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MATERNAL



Por Paulo Eduardo (*)

Maio, mês terno e materno. Junção de ternura compatível com o enleio do Dia das Mães. Afinal, maternal é próprio de mãe. O Dia das Mães é tradução do afeto para definir o amor maior por todas as mães. Mamãe sonorização poética e belíssima para identificar quem nos deu a luz da vida.

Perdoem-me por esse desvio de rota que ora grafo a fim de reproduzir o desabafo de minha irmã Verônica contemplando nossa mãe no alvor dos seus 96 anos e descrevendo-a na ternura de uma saudade viva: "Oh, mãe, como dói! Esse olhar que nem me vê tão vago, distante, me atravessa e vai além de mim. Às vezes parece indagar o indecifrável. E nos olhamos assim, sem nenhum sinal de encontro no seu olhar parado, amortecido, mostrando apenas indícios de uma finitude cada dia mais próximo. Não atingir a intensidade do que está sentindo, pois sei que você sofre mais do que é visível, transbordam em mim aflições, angústias, vigílias sem conta e um imenso, incomensurável cansaço que me faz cair nas trevas do desalento. Não consigo vislumbrar qualidade de vida, mínima que seja, enquanto assisto ao doloroso declínio de sua saúde, sem perspectiva de volta. Mesmo sob tratamentos paliativos e preventivos contra dores e agravamentos dessas tenebrosas escaras, o efeito apenas atenua o desconforto.
Confesso mãe querida, que hoje eu desejo, sim, com o coração tão machucado quanto seu corpo debilitado, que você durma, enfim, aquele "grande sono", sereno, libertário, rompendo para sempre todos os grilhões dos sofrimentos terrenos e alcance a luz que acolhe os seres iluminados feito você".

(*) jornalista e integrante da equipe do programa Antena Espírita.

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