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E VIVA A VIDA!



        



         Existe uma única vida. Fomos agraciados por Deus, não por criação e sim por evolução com o direito de viver eternamente. Se houve um começo pouco importa como, apenas interessa que não há um fim. Tanto faz se na Terra ou em qualquer outro lugar desse espaço infinito haveremos de estar. Nesse tempo presente ocupamos o nosso pedaço de chão que corresponde exatamente ao que precisamos para escalar os obstáculos emocionais que projetamos com as atitudes e decisões do passado.
          Existe uma única vida. As existências, no entanto se contam a perder da própria conta. Trocamos de gênero, de profissão, de papel social, de postura política, de tudo e um pouco mais aprendemos universos afora, tangidos pela estrada de aperfeiçoamento que foi traçada com a finalidade de passarmos da simplicidade e ignorância aos ápices da angelitude. Convivemos com quantos pais, filhos, esposos e esposas, amigos, nesse meio tempo? Milhares e tecemos uma teia poderosa de relacionamentos que nos azeitam o projeto compartilhado.

          Existe uma única vida. Retomamos toda vez que afundamos no corpo físico com as indefinições que deixamos para trás, numa continuidade. Ação produzida, reação deflagrada. Por mais que demore, e às vezes demora, chega o momento de ajuste de contas. Não há injustiça, tudo está exatamente no ponto que a responsabilização indica, sem perdões e sem castigos, com a vestimenta que é a maior chancela que o poder divino nos confere, a da oportunidade.
          Existe uma única vida. Isso é para festejar, sem lamentos. Saber que somos e seremos é o maior dos motivos de celebração. O que pensarmos ou fizermos, seja lá o que for, jamais nos retirará do cenário. Se hoje podemos olhar os seres iluminados que aprendemos a respeitar, em qualquer campo do desenvolvimento humano, algo nos diz que é possível alcançar o mesmo patamar em que os observamos. É só uma questão de tempo e trabalho e depende simplesmente dos caminhos que escolhemos para ser mais ou menos rápida tal ascensão.
          Existe uma única vida. Fazemos parte do Universo, com o qual convivemos em permuta constante. Aspiramos e transpiramos com a Natureza numa pulsação rítmica que estabelece as rotinas que envolvem os acontecimentos que variam do mais simples aqueles mais complexos e definem os grupamentos que elegemos para se manter em nossa proximidade. Ouvimos e somos ouvidos enquanto o grande mecanismo do Tempo amplia o cântico da imortalidade para além dos nossos sentidos materiais, mas fieis à sintonia que emitimos.
          Existe uma única vida. Adotar uma trajetória exige esforço, renúncia, perdas. Não adianta deixar para depois. Não é permitido fugir. Decisões doem, mas são obrigatórias, com elas escolhemos as paisagens que determinam o nosso caminho. Saber-se numa vida que não cessa deve ser motivo de alegria, apesar das inconveniências que se antepõem à nossa felicidade. A estrada não tem fim, felizmente. Deus assim o quis para que tivéssemos a infinitude para descobrir a grandeza que há em cada um de nós. 

Editorial do programa Antena Espíritade 25.02.2018.

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