Por Gilberto Veras (*)
Não nos conformemos em ouvir palavras de
itinerário limitado cujo destino final é a mente, lugar de raciocínios e
lucubrações, e por ali se acomodam desprovidas de realizações dignas, até
fenecerem por golpe fatal do esquecimento infrutífero. Escolhamos as
producentes, promovedoras do ser, que trabalham no campo mental, envolvem-se de
sentimentos e deslocam-se a nobre recinto no imo da alma, para, providas de
recursos poderosos, executarem obras fraternais, aquelas benevolentes, movidas
pela força do amor, e nunca pela sedução corrupta da vaidade improfícua.
O verbo bom avança a passos firmes,
indefinidamente, empunhando a bandeira do aperfeiçoamento, jamais estaciona
iludido por falsas verdades que tentam, por lavagem cerebral, convencer mentes
ingênuas e de boa-fé de terem encontrado fórmula infalível da felicidade, já
neste mundo inferior, no âmbito apenas do saber, na periferia da
intelectualidade, com promessas enganadoras, infactíveis em suas pretensões
absolutas, as verdades honestas são sempre relativas e perfectíveis, nunca se
apresentam incólumes, dispensáveis de melhoramento. Ora, se sabemos que os
instrumentos divinos de evolução do Espírito, implantados em cada ser humano,
são despertados pelos propósitos afetuosos dos bons sentimentos, em movimento
avante, é lógico e me parece óbvio que em qualquer recurso da comunicação há
necessidade do uso da palavra sentida, que valida veracidades das propostas
comunicadas, porque se assim não for a oração, por mais rebuscada esteja de
palavras bonitas ou didáticas intelectualizadas, perde vibração persuasiva, a
que ativa a razão, caminho da inteligência emocional. O discurso desprovido de
emoção tem vida curta, pode impressionar no primeiro momento, pelo impacto das
revelações, e por aí fica, não é encaminhado a espaço íntimo do ouvinte,
falta-lhe sentimento orientador.
O sábio sente o que diz, o erudito diz o que
não sente (refiro-me ao letrado insensível, porque aquele tocado pelo próprio
verbo é louvável e caminha em direção à sabedoria). Que me desculpem os
pregadores vazios da fala emotiva, porque a preferência seletiva dos meus
ouvidos indica o verbo legitimado por cumplicidade sentimental, esses me
preenchem de vibrações motivadoras que me internalizam em direção a verdades
intrínsecas, preciosas ferramentas de aprimoramento espiritual.
(*) poeta, escritor espírita, autor das obras: A Recompensa do Bem, Extrato do Ser, Vinte Contos Conclusivos.
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