segunda-feira, 19 de maio de 2014

A FAMÍLIA E O ESPÍRITO¹

       


Por Roberto Caldas (*)







       A família é a porta de entrada das nossas encarnações. Nela encontramos definitivamente as pessoas que registram as grandes afinidades para o bem e para o mal que estabelecemos nas experiências passadas. Sabemos que a afinidade reúne sentimentos, não importa qual a polaridade de tais sentimentos, são eles que nos aproximam daqueles que se comprometeram conosco no passado. Ao mesmo tempo é no seio dessa instituição natural que empreendemos os primeiros passos dessa aventura que é a existência sobre a Terra.
            À parte da importância dos laços familiares, considerado o seu aspecto de reencontro de personagens que conviveram em outra época, é importante ressaltar o seu aspecto de inserção do indivíduo no cenário social que o aguarda depois dos primeiros anos de sua infância. A maneira como somos envolvidos e educados tem uma decisiva atuação nos cometimentos vida afora do cidadão. A transcendência dos papéis representados pelos pais é quase uma carta de representação do caráter da pessoa frente às cobranças das disposições que desenham a personalidade de cada um.

            As questões 207(e a mesma com item a) de O Livro dos Espíritos nos inferem que os genitores permitem a passagem das semelhanças corporais, enquanto aquelas de natureza moral dependem simplesmente da simpatia entre os Espíritos, em face de não ser possível a genética moral. Percebemos, no entanto que o aspecto emocional e moral das pessoas retrata em demasia os exemplos exalados pelas figuras paternas, o que leva à adoção dos comportamentos que são exibidos socialmente pelos filhos, justamente por se tratarem de terrenos férteis em resultado das vinculações pretéritas.
            Reconhecer o papel da educação moral como uma saída para a crise de valores que o mundo experimenta não se caracteriza como uma novidade e é uma orientação antiga, mas se pudermos reconhecer a importância da atenção dos pais modernos nessa tarefa haveremos de dar um salto de qualidade nessa direção. Alertá-los para o fato de que filho é o foco principal, antes mesmo da profissão e do lazer, ao contrário melhor não tê-los até que essas questões se resolvam. Nada de entregá-los aos avôs ou às babás, como se o papel de alimentá-los fosse mais fundamental do que o de ensinar-lhes as mais importantes lições da vida, deixando que outros cuidem de sua educação.
            Somos obrigados a admitir que os pais devam ser aqueles mais comprometidos com o processo de evolução dos seus filhos, mormente aqueles que componham a família guardem proporcionalmente funções de compartilhamento de tarefas, sem, contudo precisarem ser responsabilizados pelas mais cruciais funções da educação de cada dia.

            O cumprimento de nossas funções dentro da família haverá de ser a grande revolução que o mundo precisa para sair desse turbilhão em que se perdeu a sociedade, vitimada pela ambição desmedida e o consumismo que enlouquece. Ao lado da assertiva de Jesus de honrar aos pais pedimos pressurosamente aos pais: honrai aos vossos filhos - única forma de transformar o mundo.  

¹ editorial do programa Antena Espírita de 18.05.2014.
(*) editorialista do programa Antena Espírita e voluntário do C. E. Grão de Mostarda.

Um comentário:

  1. Olá, Roberto!
    Muito oportuno o tema abordado. Ontem debatíamos no ICE a violência no contexto da evolução do Espírito. Apesar de muitas questões ambientais envolverem a violência, a sua gênese e solução encontra-se na família. O lar doméstico, como diz o Espírito Neio Lúcio, pela psicografia de F. C. Xavier, "é a primeira escola e o templo da alma. A casa do homem é a legítima exportadora de caracteres para a vida em comum."
    Parabéns!

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