Reconhecendo-nos como limitados que somos, em
inteligência, intelectualidade e moralidade, sobretudo, não podemos pretender o
conhecimento do princípio das coisas. No nosso estágio evolutivo, pouco além do
primitivismo, certamente não suportaríamos a ciência da criação em seus
pormenores e seguimento da vida universal, pois a simples informação de uma
vida imediatamente anterior pode nos causar sérios transtornos psíquicos, como
cientificamente provado nos dias atuais.
Nesse sentido, esclarecem-nos os espíritos
parceiros de Kardec, na codificação da Doutrina Espírita, quando responderam
que: “Deus não permite que tudo seja
revelado ao homem, neste mundo”.
É natural que à proporção em que avancemos em
moralidade e alarguemos a nossa latente inteligência, as coisas nos sejam
devidamente aclaradas, naquilo que nos seja útil e necessário, evidentemente. E
os espíritos nos dizem que “o véu se nos
levanta à medida que nos depuremos” das imperfeições que acumulamos ao
longo de algumas existências descuidadas, guiadas mais pelo instinto que pela
razão, visto o nosso livre arbítrio.
Se queremos, todavia, “compreender
certas coisas, precisamos de faculdades que ainda não possuímos”. Essas
faculdades, entendemos, somente adquiriremos à medida que a nossa alma renuncie
aos interesses mundanos e poderes volúveis e ingresse nos escaninhos da
virtuosidade, escalando os patamares mais avançados da verdadeira moralidade.
“A
ciência nos foi dada para o nosso adiantamento em todos os campos, mas nós não
podemos ultrapassar os limites fixados por Deus”.
“Quanto
mais é dado ao homem penetrar nesses mistérios, mais cresce a sua admiração
pelo poder e sabedoria do Criador, mas, seja por orgulho, seja por fraqueza,
sua própria inteligência o faz joguete da ilusão. Ele amontoa sistemas sobre
sistemas e cada dia que passa lhe mostra quantos erros tomou por verdades e
quantas verdades rejeitou como erros. São outras tantas decepções para o seu
orgulho.
Vejamos que o orgulho está na raiz do nosso
atraso. E ele não foi dado por Deus, certamente, desde que nele está a fonte do
amor original, da sabedoria que cria, da onipotência e da onisciência, bem como
é a “inteligência
suprema, causa primeira de todas as coisas”
É-nos de imensa valia,
entretanto, a possibilidade de o homem poder receber, “fora das investigações científicas, comunicações de ordem mais elevada
acerca do que lhe escapa ao testemunho dos sentidos. Se de utilidade, Deus pode
revelar-lhe o que a Ciência não consegue apreender. É por essas comunicações
que o homem adquire, dentro de certos limites, o conhecimento do seu passado e
do seu futuro”.
Fonte: O Livro dos Espíritos – Tradução
Salvador Gentile
104ª edição – 1996 – Instituto de Difusão
Espírita
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