terça-feira, 5 de março de 2013

VERBO PRODUCENTE







 Por Gilberto Veras (*)


Não nos conformemos em ouvir palavras de itinerário limitado cujo destino final é a mente, lugar de raciocínios e lucubrações, e por ali se acomodam desprovidas de realizações dignas, até fenecerem por golpe fatal do esquecimento infrutífero. Escolhamos as producentes, promovedoras do ser, que trabalham no campo mental, envolvem-se de sentimentos e deslocam-se a nobre recinto no imo da alma, para, providas de recursos poderosos, executarem obras fraternais, aquelas benevolentes, movidas pela força do amor, e nunca pela sedução corrupta da vaidade improfícua.


O verbo bom avança a passos firmes, indefinidamente, empunhando a bandeira do aperfeiçoamento, jamais estaciona iludido por falsas verdades que tentam, por lavagem cerebral, convencer mentes ingênuas e de boa-fé de terem encontrado fórmula infalível da felicidade, já neste mundo inferior, no âmbito apenas do saber, na periferia da intelectualidade, com promessas enganadoras, infactíveis em suas pretensões absolutas, as verdades honestas são sempre relativas e perfectíveis, nunca se apresentam incólumes, dispensáveis de melhoramento. Ora, se sabemos que os instrumentos divinos de evolução do Espírito, implantados em cada ser humano, são despertados pelos propósitos afetuosos dos bons sentimentos, em movimento avante, é lógico e me parece óbvio que em qualquer recurso da comunicação há necessidade do uso da palavra sentida, que valida veracidades das propostas comunicadas, porque se assim não for a oração, por mais rebuscada esteja de palavras bonitas ou didáticas intelectualizadas, perde vibração persuasiva, a que ativa a razão, caminho da inteligência emocional. O discurso desprovido de emoção tem vida curta, pode impressionar no primeiro momento, pelo impacto das revelações, e por aí fica, não é encaminhado a espaço íntimo do ouvinte, falta-lhe sentimento orientador.

O sábio sente o que diz, o erudito diz o que não sente (refiro-me ao letrado insensível, porque aquele tocado pelo próprio verbo é louvável e caminha em direção à sabedoria). Que me desculpem os pregadores vazios da fala emotiva, porque a preferência seletiva dos meus ouvidos indica o verbo legitimado por cumplicidade sentimental, esses me preenchem de vibrações motivadoras que me internalizam em direção a verdades intrínsecas, preciosas ferramentas de aprimoramento espiritual.

(*) poeta, escritor espírita, autor das obras: A Recompensa do Bem, Extrato do Ser, Vinte Contos Conclusivos.

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