Em 1978, durante a reunião do “CFN” Conselho
Federativo Nacional (colégio cardinalício) da FEB, um representante da FEEES-
Federação espírita do estado de Espírito Santo defendeu a transformação do”
CFN” (colégio cardinalício) - numa Confederação Espírita Brasileira. Porém, Francisco Thiesen, então presidente da
FEB, ameaçou pronunciando que a FEB jamais transformaria o “CFN” (colégio
cardinalício) numa Confederação porque o “CFN” (colégio cardinalício) era um
órgão de [“propriedade”] da FEB. Entretanto, afirmou que os presidentes das
federações estaduais eram livres para se reunirem fora do “CFN” (colégio
cardinalício) e criarem uma Confederação Espírita Brasileira.
Como no Brasil tudo é peculiar, os dirigentes
das federações estaduais continuam achando “delicioso” se submeterem ao
autoritarismo febiano. Exceto o brioso
Gelio Lacerda da Silva, ex-presidente da FEEES – Federação espírita do
Espírito Santo, que narra na obra “Conscientização espírita”[1], “a direção da
FEB na pessoa do vice-presidente, Sr.
Juvanir Borges de Souza, ao término da reunião do Conselho Federativo Nacional
“CFN” (colégio cardinalício), em Brasília, de julho de 1980, me advertiu
dizendo que a reforma estatuária da FEEES fechou as portas a Roustaing e que,
se não fosse mudado, a FEB cancelaria a adesão
da FEEES ao “CFN” (colégio
cardinalício)”.
Lacerda acrescenta que a “FEB vem tomando
atitudes arbitrárias e ameaçadoras dessa natureza, isso ao longo de sua
existência, sob o olhar dulcificado e complacente dos dirigentes das
federativas estaduais. Gelio afirma que com a FEB o movimento espírita vive sob
regime de liberdade vigiada”. [2]
Mas Deus é justo. Para quem não sabe, me apraz
informar que o ex-prestigioso parque gráfico febiano, localizado em São
Cristóvão, Rio de Janeiro, faliu (encerrou suas atividades) por intervenção,
obra e graça da Providência divina.
Vivemos novos tempos. Creio que a era virtual,
das redes sociais e de outras plataformas da internet despedaçaram a supremacia
da FEB e das federações estaduais. Hoje em dia, nenhum estudioso ou adepto do
Espiritismo necessita dessas entidades antiquadas. Em verdade a Doutrina dos
Espíritos tem chegado a incomensurável número de adeptos, graças ao novo
paradigma da difusão das obras de Allan Kardec.
Prevemos uma era de união espontânea, bom
ânimo, coragem e sabedoria dos espíritas em torno das obras codificadas por
Kardec, e obviamente distantes da chibata da “uniformização”, que é o farol da
infausta “unificação” federada. Deste modo, temos observado que afastados das
“cúpulas federativas infalíveis” vige maior fraternidade entre os espíritas.
Hoje se acolhe e se convive com diversos modos diferentes de abranger,
interpretar e vivenciar o projeto da Terceira Revelação.
Como dizia Chico Xavier – “É preciso fugir da
tendência à “elitização” no seio do movimento espírita. É necessário que os
dirigentes espíritas, principalmente os ligados aos órgãos federativos,
compreendam e sintam que o Espiritismo veio para o povo e com ele dialogar. É
indispensável que estudemos a Doutrina Espírita junto com as massas, que amemos
a todos os companheiros, mas sobretudo, aos espíritas mais humildes social e
intelectualmente falando e deles nos aproximarmos com real espírito de
compreensão e fraternidade. Mais do que justo evitarmos isso, a “elitização” no
Espiritismo, isto é, a formação do “espírito de cúpula”, com evocação de
infalibilidade, em nossas organizações. [3]
Ora sabemos que no “espírito de cúpula” e
“evocação de infalibilidade”, o primeiro decorre do segundo. Considerar-se
“infalível” e superior aos outros é o que caracteriza a prepotência. Chico
aponta com coragem que estes problemas estão acontecendo nos “órgãos federativos”.
Por que Chico fez tal confissão? Por causa do distanciamento da “cúpula” dos
espíritas deserdados. Pela excessiva centralização hierárquica e destruição dos
canais de diálogo da maioria das federações com a comunidade pobre dos
espíritas de periferia. “Sinceramente, não conseguimos compreender o
Espiritismo, sem Jesus e sem Kardec para todos, com todos, e ao alcance de
todos, a fim de que o projeto da Terceira Revelação alcance os fins a que se
propõe”. [4]
Referências bibliográficas:
[1]DA
SILVA, Gelio Lacerda. Conscientização espírita, 1ª. edição, SP: EME editora
1995
[2]
Idem
[3]cf.
Entrevista concedida ao dr. Jarbas leone varanda e publicada no jornal
uberabense o triângulo espírita, de 20 de março de 1977, e publicada no livro
intitulado encontro no tempo, org. Hércio m. C. Arantes, editora Ide/SP/1979.
[4]Idem
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