sábado, 5 de abril de 2014

COMPASSO SINTONIZADO



Por Gilberto Veras(*)



Toda realização, seja simples ou complexa, material ou espiritual, para resultar em obra aprimorada, reconhecida e evolutiva, requer concurso solidário, entrosado e sintonizado. Fora dessas condições, o projeto realizador não alcança propósito pretendido, inevitavelmente aborta e decepciona sonho alimentado por boas ou más intenções, os exemplos se multiplicam em todas as áreas e em toda parte, não há do que duvidar. Quantos sonhadores não interrompem ideais e desistem de obras bem intencionadas por verem densas sombras invadirem luzes de sustentação de sua fé? Quando o insucesso ocorre no campo das coisas pessoais, físicas e concretas (o objeto inacabado ou defeituoso, a compra infeliz, artes inexpressivas em trabalho inútil), o prejuízo é individual e menor é a nossa responsabilidade, porém, se envolve outros seres a penar por incúria alheia, os cuidados devem ser redobrados porquanto o comprometimento com leis superiores aumentam sobremaneira, e o resgate necessário pode ser doloroso e de difícil quitação.

É bom compreender a otimização do inter-relacionamento entre emocional e racional (coração e mente, sentimento e intelecto), condição para ser obtida a sintonia precisa na intensificação de luz em brilho que impele e motiva o Espírito ao avanço divino na marcha avante em direção à felicidade.
Coração (espaço das emoções e sentimentos) e mente (lugar dos pensamentos) pulsam sob compassos próprios da vida. O trabalho conjunto dos dois componentes humanos, responsáveis pelo movimento das ações (quando internalizadas acontecem por recursos emocionais, quando exteriorizadas o recurso é intelectual), deve ser amparado por entrosamento perfeito, assegurado pela sintonização das cadências respectivas que devem vibrar no mesmo diapasão estabelecido pelo emocional, só assim a obra produzida terá legitimidade evolutiva, outra opção não há. Se o campo sentimental, no íntimo, está bem ativado e a capacidade intelectiva de exteriorização apresenta-se subdesenvolvida, o produto, prejudicado em qualidade, carece de aproveitamento pela massa receptora, o mesmo acontece no caso inverso de descompasso, quando a competência intelectual é rica na divulgação externa e pobre (às vezes até mísera) da sensibilidade nobre que se move no imo da alma. 
Para avançar deveremos sempre marchar em compassos sintonizados, emocionais e intelectuais, do contrário estagnaremos na mesmice improdutiva. 

(*) poeta e escritor espírita, autor das obras: "Extrato do Ser", "A Recompensa do Bem", "Vinte Contos Conclusivos".


Um comentário:

  1. Interessante texto. O difícil é sintonizar tais compassos, os emocionais e os intelectuais. Que os Benfeitores do Bem e Espíritos de Luz nos guiem.
    Assim seja!

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