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A DIFERENÇA QUE FAZ A DIFERENÇA DA DOUTRINA ESPÍRITA






 Por Francisco Castro (*)



No mundo empresarial quando um produto incomoda muito e começa a ganhar mercado, os concorrentes usam uma ferramenta chamada benchmarking que, em suma, significa procurar incorporar o que de melhor esse concorrente tem.
O Espiritismo, sem dúvida, incomoda tanto aos católicos como aos evangélicos. É o que se depreende de alguns ataques, virulentos até, que encontramos na mídia de uma maneira geral, daí a estratégia que propomos.
Pelos dados do Censo-2010, em termos numéricos, os católicos continuam em primeiro lugar, com 64,6% da população, números que no passado já chegaram aos 73,6%. Os evangélicos que se colocam em segundo lugar passaram de 15,4% para 22,2%. Os espíritas passaram apenas de 1,3% para 2,0% da população, situando-se no terceiro lugar com 3,8 milhões de adeptos.

Se confrontarmos a população espírita com a população de evangélicos que é de 42,3 milhões e com a de católicos que é quase três vezes maior que a de evangélicos, esses grupos nada deveria temer da população espírita, a não ser o fato de que a população espírita cresceu mais de 50% no mesmo período, e que, ainda assim, é uma população pequena, no entanto, pesquisas não oficiais indicam que a população de simpatizantes das teses espíritas ultrapassam os 30 milhões!
Somados os que se declararam espíritas para os pesquisadores, com aqueles que apenas se dizem simpatizantes do Espiritismo, penso que é esse é o ponto que possa causar algum desconforto, tanto aos católicos quanto aos evangélicos. Portanto, será com base na técnica apresentada acima, o benchmarking, que faremos essa análise da Doutrina Espírita.
Quais são os pontos fortes da Doutrina Espírita que poderiam ser aplicados tanto pelos católicos, quanto pelos evangélicos, e que tornariam essas religiões imbatíveis? Penso que a ideia de Deus, a imortalidade da alma e a reencarnação!
Segundo a Doutrina Espírita, Deus é a inteligência suprema do Universo, causa primária de todas as coisas, não condena, nem absolve ninguém, portanto, são na nossa consciência que se encontram as suas Leis, é esse o tribunal a que todos nós compareceremos, não só um dia, mas todos os dias, dessa forma não precisamos mais temer o inferno e nem querer comprar o Céu!
Segundo o Espiritismo, Deus criou os Espíritos simples e ignorantes, isto é sem saber, deu-lhes determinadas missões com o fim fazê-los progredir pelo esforço próprio. Dessa forma fica mais fácil entendermos a Justiça Divina, pois Deus, como Pai soberanamente justo e bom que é, deixa-nos o caminho da responsabilidade individual para evoluirmos mais ou menos rápido, de acordo com o bom ou mau uso que fizermos do nosso livre arbítrio.
Assim, não é a religião que abraçamos nem a fortuna que acumulamos que vai possibilitar a nossa evolução, mas sim, o uso que delas fizermos para o nosso melhoramento, reduzindo o sofrimento dos mais necessitados, ou seja, pela prática da mais desinteressada caridade.
A Doutrina Espírita também acabou com a morte, da forma comumente entendida, porque o ser humano como é formado de corpo e espírito, e o que morre é o corpo, mas a alma sobrevive, a ideia da ressurreição perde sua base de sustentação, porque a alma renasce em um novo corpo a fim de continuar o progresso interrompido com a morte, tantas vezes quantas forem necessárias ao seu adiantamento.
Segundo a Doutrina Espírita, Jesus não é patrimônio exclusivo desta ou daquela religião, mas guia e modelo de toda a humanidade, portanto, de todo aquele que, na sua vida, colocar em prática a Doutrina que ele ensinou, assim, confirmam-se também essas suas palavras: “Eu sou o caminho a verdade e a vida, ninguém vai ao Pai senão por mim!”
Outro ponto que adquire certa importância e que dará certa tranquilidade a todos, é que, como diariamente reencarnam antigos católicos, evangélicos e espíritas, novos adeptos de cada religião retornarão e a elas voltarão também a se filiarem, dando curso, cada um, à sua necessidade de evoluir.
De forma nenhuma essas sugestões poderão trazer qualquer prejuízo, seja a católicos, a protestantes e muito menos aos espíritas, mas, sem dúvida, ajudarão bastante o progresso do gênero humano e desse planeta, ainda tão atrasado em relação a outros mundos espalhados pelo Universo!

(*) integrante da equipe do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.

Comentários

  1. Gostei. Penso dessa mesma maneira.

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  2. A propósito do seu comentário, que julguei muito inteligente (como se era de esperar) tenho um palpite de quem haveria de servir para um modelo futuro de católico, mas só falo pessoalmente. Roberto Caldas

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