No imaginário do poeta Tom
Jobim brotou a canção que diz “se todos fossem iguais a você, que maravilha
viver”. Será?
Imagine
que o mundo importasse a sua paciência, nos momentos em que se encontra sendo
contrariado nos seus interesses profissionais ou domésticos, para servir de
modelo universal. Suponha que a vida estabeleça o seu método de resolver
situações de conflito como única maneira de solucionar as questões emocionais
que envolvem o comportamento diante da administração de valores financeiros.
Conjecture que é a sua atitude diante de escolhas que envolvem os interesses de
quem ama e de quem desconhece que vai servir de guia para a humanidade. Presuma
que a sua conduta diante da falha que o outro comete se transforme em
obrigatória repetição mundo afora. Visualize como seria se a sua disposição
para o esforço de desenvolvimento das artes e das ciências, da tecnologia e dos
esportes de alto desempenho fosse plataforma para todos os praticantes dessas
atividades. Enfim, se você fosse o modelo que a humanidade devesse seguir sem
qualquer tipo de alteração considerada a honestidade, a sensibilidade, a
resiliência, a paciência, a motivação, a capacidade produtiva, o senso de
liberdade, a aceitação do outro, o mundo seria o paraíso que todos aspiramos?
Jesus
não perdoou a farsa em que nos ludibriamos. Modelo que é da evolução que
pretendemos um dia, jamais deixaria que caíssemos na alucinação de que é
possível modificar uma paisagem se continuamos estáticos enquanto exigimos que
o outro se transforme. Suas palavras são inequívocas, quando em diversas
oportunidades nos chama a atenção, como veremos em Mateus (XII; 34) “raça de
víboras”, idem (XXIII; 23) “sepulcros caiados”, idem (VII; 05) por que vês o
argueiro no olho do teu irmão e não vês a trava no teu olho?
Definitivamente o mundo sucumbiria em profunda
noite de desgraças, se todos fossem como cada qual de nós é. Há, porém quem
julga que pode aspirar à condição de volatilidade que lhe permita continuar
querendo fazer a humanidade à sua imagem, enquanto exibe modelo de decrepitude
digna de piedade, porque festejado por um séquito de cegos e surdos que lhes
presta reverência.
Saibamos ir além das
aparências, até mesmo diante do espelho que nos reflete. A nossa imperfeição é
desafio para mudança, não estado de eterna hospedagem. As saídas que a
sociedade dispõe não inclui nenhuma que seja destituída de falhas e precisamos
abrir os olhos para o que configura falha mais grave a fim de fazermos frente
ao que a nossa consciência indica. Para tanto precisamos exercitar a
serenidade, se minimamente ela é o nosso objetivo, enquanto as nossas vibrações
relativas àqueles que buscam caminhos diferentes, se estamos imbuídos de paz no
coração, deve ser inopinadamente de orações e entrega a Deus, em detrimento ao
ódio perseguidor.
Nenhum de nós sozinho
serviria de regra para ajudar o Brasil a passar essa noite de aflições que se
arrasta, mas juntos e apesar de todas as imperfeições que nos contaminam o
senso crítico, podemos fazer uma gigante corrente para que a espiritualidade
superior encontre frestas, nesse conturbado clima mental, para iluminar o solo
da pátria do cruzeiro.
(*) escritor espírita, editorialista do
programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.
¹ editorial do programa Antena Espírita, de
17.04.2016
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