execrável crime do aborto.
BOX 2 - Situação Espiritual do
Bebê de Proveta
A literatura científica já registrou um caso,
ocorrido em Israel, de nascimento de bebês a partir de embriões congelados que
permaneceram criopreservados (nitrogênio líquido: 196°C negativos) por 12 anos.
Trabalhos anteriores revelavam período de tempo de 7 anos, nascendo
normalmente. A Doutrina Espírita ensina na questão 356 de “OLE” que o ser que
vive após o nascimento tem forçosamente encarnado em si um espírito. Portanto,
pode haver a presença de espíritos ligados aos embriões congelados, até mesmo
em um período longo de permanência.
O momento em que o ser espiritual se liga ao
organismo em início de desenvolvimento, segundo André Luiz, ocorre cerca de um
quarto de hora após a fusão dos gametas (Missionários da Luz - cap. 13). É
importante frisar que, normalmente, os embriões são congelados quando atingem 2
a 8 dias, em plena divisão celular.
Uma questão, certamente, pode ser formulada a
respeito da situação do espírito ligado a um embrião preservado no nitrogênio
durante anos, preparado para inserção no útero. A Codificação Kardeciana
enfatiza, na resposta da questão 351 de “OLE”, que a entidade reencarnante goza
mais ou menos de todas as suas faculdades, conforme o ponto em que se ache da
fase compreendida entre a concepção e o nascimento, porquanto ainda não está
encarnado, mas apenas ligado. É ensinado que “a partir do instante da fecundação,
começa o espírito a ser tomado de perturbação, que o adverte de que lhe soou o
momento de começar nova existência corpórea. Quanto mais perto estiver do
nascimento, maior lhe será o transtorno, pois que suas ideias se apagam, assim
como a lembrança do passado, do qual deixa de ter consciência na condição de
homem, logo que entra na vida. Essa lembrança, porém, lhe volta pouco a pouco
ao retornar ao estado de espírito. No intervalo entre a concepção e o
nascimento, seu estado é similar ao de um espírito encarnado durante o sono”.
Os Espíritos, encaminhados para a reencarnação
nessas condições, certamente como não existe o acaso, necessitam vivenciar essa
devida experiência provacional (presos aos embriões durante anos). Podem ser
Espíritos suicidas ligados aos embriões congelados em processo de drenagem dos
miasmas do períspirito para o amontoado celular.
Na obra Atualidade do Pensamento Espírita, o
espírito Vianna de Carvalho, através do médium Divaldo Pereira Franco, responde
à seguinte pergunta: – Nos casos de embriões congelados, já em estados
avançados de desenvolvimento, estariam a eles ligados espíritos, esperando a
retomada do processo para fins reencarnacionistas? A resposta: “Não
necessariamente. Em alguns casos, espíritos que pensaram burlar a Lei da Vida,
fugindo das provações pelo caminho falso do suicídio, permanecem em
semi-hibernação, aguardando oportunidade para recomeço da experiência, e esse
período lhes constitui a expiação a que fazem jus. O desenvolvimento que ocorre
em alguns experimentos é espontâneo, resultado do automatismo biológico, mas
que não culminam em êxito”.
O médium Raul Teixeira, na Revista Espírita
Allan Kardec, assim se manifestou: “Entidades espirituais devedoras da
sociedade se oferecem para vir atender ao progresso da Ciência. Dessa forma,
são ligadas a esses embriões para que vivam hermeticamente vinculadas a eles,
num processo de mutismo, enquanto o embrião estiver congelado. Nesse trabalho
de servir à Ciência, eles podem conseguir o progresso, ao invés de renascerem
na Terra e sofrerem situações de enfermidades variadas durante largos anos.
Muitos homicidas, suicidas e ovoides se encontram nessa faixa de sofrimento”.
A Questão 345 de “OLE” é valiosíssima para o
assunto em tela, porquanto há muito insucesso na Reprodução Assistida,
porquanto “a união do espírito com o corpo, desde o momento da concepção, não é
definitiva, podendo renunciar a habitar o corpo que lhe está destinado.
Portanto, os laços fluídicos que o prendem ao embrião facilmente podem ser
rompidos”.
BOX 3
- Fetos sem Espíritos
A Doutrina Espírita assevera (“OLE” - Q. 356)
que pode haver formação de corpos que jamais tiveram um espírito destinado,
seguindo o curso das leis biológicas, porém não sobrevivem, vem a lume já
mortos. Inclusive, a Codificação Kardeciana afirma que esses seres, destituídos
de espíritos, são “simples massa de carne sem inteligência, tudo o que
quiserdes, exceto um homem” (Q.136-b de “OLE”). Se, por conseguinte, “a vida
orgânica pode animar um corpo sem alma” (Q. 136-a), alguns bebês de provetas,
sem a presença essencial do campo extrafísico, podem vir a termo, “algumas
vezes”, mas não sobrevivem (nascem mortos) e certamente se apresentarão
desfigurados, verdadeiros monstros, tratando-se de prova para os pais (Q.356 de
“OLE”). Qualquer criança que nasça com vida, segundo o Espiritismo, tem
forçosamente encarnado em si um Espírito. Se assim não acontecesse, não seria
um ser humano (Q. 356-b).
Como explicar a formação de um feto sem o campo
organizador espiritual? Primeiramente, a presença de 200 a 500 milhões de
espermatozoides, vibrando intensamente junto ao óvulo, certamente forma um
campo de força, propício à formação inicial das células embrionárias, a partir
do ovo ou zigoto. Na intimidade das células reprodutoras pulula energia
incomensurável, constituindo-se em verdadeiro estopim da "bomba de
sódio-potássio", patrocinando a vida orgânica com ou sem a presença do
espírito. A estruturação somática acontece no cadinho celular, através do
metabolismo induzido pela troca iônica, denominada de "bomba de
sódio-potássio", desenvolvendo uma diferença de potencial elétrico,
contribuindo para o funcionamento da célula e, por conseguinte, do corpo em sua
totalidade.
Essa eletricidade gerada, animalizada, está bem
de acordo com a tese do princípio vital, descrita genialmente por Kardec, no
século XIX, em A Gênese, cap. X, nº.19, dizendo que "esse princípio seria
uma espécie particular de eletricidade animal", totalmente de acordo com o
pensamento científico atual.
Na obra Evolução em dois Mundos (pág. 195), o
espírito André Luiz traz mais subsídios, esclarecendo que “nas gestações
frustras, quando não há espírito reencarnante para arquitetar as formas fetais,
o fenômeno obedece aos moldes mentais maternos, impregnando as células
reprodutivas com elevada percentagem de atração magnética pela qual consegue
formar com o auxílio da célula espermática um embrião frustrado que se
desenvolve, embora inutilmente, (...) que lhe respondem aos apelos segundo os
princípios de automatismo e reflexão...”
A Reprodução Assistida “In Vitro” é abalizada
pela Codificação. O insigne Kardec indaga: – Poderia dar-se não haver Espírito
que aceitasse encarnar numa criança que houvesse de nascer? A resposta pronta e
objetiva se fez presente: – Deus a isso proveria. Quando uma criança tem que
nascer vital, está predestinada sempre a ter uma alma. Nada se cria sem que à
criação presida um desígnio (Q.336 de “OLE”).
Depois de milênios de obscurantismo científico
e religioso, amalgamado com a ciência, o Espiritismo surgiu materializando a
promessa da vinda do “Consolador Prometido” por Jesus, esclarecendo, sob o
ponto de vista espiritual, assuntos científicos de difícil abordagem e
compreensão à luz da religião.
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