Pular para o conteúdo principal

PESSOA CERTA, NO LUGAR CERTO. QUEM É?¹



               
               Há um adágio que retrata a justa medida do destaque e importância do desempenho de alguém em qualquer atividade que realiza: “estrelas não impõem o seu brilho, o seu entorno é que as percebe naturalmente brilhando”.
            Homens e mulheres que se destacam na multidão não o fazem apenas porque o desejem ou imponham. Certamente há os que intentam impor e aparentemente conseguem por algum tempo manter as aparências pretendidas, até que a máscara cai. Simplesmente porque máscaras são feitas para cair.
            O que faz de alguém uma celebridade entre os seus convivas, chamados às trocas necessárias em qualquer relacionamento é o incondicional respeito às convicções e a indiscutível honestidade de princípios que alimenta na condução de qualquer empreendimento que leve à execução. Diferente do que somos levados a aceitar, pelos meios de comunicação da grande mídia, a celebridade não é uma figura que aparece com frequência independente do noticiário que acompanha a sua imagem. Há quem crie ruídos para ser visto, sem que qualquer motivo relevante sirva de base com a intenção de ser alçado ao prestígio.
            Vivemos uma época em que a vaidade e a ambição se associam de forma a criar caricaturas humanas. Facilmente muda-se de opinião e sem remorsos vira-se as costas para fatos e ideias que antes eram vistas como importante e é lógico que se diga sobre a grande importância em aceitar como necessária a ocorrência de mudanças. O problema é quando essa mudança tem como controle gravitacional a cicatriz umbilical de quem alucina mudar sem apreciar os desastres sociais e humanos que produz ao derredor.
            O poder humano confere caminhos de satisfação que passam pela adulação hipócrita por parte dos oportunistas de ocasião. Aceitação é algo mais profundo. Quando examinamos as biografias de Gandhi, Martin Luther King, entre outros que ocuparam espaço nos noticiários de sua época, vemos pessoas que se moveram em direção a uma causa que julgaram ser superior a eles mesmos. Esses foram estrelas e por isso não precisaram propagandear serem as pessoas certas no lugar certo, eles apenas eram essas pessoas. Não buscaram holofotes, tampouco precisaram transigir com a verdade como pano de fundo de suas pretensões. Pese contra eles o fato de lutarem contra o status e enfrentarem todo o peso do ódio que acabou por assassiná-los em plena atividade pacifista, inconformados os seus opositores em verem tanto brilho que se impunha pela autoridade moral.
            O que faz alguém ser a pessoa certa no lugar certo é a capacidade de aceitar que podemos compor com as pessoas um concerto de buscas em que todos se beneficiem. Entender que alcançar as suas metas significa abrir espaços para o congraçamento de todos, mesmo que nos falte poder para mover grande número de pessoas. A maior necessidade, nesse caso, é ajustar a própria conduta. Resta ainda espaço um para render homenagem a um homem, uma estrela sem jamais imaginar-se como tal, que deixou na Terra as suas luzes, e nascido em 02/04/1910 ficou conhecido pelo mundo afora como simplesmente Chico Xavier, um exemplo de Pessoa Certa no Lugar Certo.      

¹ editorial do programa Antena Espírita de 02.04.2017

Comentários

  1. excelente texto. obrigado pela oportunidade de beber destes ensinamentos.

    ResponderExcluir
  2. O texto em foco diz muito da missão de cada um dos seres humanos aqui na terra. Ninguém muda a missão que lhe foi confiada. Muitos podem chegar a cumpri-la a contento. Outro tanto não conseguem sequer fazer esforços para iniciar o bom andamento desse encargo que lhe foi destinado por Deus. Aqui entra o livre arbítrio, segundo o qual posso optar entre o azul e o vermelho, entre o sólido e o líquido, entre o bem o mal. Para que qualquer luz acenda e brilhe é preciso que a sua fonte de abastecimento trabalhe, seja ela a máquina, seja o homem.
    É sabido que cada um colhe os frutos que planta: o preguiçoso colhe os frutos secos de sua desídia; o diligente e trabalhador é aquinhoado com frutos bem mais viçosos e que podem aplacar a fome de muitos outros homens. O episódio que envolveu Caim e Abel também explica esse ponto de vista.
    Assim, luminosos, foram Chico Xavier e outros grandes espíritos que por aqui reencarnaram para fazer o bem por todas as maneiras. Posso afirmar que já presenciei milagres que salvaram vidas humanas do nosso convívio(coisas aparentemente impossíveis). Foram raros, raríssimos, mas ali se viu a mão de Deus, curando no invisível aos nossos olhos. Ó quanta glória!
    Por fim, a luz não está em mim; não está em ti, pois ela ilumina a quem Deus confia missão maior e difícil de ser cumprida.

    Toni Ferreira,
    Belém - PA - BRASIL

    ResponderExcluir
  3. ERRATA: no comentário acima onde se escreveu "Ó quanta glória! Leia-de " Oh, quanta glória!"

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

PESTALOZZI E KARDEC - QUEM É MESTRE DE QUEM?¹

Por Dora Incontri (*) A relação de Pestalozzi com seu discípulo Rivail não está documentada, provavelmente por mais uma das conspirações do silêncio que pesquisadores e historiadores impõem aos praticantes da heresia espírita ou espiritualista. Digo isto, porque há 13 volumes de cartas de Pestalozzi a amigos, familiares, discípulos, reis, aristocratas, intelectuais da Europa inteira. Há um 14º volume, recentemente publicado, que são cartas de amigos a Pestalozzi. Em nenhum deles há uma única carta de Pestalozzi a Rivail ou vice-versa. Pestalozzi sonhava implantar seu método na França, a ponto de ter tido uma entrevista com o próprio Napoleão Bonaparte, que aliás se mostrou insensível aos seus planos. Escreveu em 1826 um pequeno folheto sobre suas ideias em francês. Seria quase impossível que não trocasse sequer um bilhete com Rivail, que se assinava seu discípulo e se esforçava por divulgar seu método em Paris. Pestalozzi, com seu caráter emotivo e amoroso, não era de ...

JESUS E A IDEOLOGIA SOCIOECONÔMICA DA PARTILHA

  Por Jorge Luiz               Subjetivação e Submissão: A Antítese Neoliberal e a Ideologia da Partilha             O sociólogo Karl Mannheim foi um dos primeiros a teorizar sobre a subjetividade como um fator determinante, e muitas vezes subestimado, na caracterização de uma geração, isso, separando a mera “posição geracional” (nascer na mesma época) da “unidade de geração” (a experiência formativa e a consciência compartilhada). “Unidade de geração” é o que interessa para a presente resenha, e é aqui que a subjetividade se torna determinante. A “unidade de geração” é formada por aqueles indivíduos dentro da mesma “conexão geracional” que processam ou reagem ao seu tempo histórico de uma forma homogênea e distintiva. Essa reação comum é que cria o “ethos” ou a subjetividade coletiva da geração, geração essa formada por sujeitos.

TRÍPLICE ASPECTO: "O TRIÂNGULO DE EMMANUEL"

                Um dos primeiros conceitos que o profitente à fé espírita aprende é o tríplice aspecto do Espiritismo – ciência, filosofia e religião.             Esse conceito não se irá encontrar em nenhuma obra da codificação espírita. O conceito, na realidade, foi ditado pelo Espírito Emannuel, psicografia de Francisco C. Xavier e está na obra Fonte de Paz, em uma mensagem intitulada Sublime Triângulo, que assim se inicia:

EU POSSO SER MANIPULADO. E VOCÊ, TAMBÉM PODE?

  Por Maurício Zanolini A jornalista investigativa Carole Cadwalladr voltou à sua cidade natal depois do referendo que decidiu pela saída da Grã-Bretanha da União Europeia (Brexit). Ela queria entender o que havia levado a maior parte da população da pequena cidade de Ebbw Vale a optar pela saída do bloco econômico. Afinal muito do desenvolvimento urbanístico e cultural da cidade era resultado de ações da União Europeia. A resposta estava no Facebook e no pânico causado pela publicidade (postagens pagas) que apareciam quando as pessoas rolavam suas telas – memes, anúncios da campanha pró-Brexit e notícias falsas com bordões simplistas, xenofobia e discurso de ódio.

UM POUCO DE CHICO XAVIER POR SUELY CALDAS SCHUBERT - PARTE II

  6. Sobre o livro Testemunhos de Chico Xavier, quando e como a senhora contou para ele do que estava escrevendo sobre as cartas?   Quando em 1980, eu lancei o meu livro Obsessão/Desobsessão, pela FEB, o presidente era Francisco Thiesen, e nós ficamos muito amigos. Como a FEB aprovou o meu primeiro livro, Thiesen teve a ideia de me convidar para escrever os comentários da correspondência do Chico. O Thiesen me convidou para ir à FEB para me apresentar uma proposta. Era uma pequena reunião, na qual estavam presentes, além dele, o Juvanir de Souza e o Zeus Wantuil. Fiquei ciente que me convidavam para escrever um livro com os comentários da correspondência entre Chico Xavier e o então presidente da FEB, Wantuil de Freitas 5, desencarnado há bem tempo, pai do Zeus Wantuil, que ali estava presente. Zeus, cuidadosamente, catalogou aquelas cartas e conseguiu fazer delas um conjunto bem completo no formato de uma apostila, que, então, me entregaram.

OS FILHOS DE BEZERRA DE MENEZES

                              As biografias escritas sobre Bezerra de Menezes apresentam lacunas em relação a sua vida familiar. Em quase duas décadas de pesquisas, rastreando as pegadas luminosas desse que é, indubitavelmente, a maior expressão do Espiritismo no Brasil do século XIX, obtivemos alguns documentos que nos permitem esclarecer um pouco mais esse enigma. Mais recentemente, com a ajuda do amigo Chrysógno Bezerra de Menezes, parente do Médico dos Pobres residente no Rio de Janeiro, do pesquisador Jorge Damas Martins e, particularmente, da querida amiga Lúcia Bezerra, sobrinha-bisneta de Bezerra, residente em Fortaleza, conseguimos montar a maior parte desse intricado quebra-cabeças, cujas informações compartilhamos neste mês em que relembramos os 180 anos de seu nascimento.             Bezerra casou-se...

A DOR DO FEMINICÍDIO NÃO COMOVE A TODOS. O QUE EXPLICA?

    Por Ana Cláudia Laurindo A vida das mulheres foi tratada como propriedade do homem desde os primevos tempos, formadores da base social patriarcal, sob o alvará das religiões e as justificativas de posses materiais em suas amarras reprodutivas. A negação dos direitos civis era apenas um dos aspectos da opressão que domesticava o feminino para servir ao homem e à família. A coroação da rainha do lar fez parte da encenação formal que aprisionou a mulher de “vergonha” no papel de matriz e destituiu a mulher de “uso” de qualquer condição de dignidade social, fazendo de ambos os papéis algo extremamente útil aos interesses machistas.

A ESTUPIDEZ DA INTELIGÊNCIA: COMO O CAPITALISMO E A IDIOSSUBJETIVAÇÃO SEQUESTRAM A ESSÊNCIA HUMANA

      Por Jorge Luiz                  A Criança e a Objetividade                Um vídeo que me chegou retrata o diálogo de um pai com uma criança de, acredito, no máximo 3 anos de idade. Ele lhe oferece um passeio em um carro moderno e em um modelo antigo, daqueles que marcaram época – tudo indica que é carro de colecionador. O pai, de maneira pedagógica, retrata-os simbolicamente como o amor (o antigo) e o luxo (o novo). A criança, sem titubear, escolhe o antigo – acredita-se que já é de uso da família – enquanto recusa entrar no veículo novo, o que lhe é atendido. Esse processo didático é rico em miríades que contemplam o processo de subjetivação dos sujeitos em uma sociedade marcada pela reprodução da forma da mercadoria.

RECORDAR PARA ESQUECER

    Por Marcelo Teixeira Esquecimento, portanto, como muitos pensam, não é apagamento. É resolver as pendências pretéritas para seguirmos em paz, sem o peso do remorso ou o vazio da lacuna não preenchida pela falta de conteúdo histórico do lugar em que reencarnamos reiteradas vezes.   *** Em janeiro de 2023, Sandra Senna, amiga de movimento espírita, lançou, em badalada livraria de Petrópolis (RJ), o primeiro livro; um romance não espírita. Foi um evento bem concorrido, com vários amigos querendo saudar a entrada de Sandra no universo da literatura. Depois, que peguei meu exemplar autografado, fui bater um papo com alguns amigos espíritas presentes. Numa mesa próxima, havia vários exemplares do primeiro volume de “Escravidão”, magistral e premiada obra na qual o jornalista Laurentino Gomes esmiúça, com riqueza de detalhes, o que foram quase 400 anos de utilização de mão de obra escrava em terras brasileiras.

ALLAN KARDEC, O DRUIDA REENCARNADO

Das reencarnações atribuídas ao Espírito Hipollyte Léon Denizard Rivail, a mais reconhecida é a de ter sido um sacerdote druida chamado Allan Kardec. A prova irrefutável dessa realidade é a adoção desse nome, como pseudônimo, utilizado por Rivail para autenticar as obras espíritas, objeto de suas pesquisas. Os registros acerca dessa encarnação estão na magnífica obra “O Livro dos Espíritos e sua Tradição História e Lendária” do Dr. Canuto de Abreu, obra que não deve faltar na estante do espírita que deseja bem conhecer o Espiritismo.