Pular para o conteúdo principal

ESTÁ NA HORA DE PENSAR 2013




 Por Francisco Castro (*)


A Casa Espírita, segundo o Art. 44, inciso IV, do Código Civil Brasileiro, Lei 10.406/2002, é uma Organização Religiosa, mesmo que na sua carta estatutária ainda seja denominada de associação.
Como organização deve ter uma estrutura administrativa composta de um corpo de associados, assembleia geral e um órgão diretivo. Essa estrutura organizacional em pouco ou nada difere das organizações empresariais.
Nessa época do ano, final do terceiro trimestre, as organizações empresariais encontram-se a braços com o planejamento do próximo exercício, fazendo projeções, definindo prioridades, estabelecendo metas a serem atingidas no ano vindouro.
As organizações de grande porte além de planejarem o próximo exercício, geralmente chamado de planejamento operacional, aproveitam para atualizar o plano estratégico que envolve um período de cinco anos ou mais.
Guardadas as devidas proporções, as Casas Espíritas também devem utilizar  ferramentas organizacionais como planejamento, projetos e orçamentos.
O planejamento, nesse caso, deve envolver a casa (estrutura física), os trabalhadores (estrutura humana), e seus objetivos como instituição espírita (estrutura doutrinária), não necessariamente nessa ordem.
Salientamos que, em matéria de planejamento, não podemos esquecer algumas palavrinhas chaves: o que, quando, quem, como e quanto vai custar.

O principal dirigente deve convocar, ainda para o mês de outubro, uma reunião da diretoria com essa finalidade. Essa reunião deve ser aberta a alguns trabalhadores mais destacados ou mais antigos, cuja pauta deve ser composta de uma análise das atividades: O que precisa ser implementado? Quem ficará responsável por cada coisa? Onde buscar os recursos necessários?
A título de exemplo, façamos algumas perguntas, iniciemos pela estrutura física: Serão necessárias algumas reformas? Algum acréscimo ou apenas manutenção? As acomodações são confortáveis? A ventilação é satisfatória? A iluminação é adequada? Será que não está na hora de adquirir um computador e um projetor multimídia? E outras indagações, que só quem conhece a realidade da casa pode fazer.
Quanto a estrutura humana: será necessário algum tipo de treinamento? Onde treinar? Na própria casa ou na Federação? Quem poderá ser indicado para receber treinamento? É bom não esquecer que o melhor treinamento é no próprio trabalho e de que, de nada adianta uma boa técnica se não for acompanhada de um bom conhecimento doutrinário. Lembramos sempre que o dirigente deve ser um caçador de talentos, deve procurar motivar novos trabalhadores, estimulá-los no estudo da Doutrina e dar-lhes oportunidade de trabalho, confiar tarefas cada vez mais importantes e acompanhar a execução dando-lhes as orientações necessárias.
Chegamos à estrutura doutrinária, que das três é a mais importante. O objetivo da Casa Espírita é o estudo, a difusão e a prática da Doutrina, será que está sendo dada mais ênfase à prática ao invés do estudo e da difusão da Doutrina? Não se pode praticar o que não se conhece. Será que não está na hora de se buscar o equilíbrio entre essas três áreas? Na dúvida é melhor se concentrar mais no estudo e na difusão do que na prática.
Como se vê não é preciso grandes conhecimentos de administração para que se tenha uma Casa Espírita bem estruturada, basta que se use o bom senso e um pouco de organização. Lembramos que uma ferramenta muito importante é um orçamento das necessidades financeiras da casa. A quanto monta a despesa mensal com o funcionamento da casa? Quantos sócios estão contribuindo pontualmente com suas mensalidades? Com que receitas adicionais a instituição pode contar? Será necessário fazer algum tipo movimento arrecadatório? O que não se deve fazer nesse sentido?
Por fim não é preciso que se contrate nenhum profissional para realizar um planejamento simples, basta um pouco de iniciativa com uma pitada de criatividade. Mãos à obra é hora de pensar 2013!

(*)Francisco Castro de Sousa – Bel. Em Administração, ex-professor de planejamento financeiro e de planejamento estratégico e advogado militante. Voluntário do C.E. Grão de Mostarda.

Comentários

  1. Caro amigo Castro,
    Muito pertinente seu texto. O Planejamento Estratégico é de fundamental importância para a sustentabilidade das organizações. Sem ela a Instituição não será proativa, mas reativa às circunstâncias do panorama doutrinário em que estiver inserida.
    Parabéns!

    ResponderExcluir
  2. Muito bom o texto, mas estou focado mais diretamente no outro lado da doutrina.

    ResponderExcluir
  3. Meu Caro Jorge Luiz, parece que os dirigentes de casas espíritas não estão muito interessados nesse assunto. Decorridos 05 dias da postagem desse artigo não há comentários de nenhum dirigente, mesmo que seja para dizer que esse tipo de abordagem não os deixa interessados, quanto mais que ela seja útil. Esse tipo de planejamento é útil até para nós, individualmente, imagine para quem dirige uma instituição por menor que seja.
    Castro

    ResponderExcluir
  4. Caro amigo Castro!
    Eu não tenho dúvida disso. No meu entendimento, o estigma de profano que as atividades corporativas tomaram no contexto espírita, deixaram esse legado que somente tomará novo rumo quando os Espíritos que estão reencarnando na atualidade, assumirem a Direção do movimento espírita brasileiro.
    Quiça ocorra!

    ResponderExcluir
  5. Meus caros Castro e Jorge Luiz,
    é, o tempo continuou passando e não houve nenhum comentário mesmo, mais não é por isso que deixaremos de fazer nossa parte. Sei da importância de boas direções em qualquer instituição, mais acredito que sempre aparecerá um bom líder para assumir em casos de omissões e apatias. Vamos manter o foco em cada ponto que acreditamos e defendemos. Devemos manter um estudo continuo para realizarmos uma boa prática e deixar que nossos exemplos seja nossa maior difusão. Forte abraço a todos que fazem este site.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

PESTALOZZI E KARDEC - QUEM É MESTRE DE QUEM?¹

Por Dora Incontri (*) A relação de Pestalozzi com seu discípulo Rivail não está documentada, provavelmente por mais uma das conspirações do silêncio que pesquisadores e historiadores impõem aos praticantes da heresia espírita ou espiritualista. Digo isto, porque há 13 volumes de cartas de Pestalozzi a amigos, familiares, discípulos, reis, aristocratas, intelectuais da Europa inteira. Há um 14º volume, recentemente publicado, que são cartas de amigos a Pestalozzi. Em nenhum deles há uma única carta de Pestalozzi a Rivail ou vice-versa. Pestalozzi sonhava implantar seu método na França, a ponto de ter tido uma entrevista com o próprio Napoleão Bonaparte, que aliás se mostrou insensível aos seus planos. Escreveu em 1826 um pequeno folheto sobre suas ideias em francês. Seria quase impossível que não trocasse sequer um bilhete com Rivail, que se assinava seu discípulo e se esforçava por divulgar seu método em Paris. Pestalozzi, com seu caráter emotivo e amoroso, não era de ...

OS FILHOS DE BEZERRA DE MENEZES

                              As biografias escritas sobre Bezerra de Menezes apresentam lacunas em relação a sua vida familiar. Em quase duas décadas de pesquisas, rastreando as pegadas luminosas desse que é, indubitavelmente, a maior expressão do Espiritismo no Brasil do século XIX, obtivemos alguns documentos que nos permitem esclarecer um pouco mais esse enigma. Mais recentemente, com a ajuda do amigo Chrysógno Bezerra de Menezes, parente do Médico dos Pobres residente no Rio de Janeiro, do pesquisador Jorge Damas Martins e, particularmente, da querida amiga Lúcia Bezerra, sobrinha-bisneta de Bezerra, residente em Fortaleza, conseguimos montar a maior parte desse intricado quebra-cabeças, cujas informações compartilhamos neste mês em que relembramos os 180 anos de seu nascimento.             Bezerra casou-se...

DIA DA ESPOSA DO PASTOR: PAUTA PARASITA GANHA FORÇA NO BRASIL

     Imagens da internet Por Ana Cláudia Laurindo O Dia da Esposa do Pastor tem como data própria o primeiro domingo de março. No contexto global se justifica como resultado do que chamam Igreja Perseguida, uma alusão aos missionários evangélicos que encontram resistência em países que já possuem suas tradições de fé, mas em nome da expansão evangélico/cristã estas igrejas insistem em se firmar.  No Brasil, a situação é bem distinta. Por aqui, o que fazia parte de uma narrativa e ação das próprias igrejas vai ocupando lugares em casas legislativas e ganhando sanções dentro do poder executivo, como o que aconteceu recentemente no estado do Pará. Um deputado do partido Republicanos e representante da bancada evangélica (algo que jamais deveria ser nominado com naturalidade, sendo o Brasil um país laico (ainda) propôs um projeto de lei que foi aprovado na Assembleia Legislativa e quando sancionado pelo governador Helder Barbalho, no início deste mês, se tornou a lei...

CONFLITOS E PROGRESSO

    Por Marcelo Henrique Os conflitos estão sediados em dois quadrantes da marcha progressiva (moral e intelectual), pois há seres que se destacam intelectualmente, tornando-se líderes de sociedades, mas não as conduzem com a elevação dos sentimentos. Então quando dados grupos são vencedores em dadas disputas, seu objetivo é o da aniquilação (física ou pela restrição de liberdades ou a expressão de pensamento) dos que se lhes opõem.

OS ESPÍRITAS E O CENSO DE 2022

  Por Jorge Luiz   O Desafio da Queda de Números e a Reticência Institucional do Espiritismo no Brasil Alguns espíritas têm ponderado sobre o encolhimento do número de declarados espíritas no Brasil, conforme o Censo de 2022, com abordagens diversas – desde análises francas até tentativas de minimizar o problema. O fato é que, até o momento, as federativas estaduais e a Federação Espírita Brasileira (FEB) não se manifestaram com o propósito de promover um amplo debate sobre o tema em conjunto com as casas espíritas. Essa ausência das federativas no debate não chega a ser surpreendente e é uma clara demonstração da dinâmica do movimento espírita brasileiro (MEB). As federativas, na realidade, tornaram-se instituições de relacionamento público-social do movimento espírita.

JUSTIÇA COM CHEIRO DE VINGANÇA

  Por Roberto Caldas Há contrastes tão aberrantes no comportamento humano e nas práticas aceitas pela sociedade, e se não aceitas pelo menos suportadas, que permitem se cogite o grau de lucidez com que se orquestram o avanço da inteligência e as pautas éticas e morais que movem as leis norteadoras da convivência social.  

O CERNE DA QUESTÃO DOS SOFRIMENTOS FUTUROS

      Por Wilson Garcia Com o advento da concepção da autonomia moral e livre-arbítrio dos indivíduos, a questão das dores e provas futuras encontra uma nova noção, de acordo com o que se convencionou chamar justiça divina. ***   Inicialmente. O pior das discussões sobre os fundamentos do Espiritismo se dá quando nos afastamos do ponto central ou, tão prejudicial quanto, sequer alcançamos esse ponto, ou seja, permanecemos na periferia dos fatos, casos e acontecimentos justificadores. As discussões costumam, normalmente e para mal dos pecados, se desviarem do foco e alcançar um estágio tal de distanciamento que fica impossível um retorno. Em grande parte das vezes, o acirramento dos ânimos se faz inevitável.

A FÉ COMO CONTRAVENÇÃO

  Por Jorge Luiz               Quem não já ouviu a expressão “fazer uma fezinha”? A expressão já faz parte do vocabulário do brasileiro em todos os rincões. A sua história é simbiótica à história do “jogo do bicho” que surgiu a partir de uma brincadeira criada em 1892, pelo barão João Batista Viana Drummond, fundador do zoológico do Rio de Janeiro. No início, o zoológico não era muito popular, então o jogo surgiu para incentivar as visitas e evitar que o estabelecimento fechasse as portas. O “incentivo” promovido pelo zoológico deu certo, mas não da maneira que o barão imaginava. Em 1894, já era possível comprar vários bilhetes – motivando o surgimento do bicheiro, que os vendia pela cidade. Assim, o sorteio virou jogo de azar. No ano seguinte, o jogo foi proibido, mas aí já tinha virado febre. Até hoje o “jogo do bicho” é ilegal e considerado contravenção penal.

O AUTO-DE-FÉ E A REENCARNAÇÃO DO BISPO DE BARCELONA¹ (REPOSTAGEM)

“Espíritas de todos os países! Não esqueçais esta data: 9 de outubro de 1861; será marcada nos fastos do Espiritismo. Que ela seja para vós um dia de festa, e não de luto, porque é a garantia de vosso próximo triunfo!”  (Allan Kardec)             Por Jorge Luiz                  Cento e sessenta e três anos passados do Auto-de-Fé de Barcelona, um dos últimos atos do Santo Ofício, na Espanha.             O episódio culminou com a apreensão e queima de 300 volumes e brochuras sobre o Espiritismo - enviados por Allan Kardec ao livreiro Maurice Lachâtre - por ordem do bispo de Barcelona, D. Antonio Parlau y Termens, que assim sentenciou: “A Igreja católica é universal, e os livros, sendo contrários à fé católica, o governo não pode consentir que eles vão perverter a moral e a religião de outros países.” ...

TRÍPLICE ASPECTO: "O TRIÂNGULO DE EMMANUEL"

                Um dos primeiros conceitos que o profitente à fé espírita aprende é o tríplice aspecto do Espiritismo – ciência, filosofia e religião.             Esse conceito não se irá encontrar em nenhuma obra da codificação espírita. O conceito, na realidade, foi ditado pelo Espírito Emannuel, psicografia de Francisco C. Xavier e está na obra Fonte de Paz, em uma mensagem intitulada Sublime Triângulo, que assim se inicia: