Pular para o conteúdo principal

NA DIMENSÃO ESPIRITUAL NADA ACABA EM PIZZA






 A nação brasileira passa por momentos graves, quando a corrupção se dissemina e atinge uma intensidade que envergonha a todos os que vivem em nosso País e, igualmente, no estrangeiro. Ao mesmo tempo, uma crise econômica de grande proporção enfraquece o poder aquisitivo do povo, tornando-o mais pobre. A inflação dispara, a moeda se desvaloriza.

Diariamente, as notícias veiculadas revelam a podridão moral que avassala a Petrobrás, a qual se encontra em grave crise e sofrendo intensa desvalorização de suas ações. Louva-se o trabalho bem desenvolvido da Polícia Federal e dos resultados satisfatórios das investigações. No momento em que o cerco se amplia, com muitos políticos sendo investigados e com a possibilidade futura de se chegar até à intimidade do Poder Executivo, o povo, descrente e desesperado, vai para a rua, em gloriosa e histórica manifestação. Contudo, a dúvida paira em todos os setores da população, não acreditando que as punições aconteçam, ainda mais com o envolvimento agora do Poder Legislativo. Então, há possibilidade de, mais uma vez, as penas se tornarem brandas ou nada acontecer e acabar tudo, como diz o ditado popular, em pizzas.


As leis humanas são falhas e sujeitas à intimidação dos poderosos. Contudo, surgindo o final da vida, a morte nivela todas as pessoas, atingindo os ricos e os pobres, os honrados e os desonestos, os portadores de cargos públicos de alta responsabilidade, como até os indivíduos mais simples. Chegando o momento propício do decesso corporal, ninguém encontrará no outro lado da vida o seu paraíso fiscal, porquanto nada poderá levar para o outro mundo de bens físicos e o que vai valer de verdade é o estado de sua consciência.

Na vivência da carne, o indivíduo pode enganar à vontade, dissimulando suas emoções com facilidade, esquivando-se com subterfúgios, utilizando-se de sofismas como a argumentação de que o dinheiro alheio é necessário para manter seus partidos políticos e até tentar a explicação de que a corrupção sempre existiu como se fosse normal ser desonesto.

Na dimensão extrafísica, o poder judiciário é verdadeiramente “supremo”, porquanto “o que dá as cartas na mesa” é exatamente a Lei Divina e que insere precisamente na consciência de cada um. Nos arraiais da Espiritualidade, não há possibilidade de enganar, de fingir, de aparentar honestidade, porquanto o veículo da comunicação é o pensamento. O ser se revela como ele realmente é sem haver chance de simulação.

Se na dimensão física foi um corrupto que se locupletou de dividendos roubados refletirá, na Espiritualidade, todo o mal que praticou, porquanto seu julgamento é realizado em um tribunal situado dentro de si mesmo, acarretando um sofrimento atroz. Nesse momento, estando desencarnado, sem a limitação que o corpo físico lhe proporciona, a aflição parece que nunca terá fim, que nunca mais acabará. Daí a expressão “pena eterna” ou “fogo eterno”, citada emblematicamente no Evangelho (Mateus 18:8).

Disse o Mestre Jesus: “Ai de vós os que estais agora fartos! Porque vireis a ter fome. Ai de vós os que agora rides! Porque haveis de lamentar e chorar. Ai de vós quando todos vos louvarem! (Lucas 6: 25-26).

No livro Recordações da Mediunidade, escrito pela estimada e saudosa Yvonne Pereira, há um diálogo bem significativo em relação ao tema em tela. A médium pergunta a um Espírito sofredor: “- Quem te vem punindo, Deus?” O ser respondeu: “- Oh! Como podes julgar que Deus pune alguém? Quem me pune sou eu mesmo, é a Lei de Causa e Efeito, é a minha consciência, o desajuste em que me sinto à frente da harmonia universal...” (pág. 127, FEB).

A D.E., amalgamada com o Evangelho de Jesus, ensina que os atos maléficos acarretam dívidas (“A cada um segundo suas obras”), as quais terão de ser expurgadas dos refolhos do ser. Portanto, apoderar-se de bens alheios faz com que, após a desencarnação, o indivíduo vivencie um tenebroso sofrimento e tenha que reencarnar para reparar os seus erros e ressarcir suas vítimas. Se as infrações lesam milhões de pessoas, o resgate será indiscutivelmente intenso, porquanto o corpo espiritual é lesado proporcionalmente de acordo com a responsabilidade assumida, dos créditos recebidos e da gravidade das faltas cometidas. Afinal, fazer parte dos Poderes do Executivo, do Legislativo e do Judiciário, que são responsáveis por proporcionar o bem-estar de milhões de pessoas, oferece a oportunidade da conquista de veemente crescimento espiritual, como igualmente a chance de um fracasso desolador. Portanto, o povo brasileiro deve de se manifestar à vontade e tem que fazê-lo, pois é vergonhoso tanto roubo, quando os impostos cobrados são escandalosos e o retorno para o povo é insignificante: saúde doente, educação deficiente, pensões diminutas em relação ao dinheiro recolhido, transporte caro e ruim e muito mais deficiências e omissões.

A D.E., revivendo o excelso Evangelho de Jesus, enfatizando a prática do perdão, ensina que, mesmo quando é intensamente prejudicado, o ser deve se manifestar de forma pacífica, sem caminhar para a violência e orar com veemência pelos algozes, pois a pena espiritual que lhes espera é de grande proporção. Contudo, “Deus é Amor” e, no decurso das vivências físicas sucessivas, terão a chance de expurgar suas deficiências, paulatinamente, através de expiações marcantes, principalmente ostentando deformidades congênitas ou portando doenças psiquiátricas ou vivenciando a miséria total, e que, a seguir, no curso das reencarnações, poderá surgir a oportunidade, tendo a aptidão necessária, de purificar-se de forma mais intensa, praticando intensamente “o amor que cobre multidão de erros”, pois “é dando que se recebe , é perdoando que se é perdoado”.

A semeadura é livre, a colheita é obrigatória.

Reencarnação ou Inferno Eterno

E agora? A Teologia dogmática ressalta a existência de uma punição eterna para os infratores da Lei Divina, porém o Evangelho do Cristo, estudado não pela “letra que mata, mas pelo espírito que vivifica” (2-Coríntios 3:6), indica o caminho da misericórdia do Pai. Um discípulo perguntou a Jesus: “- Senhor, até quantas vezes meu irmão pecará contra mim, que eu lhe perdoe? Até sete vezes?” Respondeu-lhe o Cristo: “- Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete” (Mateus 18: 21-22).

Esta afirmativa de Jesus mostra quão incomensurável é o amor de Deus para todos os seus filhos. Como pode um pai castigar para sempre um fruto da Sua Seara? Disse o Mestre: “Qual dentre vós é o homem que se porventura o filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou se lhe pedir um peixe, lhe dará uma serpente? Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai que está nos Céus...” (Mateus 7: 9-11). O amor desmedido do Criador sobre todas as Suas criaturas foi bem exemplificado nesses ensinamentos de Jesus. A antítese desse amor divino é a existência de uma única vida com constituição de laços de família e amizade que se desfazem por toda a eternidade, após a fixação definitiva das almas equivocadas no inferno eterno.

Se Deus é Amor (1 João 4:8), que amor é esse que separa para sempre, sem esperança de jamais se reunirem: pais, mães, irmãos, parentes e amigos? Como pode existir felicidade no céu, sabendo-se que inúmeros irmãos sofrem por todo o sempre no inferno? Há correntes religiosas que ensinam um esquecimento total por parte daqueles que conquistaram o paraíso; havendo, portanto, perda da individualidade, acarretando-se a formação de seres sem vontade própria, verdadeiros fantoches à mercê do seu Criador, que praticaria, após o julgamento final, uma completa “lavagem cerebral” nos seus eleitos, vitoriosos no processo da salvação.

Se existissem mesmo as penas eternas, haveria contradição no que está contido, em Mateus 5: 25-26: “Entra em acordo sem demora com o teu adversário enquanto estás com ele a caminho, para que o adversário não te entregue ao juiz, o juiz ao oficial de justiça e sejas recolhido à prisão. Em verdade, te digo que não sairás dali enquanto não pagares o último centavo”. Portanto, a prisão é transitória, a pena não é perpétua e existem meios de serem pagas as dívidas contraídas, através de novas oportunidades que a reencarnação (“nascer de novo”) proporciona. O próprio Cristo visitou e pregou aos Espíritos em prisão (1-Pedro 3: 19), revelando o amor incomensurável do Pai para com todas as criaturas, sejam elas boas ou más, justas ou injustas.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

PESTALOZZI E KARDEC - QUEM É MESTRE DE QUEM?¹

Por Dora Incontri (*) A relação de Pestalozzi com seu discípulo Rivail não está documentada, provavelmente por mais uma das conspirações do silêncio que pesquisadores e historiadores impõem aos praticantes da heresia espírita ou espiritualista. Digo isto, porque há 13 volumes de cartas de Pestalozzi a amigos, familiares, discípulos, reis, aristocratas, intelectuais da Europa inteira. Há um 14º volume, recentemente publicado, que são cartas de amigos a Pestalozzi. Em nenhum deles há uma única carta de Pestalozzi a Rivail ou vice-versa. Pestalozzi sonhava implantar seu método na França, a ponto de ter tido uma entrevista com o próprio Napoleão Bonaparte, que aliás se mostrou insensível aos seus planos. Escreveu em 1826 um pequeno folheto sobre suas ideias em francês. Seria quase impossível que não trocasse sequer um bilhete com Rivail, que se assinava seu discípulo e se esforçava por divulgar seu método em Paris. Pestalozzi, com seu caráter emotivo e amoroso, não era de ...

A DOR DO FEMINICÍDIO NÃO COMOVE A TODOS. O QUE EXPLICA?

    Por Ana Cláudia Laurindo A vida das mulheres foi tratada como propriedade do homem desde os primevos tempos, formadores da base social patriarcal, sob o alvará das religiões e as justificativas de posses materiais em suas amarras reprodutivas. A negação dos direitos civis era apenas um dos aspectos da opressão que domesticava o feminino para servir ao homem e à família. A coroação da rainha do lar fez parte da encenação formal que aprisionou a mulher de “vergonha” no papel de matriz e destituiu a mulher de “uso” de qualquer condição de dignidade social, fazendo de ambos os papéis algo extremamente útil aos interesses machistas.

TRÍPLICE ASPECTO: "O TRIÂNGULO DE EMMANUEL"

                Um dos primeiros conceitos que o profitente à fé espírita aprende é o tríplice aspecto do Espiritismo – ciência, filosofia e religião.             Esse conceito não se irá encontrar em nenhuma obra da codificação espírita. O conceito, na realidade, foi ditado pelo Espírito Emannuel, psicografia de Francisco C. Xavier e está na obra Fonte de Paz, em uma mensagem intitulada Sublime Triângulo, que assim se inicia:

UM POUCO DE CHICO XAVIER POR SUELY CALDAS SCHUBERT - PARTE II

  6. Sobre o livro Testemunhos de Chico Xavier, quando e como a senhora contou para ele do que estava escrevendo sobre as cartas?   Quando em 1980, eu lancei o meu livro Obsessão/Desobsessão, pela FEB, o presidente era Francisco Thiesen, e nós ficamos muito amigos. Como a FEB aprovou o meu primeiro livro, Thiesen teve a ideia de me convidar para escrever os comentários da correspondência do Chico. O Thiesen me convidou para ir à FEB para me apresentar uma proposta. Era uma pequena reunião, na qual estavam presentes, além dele, o Juvanir de Souza e o Zeus Wantuil. Fiquei ciente que me convidavam para escrever um livro com os comentários da correspondência entre Chico Xavier e o então presidente da FEB, Wantuil de Freitas 5, desencarnado há bem tempo, pai do Zeus Wantuil, que ali estava presente. Zeus, cuidadosamente, catalogou aquelas cartas e conseguiu fazer delas um conjunto bem completo no formato de uma apostila, que, então, me entregaram.

EU POSSO SER MANIPULADO. E VOCÊ, TAMBÉM PODE?

  Por Maurício Zanolini A jornalista investigativa Carole Cadwalladr voltou à sua cidade natal depois do referendo que decidiu pela saída da Grã-Bretanha da União Europeia (Brexit). Ela queria entender o que havia levado a maior parte da população da pequena cidade de Ebbw Vale a optar pela saída do bloco econômico. Afinal muito do desenvolvimento urbanístico e cultural da cidade era resultado de ações da União Europeia. A resposta estava no Facebook e no pânico causado pela publicidade (postagens pagas) que apareciam quando as pessoas rolavam suas telas – memes, anúncios da campanha pró-Brexit e notícias falsas com bordões simplistas, xenofobia e discurso de ódio.

OS FILHOS DE BEZERRA DE MENEZES

                              As biografias escritas sobre Bezerra de Menezes apresentam lacunas em relação a sua vida familiar. Em quase duas décadas de pesquisas, rastreando as pegadas luminosas desse que é, indubitavelmente, a maior expressão do Espiritismo no Brasil do século XIX, obtivemos alguns documentos que nos permitem esclarecer um pouco mais esse enigma. Mais recentemente, com a ajuda do amigo Chrysógno Bezerra de Menezes, parente do Médico dos Pobres residente no Rio de Janeiro, do pesquisador Jorge Damas Martins e, particularmente, da querida amiga Lúcia Bezerra, sobrinha-bisneta de Bezerra, residente em Fortaleza, conseguimos montar a maior parte desse intricado quebra-cabeças, cujas informações compartilhamos neste mês em que relembramos os 180 anos de seu nascimento.             Bezerra casou-se...

RECORDAR PARA ESQUECER

    Por Marcelo Teixeira Esquecimento, portanto, como muitos pensam, não é apagamento. É resolver as pendências pretéritas para seguirmos em paz, sem o peso do remorso ou o vazio da lacuna não preenchida pela falta de conteúdo histórico do lugar em que reencarnamos reiteradas vezes.   *** Em janeiro de 2023, Sandra Senna, amiga de movimento espírita, lançou, em badalada livraria de Petrópolis (RJ), o primeiro livro; um romance não espírita. Foi um evento bem concorrido, com vários amigos querendo saudar a entrada de Sandra no universo da literatura. Depois, que peguei meu exemplar autografado, fui bater um papo com alguns amigos espíritas presentes. Numa mesa próxima, havia vários exemplares do primeiro volume de “Escravidão”, magistral e premiada obra na qual o jornalista Laurentino Gomes esmiúça, com riqueza de detalhes, o que foram quase 400 anos de utilização de mão de obra escrava em terras brasileiras.

O ESTUDO DA GLÂNDULA PINEAL NA OBRA MEDIÙNICA DE ANDRÉ LUIZ¹

Alvo de especulações filosóficas e considerada um “órgão sem função” pela Medicina até a década de 1960, a glândula pineal está presente – e com grande riqueza de detalhes – em seis dos treze livros da coleção A Vida no Mundo Espiritual(1), ditada pelo Espírito André Luiz e psicografada por Francisco Cândido Xavier. Dentre os livros, destaque para a obra Missionários da Luz, lançado em 1945, e que traz 16 páginas com informações sobre a glândula pineal que possibilitam correlações com o conhecimento científico, inclusive antecipando algumas descobertas do meio acadêmico. Tal conteúdo mereceu atenção dos pesquisadores Giancarlo Lucchetti, Jorge Cecílio Daher Júnior, Décio Iandoli Júnior, Juliane P. B. Gonçalves e Alessandra L. G. Lucchetti, autores do artigo científico Historical and cultural aspects of the pineal gland: comparison between the theories provided by Spiritism in the 1940s and the current scientific evidence (tradução: “Aspectos históricos e culturais da glândula ...

O GRANDE PASSO

                    Os grandes princípios morais têm características de universalidade e eternidade, isto é, servem para todos os quadrantes do Universo, em todos os tempos.          O exercício do Bem como caminho para a felicidade é um exemplo marcante, sempre evocado em todas as culturas e religiões:          Budismo: O caminho do meio entre os conflitos e a dor está no exercício correto da compreensão, do pensamento, da palavra, da ação, da vida, do trabalho, da atenção e da meditação.          Confucionismo: Não se importe com o fato de o povo não conhecê-lo, porém esforce-se de modo que possa ser digno de ser conhecido.          Judaísmo: Não faça ao próximo o que não deseja para si.     ...

A PROPÓSITO DO PERISPÍRITO

1. A alma só tem um corpo, e sem órgãos Há, no corpo físico, diversas formas de compactação da matéria: líquida, gasosa, gelatinosa, sólida. Mas disso se conclui que haja corpo ósseo, corpo sanguíneo? Existem partes de um todo; este, sim, o corpo. Por idêntica razão, Kardec se reportou tão só ao “perispírito, substância semimaterial que serve de primeiro envoltório ao espírito”, [1] o qual, porque “possui certas propriedades da matéria, se une molécula por molécula com o corpo”, [2] a ponto de ser o próprio espírito, no curso de sua evolução, que “modela”, “aperfeiçoa”, “desenvolve”, “completa” e “talha” o corpo humano.[3] O conceito kardeciano da semimaterialidade traz em si, pois, o vislumbre da coexistência de formas distintas de compactação fluídica no corpo espiritual. A porção mais densa do perispírito viabiliza sua união intramolecular com a matéria e sofre mais de perto a compressão imposta pela carne. A porção menos grosseira conserva mais flexibilidade e, d...