quinta-feira, 27 de julho de 2023

DUAS REVOLUÇÕES FRANCESAS

 


          Por Roberto Caldas

             A história contemporânea da sociedade planetária iniciava os seus primeiros passos em 14/07/1789 e trazia armazenado em suas entranhas um cortejo de dores e aflições que fazia o homem daquela época, sufocado pela dominação absolutista de poderosos monarcas, gritar pela eclosão de uma nova era para a humanidade.

        Jean-Jacques Rousseau compreendendo o espírito dos tempos que se iniciavam cunhou o trinômio que se tornaria anos afora e até os nossos dias, o maior cântico de beleza que pode ser aspirado pela população do planeta: Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

            Desde então, perseguimos esse lema como se representassem o último copo de água no deserto, muitas vezes aparentemente em vão. Sem o sabermos a nossa busca existencial configurou o norte de sua bússola para o estabelecimento do legado sócio-espiritual que norteou a trajetória dos conflitos que determinaram a Queda da Bastilha no século XVIII.

            Allan Kardec na terceira parte de O Livro dos Espíritos, Das Leis Morais, obteve dos companheiros do mundo espiritual, o esboço da evolução moral da Terra na vigência desses princípios exaltados no apagar da Idade Média. Eis exemplos de questões que trazidas pelos Espíritos que confirmam o slogan de Rousseau: Liberdade (829 Há homens que são, por natureza, destinados a ser propriedades de outros homens?  -Toda sujeição absoluta de um homem a outro é contrária à lei de Deus. A escravidão é um abuso da força e desaparecerá com o progresso, como desaparecerão pouco a pouco todos os abusos.☼ A lei humana que consagra a escravidão é contra a natureza, uma vez que iguala o homem ao irracional e o degrada moral e fisicamente.). Igualdade (803 Todos os homens são iguais diante de Deus?– Sim, todos tendem ao mesmo objetivo e Deus fez suas leis para todos. Muitas vezes, dizeis: “O Sol nasce para todos “e dizeis aí uma verdade maior e mais geral do que pensais. ☼ Todos os homens são submissos às mesmas leis da natureza; todos nascem com a mesma fraqueza, sujeitos às mesmas dores, e o corpo do rico se destrói como o do pobre. Portanto, Deus não deu a nenhuma homem superioridade natural nem pelo nascimento, nem pela morte: todos são iguais diante de Deus.). Fraternidade (768 O homem, ao procurar viver em sociedade, apenas obedece a um sentimento pessoal, ou há um objetivo providencial mais geral? - O homem deve progredir, mas não pode fazer isso sozinho porque não dispõe de todas as faculdades; eis por que precisa se relacionar com outros homens. No isolamento, se embrutece e se enfraquece).

            A Doutrina Espírita estende o tapete vermelho às prédicas da Revolução Francesa ampliando a sua visão regenerativa da sociedade dos homens da Terra para a sociedade universal que resplandece antes e depois da morte num cortejo de sucessivas encarnações e transmigrações de mundos infindos a circularem na Casa do Pai. Se a França trouxe a revolução da sociedade humana, foi também a França que nos deu Allan Kardec e a bênção da Codificação Espírita, cuja maior finalidade é tornar factível na Terra a grande Revolução de almas. Sejamos livres, sejamos iguais, sejamos fraternos. Essa a revolução que o mundo nos pede. Negar esses valores tem sido a pedra de tropeço da evolução moral da humanidade. Reverberá-los será o primeiro passo para a redenção da sociedade humana.

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