Por Roberto Caldas (*)
O
mundo animal utiliza o instinto da conservação e o senso da perpetuidade da
espécie quando defrontado com as questões que se fazem exceção em sua rotina. Os
mamíferos inferiores sufocam as suas crias que surgem dotadas de menores
capacidades de adaptação, as galinhas não interferem na agonia do pintinho
menos hábil que acaba perdendo a luta sem conseguir sair do ovo, as águias
eliminam pelo treino de vôo os filhotes inaptos para a caça e assim cada
espécie tem a sua maneira de tratar os problemas que aparecem em suas gerações.
Enquanto isso a evolução à consciência humana obriga a criação de laboratórios
e meios de pesquisa, tão logo algo escape da normalidade considerada. Todos os
nossos institutos que diminuem a limitação e a dor dos pais atingidos por
problemas adaptativos dos filhos recém-nascidos surgiram em sua maioria pela
bravura paterna/materna tomada de compaixão e afeto diante do concepto
diferente que receberam numa sala de parto.
Apreciamos
a partir dessa realidade que a capacidade humana de regeneração de problemas
obedece ao clamor da Natureza que se expressa através da adoção, mesmo que
inconsciente, das responsabilidades inerentes à Lei de Causa e Efeito que se
constitui numa das mais importantes aquisições evolucionais da espécie Homo
sapiens, posto que aos animais não caiba suportarem expiações decorrentes de
atos passados.
Nascimentos
são, na maioria das vezes, encontros de afinidades, pelo bem ou pelo mal. O
adulto recebe o bebê e nesse momento dois Espíritos milenares se reencontram
mais uma vez no mundo dos encarnados, ambos compromissados entre si,
reiniciando outra experiência existencial. A criança, com o cérebro limpo das
impressões do passado, em estado de abertura aos novos ensinamentos. Daí a
importância da educação, do exemplo, das noções de organização, da afetividade manifesta,
do gasto de tempo com a atenção qualificada.
A
falta do conhecimento espiritual, nesse particular, talvez venha a ser uma das
causas mais freqüentes da degradação juvenil que testemunhamos nos nossos dias,
cujos impulsos de consumismo e de violência são explícitos, deixando pais,
educadores e os poderes constituídos de mãos atadas, sem resposta. Deixar de
educar a criança para o diálogo e a compreensão dos limites necessários em cada
fase da existência gera pessoas sem a capacidade de compreender a convivência
pacífica alimentando o egoísmo doentio que animaliza. O Livro dos Espíritos em
sua questão 385 reflete a respeito das mudanças que se operam no jovem depois
de chegada a adolescência, ao que respondem os Espíritos: “É o Espírito que
retoma sua natureza e se mostra como era.” É lastimável quando o adulto perde a
oportunidade de ensinar disciplina com afeto às crianças deixando de aproveitar
a sua mente aberta para educação, antes que assuma o caráter de ontem,
deseducado.
Aceitar
o desafio da educação dos seres que nos alcançam durante a existência requer
investimento no ato de educar-se. Apenas alguém que se esforce para ser melhor
a cada dia está capacitado para ensinar aos seus semelhantes. As novas gerações
nos cobram o compromisso de tornarmos o mundo mais confiável e não podemos
exigir dos que chegam saberem o que nós não estamos prontos para lhes ensinar.
É hora de aprendermos.
¹ editorial do programa Antena Espírita de 09.02.2014.
(*) editorialista do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.
Pertinente a abordagem. Parabéns, caro Roberto.
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