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FÉ INABALÁVEL E RAZÃO - O SIGNIFICADO DE RELIGIÃO PARA ALLAN KARDEC - FINAL

 


5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Discutir o aspecto religioso do Espiritismo não é tarefa fácil, aliás trabalhar com o conceito de religião também não o é. De um lado, a indefinição sobre o aspecto religioso do Espiritismo em meio a uma disputa de ideias que perfazem mais de um século e meio, do outro, a dificuldade de tratar o conceito de religião. Como se viu, os limites estabelecidos para dizer o que é ou não religião passam por um vasto leque de concepções, navegando entre duas etimologias possíveis, o relegere e o religare; uma de origem romana, voltada para a adoração de diversos deuses, e a outra reconceituada como cristã. A religião não fica, porém, somente entre essas duas concepções, passando por outros pensamentos que poderiam se dizer intermédios ou, como disse Benson Saler, com “características típicas às quais associamos no nosso modelo geral de religião do que outras”, estabelecendo lugares mais ou menos “religiosos” (SALER, 2000, p. xiv). Praticamente todos esses conceitos podem ser englobados na afirmação de Geertz, de que todas as religiões se revestem de uma aura de fatualidade, dada por rituais que seriam, segundo ele, sua motivação central. (GEERTZ, 1978, p. 67).

No século XIX, para a maioria dos Europeus12, isso tudo parecia correto e acertado, bastando apenas situar as religiões entre o relegere ou o religare. Quando se destacam os fenômenos espiritistas com os eventos de Hydesville e as mesas girantes na França, analisadas por Kardec, uma nova visão veio à tona, considerando a existência de “provas positivas da existência da alma, ou antes, da existência post-mortem de uma alma”, como afirma Eliade. (ELIADE, 1989, p. 61).

Allan Kardec, pois, surge com uma perspectiva científica baconiana e principalmente secular do que, até aquele momento, era apenas do domínio das religiões ditas tradicionais. O pedagogo francês propõe, em meio às revoluções do pensamento moderno do iluminismo, que o metafísico, outrora assunto das religiões ou da Filosofia, passe a ser assunto da Ciência, ou pelo menos da razão. A “fé inabalável é somente a que pode encarar a razão face a face, em todas as épocas da humanidade.” (KARDEC, 2016, p. 232).

Procuramos neste artigo, portanto, demonstrar a visão Kardeciana13 a respeito da religião, de forma a contribuir com o meio acadêmico e o próprio meio espírita, O próprio posicionamento de Kardec, porém, evoluiu com o tempo e passou por uma fase que foi nomeada por ele próprio como um período religioso (ARAUJO, 2014, p. 218), particularmente quando publicou “O Evangelho Segundo o Espiritismo”. Segundo Araujo, as afirmações de Kardec com o tempo passaram por modificações, inclusive chegando a afirmar que o Espiritismo era, a seu ver, uma religião, em termos filosóficos. Tal afirmação corrobora com a ideia de Saler, em cuja a definição existem características particulares que permeiam a religião:

“A religião, na minha forma de ver, é uma categoria graduada cujas instâncias estão ligadas por semelhanças de família. Além disso, defendo que reconhecemos explicitamente que, para a maioria dos estudiosos ocidentais, os exemplos mais claros da categoria religião, os exemplos mais prototípicos dela, são as famílias de religiões que chamamos de "judaísmo", "cristianismo" e "islamismo". Essas famílias exibem os maiores agrupamentos de características típicas que associamos à religião. E, claro, essas são as religiões que a maioria de nós, quando crianças, identificou pela primeira vez com o termo religião. Bem cedo na vida aprendemos a afastar a religião de outras coisas, embora de forma imperfeita. [...] Como estudiosos, procuramos refinar e aprofundar tais entendimentos de maneira sistemática. Usamos nossos entendimentos, de fato, para buscar no mundo outras religiões. Identificamos várias afirmações verbais e outros comportamentos em sociedades não ocidentais como "religiosas" por analogia com o que encontramos no Ocidente. (SALER, 2000, p. xiv, tradução nossa).14

Assim, as religiões seriam compostas de um conjunto de características, das quais cada uma tomaria para si um pequeno subconjunto e, por assim dizer, existiriam áreas periféricas que são “menos comuns” às religiões, tidas como as maiores referências ocidentais de religião. Dessa forma, o hibridismo apontado por Araujo no Espiritismo que seria, segundo ele, um entre-lugar, uma ponte entre a ciência e a filosofia com a religião “tida como referência” (ARAUJO, 2010, p. 132), nada mais é, ao nosso modo de ver, no conceito de Saler, uma área periférica do conjunto de características das religiões apontadas por esse.que “sofre” com as diferentes correntes de pensamento dentro de seu próprio universo.

Por isso, não obstante tenha dito que a doutrina espírita não é uma religião propriamente constituída e que serviria como elemento aglutinante às diversas religiões (KARDEC, 2016, p. 232), Kardec, anos depois, em seu discurso em reunião pública, na noite de 1° de novembro de 1868, na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, afirma: "O Espiritismo é uma religião e nós nos vangloriamos por isto. " (KARDEC, [1868]/(2007c), p. 491). O que parece de certa forma hora apontar numa direção (Perspectiva Científica), hora em outra (Perspectiva Religiosa).

Retomando a definição de Geertz de religião, Kardec parecia não acreditar que fosse possível, em termos de religião, desvincular “um sistema de símbolos que atua para estabelecer poderosas, penetrantes e duradouras disposições e motivações nos homens” de uma “formulação de conceitos de uma ordem geral” (GEERTZ, 1978, p. 67) não baconiana. Por essa razão, pelo menos naquele momento Kardec não acreditava que o Espiritismo pudesse ser uma religião, pois os ritos, os símbolos e os sacerdotes seriam características que estariam, segundo seu entendimento, sempre presentes na religião.

Por fim, entendemos que Kardec fez das famílias do Cristianismo (a Igreja Católica e a Igreja Protestante) como suas referências de religião, o que corrobora o pensamento de Saler. Dessa forma, em contraponto, afirmou que o Espiritismo não era uma religião, simplesmente por não possuir, ritos, símbolos ou sacerdotes, o que fica demonstrado como insuficiente. Concluímos que isso se deu por dois motivos: primeiro porque se para ele, de todas as doutrinas, o Cristianismo era a mais esclarecida e a mais pura, não haveria, portanto, razão para criar nova religião, e sim, agregar as “revelações dos espíritos” ao Cristianismo (ou a outras religiões que aceitassem as concepções do Espiritismo); e em segundo lugar, porque o mesmo não tinha a ideia de fundar uma nova religião, mas sim fornecer elementos para fazer “uma reforma religiosa, [...], com a intenção de chegar à unificação das crenças.” (LACHÂTRE, 1867, p. 199). Intenção essa que parece ser cada dia mais inalcançável.

 

 

12 Dizemos “para os Europeus”, pois não estamos trabalhando aqui os conceitos orientais de religião.

13 A utilização do termo “Kardeciano” é uma opção para evitar o uso do termo “Kardecista”, que ao nosso ver é equivocado, já que em termos de análise morfológica, na palavra Kardecismo, o sufixo –ismo, designa “movimentos sociais, ideológicos, políticos, opinativos, religiosos, e personativos através dos nomes próprios representativos ou locativos de origem” (LOPES, 2011, p. 3). No caso, a palavra Kardecismo, se encaixa na condição religiosa e personativa, já que se trata da derivação do nome da pessoa de Kardec, que em primeira análise afirmaria que esta doutrina seria de Kardec. Por outro lado, o mesmo afirma que essa doutrina não é sua e sim legada pelos espíritos superiores, como está escrito no subtítulo de sua obra básica “O Livro dos Espíritos”, que diz: “PRINCÍPIOS DA DOUTRINA ESPÍRITA, sobre a imortalidade da alma, a natureza dos Espíritos e suas relações com os homens, as leis morais, a vida presente, a vida futura e o porvir da Humanidade - segundo os ensinos dados por Espíritos superiores com o concurso de diversos médiuns - recebidos e coordenados POR ALLAN KARDEC” (KARDEC, 2008, p. 3, grifo nosso) .

14 Religion, then, in my approach, is a graded category the instantiations of which are linked by family resemblances. I further advocate that we acknowledge explicitly that for most Western scholars the clearest examples of the category religion, the most prototypical exemplars of it, are those families of religions that we call "Judaism," "Christianity," and "Islam." Those families exhibit the greatest clusterings of typicality features that we associate with religion. And, of course, those are the religions that most of us, as children, first identified with the term religion. Fairly early in life we learned to set religion off from other things, though imperfectly. As scholars, we seek to refine and deepen such understandings in systematic ways. We use our understandings, indeed, to search the world for other religions. We identify various verbal assertions and other behaviors in non-Western societies as "religious" by analogy to what we find in the West.

 

REFERÊNCIAS

ALVES, Rubem. O enigma da religião. 3 ed. Campinas: Papirus, 1984.

ARAUJO, Augusto César Dias de. Identidade e fronteiras do espiritismo na obra de Allan Kardec. Horizonte, Belo Horizonte, v. 8, n. 16, p. 117-135, jan./mar. 2010.

ARAUJO, Augusto César Dias de. O espiritismo, “esta loucura do século XIX”: ciência, filosofia e religião nos escritos de Allan Kardec. Juiz de Fora, 2014. 287 f. Tese. (Doutorado em Ciência da Religião). Programa de Pós-graduação em Ciência da Religião, Universidade Federal de Juiz de Fora.

AZEVEDO, Cristiane Almeida de. A procura do conceito de religio: entre o relegere e o religare. Religare, João Pessoa, v. 7, n. 1, p. 90-96, mar. 2010.

ASAD, Talal. A construção da religião como uma categoria antropológica. Cadernos de Campo, São Paulo, n. 19, 2010.

BACON, F. Novum Organum. “Aforismo XIX”. Coleção Os Pensadores. Nova Cultural, São Paulo: 1988.

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CHAVES, José Reis. Fiéis ao espiritismo científico, mas não ao seu lado evangélico. Jornal O Tempo. Belo Horizonte, 4 fev. 2013.

DOYLE, Arthur Conan. História do Espiritismo. Trad. Júlio Abreu Filho. São Paulo: Pensamento, 2007.

DUBUISSON, Daniel. L’Occident et la religion : mythe, science et idéologie. Bruxelles: Éditions Complexe, 1998.

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