Podemos facilmente perdoar uma criança que tem
medo do escuro; a real tragédia da vida é quando os homens têm medo da luz.”
(Platão)(*)
John
B. Watson(1878-1958), psicólogo estadudinense, considerado o fundador da
psicologia comportamentalista, sugeria que os bebês demonstravam três padrões
fundamentais de resposta emocional não aprendida: medo, raiva e o afeto.
Para ele, essas três emoções são a base para os desdobramentos nas demais
emoções positivas e negativas, que surgirão de acordo com o processo de
educação e socialização do indivíduo.
Vivemos
hoje em uma sociedade dominada pelo medo, para constatarmos isso, basta olharmos muros e fachadas de imóveis residencias e comerciais..
Ele está estampado em cercas elétricas, câmeras, cães, seguranças particulares.
O medo, portanto, espreita-nos a todo o momento.
O
medo do fim do mundo! O medo do “sobrenatural”. O medo da morte. O medo de amar. O medo da
solidão. Medo da violência. Medo da velhice. Enfim... medos; medos...medo!
O Espírito Hammed afirma que “o resultado do medo em nossas vidas será a
perda do nosso poder de pensar e agir espontaneamente.” Isso se reflete no
cotidiano, favorecendo a desconfiança e inibindo a convivência com o
semelhante. Opta-se, portanto, pela interação em comunidades do mundo virtual.
Já o
Espírito Manoel Philomeno de Miranda, pela pena de Divaldo Franco, oferece três
causas fundamentais para o desenvolvimento do medo: a) conflitos herdados da existência passada, quando atos reprováveis e
criminosos desencadearam sentimentos de culpa e arrependimento que não se
consubstanciaram em ações reparadoras; b) sofrimentos vigorosos que foram
vivenciados no além-túmulo, quando as vítimas que ressurgiram da morte açodaram
as consciências culpadas, levando-as a martírios inomináveis, ou quando se
arrojaram contra quem as infelicitou, em cobranças implacáveis; c)
desequilíbrio da educação na infância atual, com o desrespeito dos genitores e
familiares pela personalidade em formação, criando fantasmas e fomentando o
temor, em virtude da indiferença pessoal no trato doméstico ou da agressividade
adotada.
O medo na
personalidade humana assume espectros de causas diversas e quando cultivado,
torna-se fator deprimente que responde por terríveis prejuízos morais, sociais,
mentais e humanos.
Em
a Revista Espírita, outubro de 1858,
o Espírito São Luis adverte que os Espíritos malévolos produzem nos encarnados,
quando induzidos ao erro, um arrepio magnético que produz sensação de arrepio
de medo. Allan Kardec, em a Revista
Espírita, novembro de 1865, comenta que o medo ao enfraquecer o moral e o
físico, torna as pessoas mais impressionáveis e susceptíveis de serem
acometidas pelas doenças infecciosas. O fortalecimento moral é um preservativo
para esses males. A fé espírita, portanto, é forte antídoto neste desiderato.
Quando
se revela de forma racional, é parte do instinto de conservação da vida, desta
forma, compreensível, e assume proporções no cuidado, evitando a precipitação e
a imprevidência.
O
medo a que se refere Platão encontra-se na alegoria do “Mito da Caverna”, que não deixa de ser uma alegoria espírita,
como bem assinala o prof. Herculano Pires. Nele, Platão imagina que homens
fechados em habitação subterrânea em forma de caverna, tendo apenas fresta que
se abre para a luz. Estando ali desde crianças com pernas e pescoços em
correntes, de modo que permanecem a olhar só diante de si, incapazes de girar a
cabeça, veem apenas sombras projetadas na parede. Todos os fenômenos
observáveis seriam originados da projeção das sombras. A luz a que se refere é
a descoberta da nossa natureza em relação à educação espiritual e à falta de
educação.
Naturalmente,
que pelo condicionamento à escuridão, quem se dispusesse a transpor a fresta
teria muita dificuldade em adaptar-se à luz externa: doeriam os olhos e com
certeza não fugiria, voltando-se para trás. E voltando relatasse as coisas
vistas, longe da realidade em face da ofuscação da vista. Naturalmente os
demais ririam e não se arriscariam a seguir a luz.
O
medo de sair para tomar conhecimento da realidade que existe fora da caverna,
para Platão, de maneira análoga, dá-se com o Ser humano na busca da sua luz interior.
Carl
Jung (1875-1961), psiquiatra suíço denomina este processo de individuação. É
fazer luz ao lado sombrio da nossa
individualidade. Segundo Jung, quando uma pessoa tenta ver a sua sombra ela
fica consciente e muitas vezes envergonhada das tendências e impulsos que
nega em si mesma, mas que consegue perceber ver nos outros, coisas como o
egoísmo, a preguiça mental.
Já
Victor Frankl (1905-1997), foi prof. de neurologia e psiquiatria na
Universidade de Viena, fundador da logoterapia,
afirma que quando o id (psicofísico)
irrompe na consciência, falamos de neurose ou de psicose, dependendo daquilo
que caracteriza tal patogenia: uma psicogênese (como na neurose) ou uma somatogênese (como na psicose).
Dessa
forma, o ego funciona como uma
couraça protetora do inconsciente (Espírito) do que devemos nos desfazer
gradativamente nos ciclos das vivências sucessivas.
Na
questão 919 de “O Livro dos Espíritos”, o
Espírito Santo Agostinho recomenda o “conhecimento
de si mesmo”, como o meio mais eficaz de se melhorar nessa vida e vencer os
arrastamentos do mal.
Não
se tem dúvidas de todas as lutas que o Ser
humano trava, a mais íntima, traiçoeira e desafiadora é a que ele trava consigo
mesmo. No entanto, o autoengano,
gerado pelo medo, sempre recorrente, adia o processo do autoconhecimento.
Essa
é a grande odisseia do Espírito encarnado: fazer-se luz. Presos às
sensações do mundo corpóreo, tal qual a mariposa atraída pela luz, o Ser humano resiste ao desafio da
construção do Reino de Deus em Si, ante
o convite do Mestre Galileu:
“Vós
sois a luz do mundo. Assim brilhe a sua luz”
(*) a
frase foi enviada pelo seguidor do blog, Francisco Gláucio, voluntário do
Instituto de Cultura Espírita do Ceará – ICE
Parabéns, Jorge Luiz!
ResponderExcluirMeus Parabéns ao Glauco pela feliz colocação da frase!
Muito bem!! Muito bom! Parabéns!
ResponderExcluirOlá amigo querido ! Gostei de mais essa forma de nos pronunciarmos sobre os textos do blog ! Gostei ! Abração ! Aline Loiola.
ResponderExcluirOlá, gente!
ExcluirA nova forma que a grande incentivadora do blog refere-se, é a opção "Reação", no final da postagem. É mais uma opção para que os nossos leitores opinem. Basta clicar. Participem!
O homem livre é aquele que não tem receios de enfrentar seus medos!
ResponderExcluirExcelente texto com fluidez e contextualização psicológica com arremates espíritas precisos. Leria várias vezes sem me cansar.
ResponderExcluir