Pular para o conteúdo principal

A ESCOLA DA VIDA - O LAR (I PARTE)






 
Como pai e professor, sempre participei de reuniões de pais e mestres, nas quais ouvi e ainda ouço desabafos, principalmente de mães, porque passam o dia fora e não querem deixar seus filhos com empregadas domésticas, reclamam que seus filhos não estão sendo educados adequadamente e que a escola não está atendendo esse tipo de demanda porque seus filhos não respeitam nada e ninguém!

O que muitos pais desejam é que as escolas façam o que eles deveriam fazer, devido a não disporem do tempo necessário para tanto e, quando retornam para casa no fim da tarde, muitos até no início da noite, já estafados pela jornada de trabalho, ainda têm que enfrentar muitas tarefas domésticas.


A pergunta que nos ocorre é: Será que as escolas com classes de 20, de 30 e até de 40 alunos, em que um (a) professor (a) em companhia de apenas um auxiliar, têm como atender esse tipo de demanda?

Por isso é que resolvi expressar minhas reflexões sobre esse tipo de problema: Quais as tarefas que cabem aos pais e quais as tarefas que cabem aos estabelecimentos de ensino?

Professando a Doutrina Espírita, falo sobre essa questão do ponto de vista Espírita, iniciando tal abordagem a partir de uma época muito remota, mas da qual ainda é possível se encontrar alguma referência: O livro Provérbios, do Velho Testamento.

INTRODUÇÃO

Estamos no primeiro século do terceiro milênio após a vinda do Cristo.
O Brasil, um país considerado do terceiro mundo pelo seu estado de desenvolvimento, porém de um povo relativamente pacífico, de arraigado sentimento religioso, com uma história sem guerras, que aboliu a escravatura ainda no século XIX, mas que, na atualidade, enfrenta sérios problemas estruturais de educação, saúde, habitação, emprego, renda, violência, e principalmente nos costumes e desigualdades regionais.

Desejoso de dar uma contribuição, ainda que pequena, para que, no futuro, a situação do meu país possa ser diferente, em minhas leituras e reflexões, interessei-me pelas ideias de um estudioso da área da educação no século XIX, o qual afirma que “os problemas da humanidade provêm da imperfeição dos homens”.

Lembramos que a afirmação acima foi feita na segunda metade do século XIX, na França, e que esse pensador cujo verdadeiro nome era Hippolyte Léon Denizard Rivail, o qual, apesar de publicar várias obras na área da educação, veio a se tornar mais conhecido pelo pseudônimo ALLAN KARDEC.

Os estudos de Allan Kardec sobre certos fenômenos surgidos naquela época em toda a Europa e nos Estados Unidos resultaram na publicação de várias obras, dentre elas, a que mais chamou a atenção de estudiosos e opositores, foi publicada em abril de 1857, em Paris, sob o título de O Livro dos Espíritos.

O Livro dos Espíritos representa um marco importante na história da Humanidade, pelas suas conclusões de que o ser humano é formado de uma parte material, o corpo, e uma imaterial, denominada Alma ou Espírito.

Importante considerar que todos os seres humanos, independentemente de nacionalidade, condição socioeconômica, e tipo de doutrina que professe, são em si a união desses dois elementos: Corpo e Espírito (Alma)!

A análise desses fenômenos levou Allan Kardec a concluir que o Espírito sobrevive à morte do corpo, o qual pode voltar para uma nova existência física em outro corpo, ou seja, reencarnar tantas vezes quantas forem necessárias para progredir, entendendo-se o termo progredir no sentido de evoluir, de melhorar-se.

A partir das observações dos fenômenos e através dos diálogos que mantinha com os seres que se autodenominaram Espíritos de pessoas que já haviam habitado corpos como o nosso, em várias épocas da história da humanidade, levaram Allan Kardec a várias conclusões, dentre elas a de que “os problemas da humanidade provêm da imperfeição dos homens e de que, quando os homens forem bons organizarão boas instituições que serão duráveis, pois todos terão interesse em conservá-las”.

Allan Kardec concluiu também que a questão social não tem por ponto de partida a forma de tal ou qual instituição; que ela se encontra toda no melhoramento moral dos indivíduos; vindo a afirmar que é aí que reside o princípio e a verdadeira chave da felicidade do gênero humano; para concluir que “é pela educação, mais do que pela instrução, que se transformará a humanidade”.

Essa afirmação impressionou-me bastante, a ponto de me levar a ficar meditando por algum tempo: Se a chave do problema seria reduzir as imperfeições do indivíduo, então somente o próprio indivíduo é que deve empreender essa tarefa, concluindo que é nesse ponto que se encontra a solução do problema, ou seja, que só a educação pode fazer com que o ser humano possa, conscientemente, mudar o seu comportamento e dar solução aos seus problemas.

Fazendo-se uma análise dos graves problemas enfrentados nos dias de hoje, a começar com a desigualdade das riquezas, concentrada nas mãos de poucos, enquanto muitos, apesar do esforço realizado, carecem do essencial para sua própria sobrevivência, embora se deva entender que a concentração em si, de uma maneira geral, não é ruim, tendo-se como exemplo os reservatórios do tipo caixas d’água, os açudes, as lagoas, os oceanos e as florestas.

A concentração dos recursos econômicos só se torna um mal quando conduz à exploração do homem que depende do trabalho para suprir as necessidades próprias e da família; pelos baixos salários percebidos; condições de trabalho desumanas e às vezes até degradantes; ausência de benefícios sociais; tudo isso associado à sonegação de impostos e encargos sociais e trabalhistas, em benefício do incremento das margens de lucro, tendo como consequência uma maior concentração da riqueza nas mãos de poucos, enquanto falta o necessário para a grande maioria.

Outra questão importante a ser citada é a alta carga de tributos imposta pelo Estado, sem a devida contrapartida de benefícios sociais às classes menos favorecidas, aliada à falta de programas de distribuição de renda, ausência de modernos projetos de formação profissional, e de programas de remuneração justa do corpo docente das escolas e universidades públicas, bem como a falta de investimentos na agricultura, que resultem na produção de alimentos de qualidade e em quantidades suficientes a custos acessíveis.

Adicione-se ao exposto acima os problemas políticos, dentre os quais a profissionalização dos que se dedicam a esse tipo de atividade, levando à formação de todo tipo de manobra a fim de manter o status quo, sempre regado a muitos privilégios e mordomias e a um distanciamento das reais necessidades da população como um todo, principalmente das camadas menos favorecidas, tudo isso aliado a uma aproximação sempre crescente das faixas sociais mais aquinhoadas e propensas a serem favorecidas pelas benesses destinadas àqueles que exercem a militância política como profissão, onde poucos são os que se excluem desse grupo.

A questão da violência urbana cada vez mais se agrava devido à proliferação e consumo de drogas, de bebidas alcoólicas, somado ao despreparo do aparelho do estado para lidar com esse tipo de problema, sistema prisional inadequado em quantidade e qualidade, ausência de instrumentos legais e judiciais, sendo que a soma desses fatores leva a um favorecimento daqueles que desejam burlar a estrutura legal vigente e tirar proveito ainda maior do despreparo do Estado. Este é, em rápida síntese, o quadro geral no início do terceiro milênio.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

PESTALOZZI E KARDEC - QUEM É MESTRE DE QUEM?¹

Por Dora Incontri (*) A relação de Pestalozzi com seu discípulo Rivail não está documentada, provavelmente por mais uma das conspirações do silêncio que pesquisadores e historiadores impõem aos praticantes da heresia espírita ou espiritualista. Digo isto, porque há 13 volumes de cartas de Pestalozzi a amigos, familiares, discípulos, reis, aristocratas, intelectuais da Europa inteira. Há um 14º volume, recentemente publicado, que são cartas de amigos a Pestalozzi. Em nenhum deles há uma única carta de Pestalozzi a Rivail ou vice-versa. Pestalozzi sonhava implantar seu método na França, a ponto de ter tido uma entrevista com o próprio Napoleão Bonaparte, que aliás se mostrou insensível aos seus planos. Escreveu em 1826 um pequeno folheto sobre suas ideias em francês. Seria quase impossível que não trocasse sequer um bilhete com Rivail, que se assinava seu discípulo e se esforçava por divulgar seu método em Paris. Pestalozzi, com seu caráter emotivo e amoroso, não era de ...

OS FILHOS DE BEZERRA DE MENEZES

                              As biografias escritas sobre Bezerra de Menezes apresentam lacunas em relação a sua vida familiar. Em quase duas décadas de pesquisas, rastreando as pegadas luminosas desse que é, indubitavelmente, a maior expressão do Espiritismo no Brasil do século XIX, obtivemos alguns documentos que nos permitem esclarecer um pouco mais esse enigma. Mais recentemente, com a ajuda do amigo Chrysógno Bezerra de Menezes, parente do Médico dos Pobres residente no Rio de Janeiro, do pesquisador Jorge Damas Martins e, particularmente, da querida amiga Lúcia Bezerra, sobrinha-bisneta de Bezerra, residente em Fortaleza, conseguimos montar a maior parte desse intricado quebra-cabeças, cujas informações compartilhamos neste mês em que relembramos os 180 anos de seu nascimento.             Bezerra casou-se...

“TUDO O QUE ACONTECER À TERRA, ACONTECERÁ AOS FILHOS DA TERRA.”

    Por Doris Gandres Esta afirmação faz parte da carta que o chefe índio Seattle enviou ao presidente dos Estados Unidos, Franklin Pierce, em 1854! Se não soubéssemos de quem e de quando é essa declaração poder-se-ia dizer que foi escrita hoje, por alguém com bastante lucidez para perceber a interdependência entre tudo e todos. O modo como vimos agindo na nossa relação com a Natureza em geral há muitos séculos, não apenas usando seus recursos, mas abusando, depredando, destruindo mananciais diversos, tem gerado consequências danosas e desastrosas cada vez mais evidentes. Por exemplo, atualmente sabemos que 10 milhões de toneladas de plásticos diversos são jogadas nos oceanos todo ano! E isso sem considerar todas as outras tantas coisas, como redes de pescadores, latas, sapatos etc. e até móveis! Contudo, parece que uma boa parte de nós, sobretudo aqueles que priorizam seus interesses pessoais, não está se dando conta da gravidade do que está acontecendo...

A FÉ COMO CONTRAVENÇÃO

  Por Jorge Luiz               Quem não já ouviu a expressão “fazer uma fezinha”? A expressão já faz parte do vocabulário do brasileiro em todos os rincões. A sua história é simbiótica à história do “jogo do bicho” que surgiu a partir de uma brincadeira criada em 1892, pelo barão João Batista Viana Drummond, fundador do zoológico do Rio de Janeiro. No início, o zoológico não era muito popular, então o jogo surgiu para incentivar as visitas e evitar que o estabelecimento fechasse as portas. O “incentivo” promovido pelo zoológico deu certo, mas não da maneira que o barão imaginava. Em 1894, já era possível comprar vários bilhetes – motivando o surgimento do bicheiro, que os vendia pela cidade. Assim, o sorteio virou jogo de azar. No ano seguinte, o jogo foi proibido, mas aí já tinha virado febre. Até hoje o “jogo do bicho” é ilegal e considerado contravenção penal.

"ANDA COM FÉ EU VOU..."

  “Andá com fé eu vou. Que a fé não costuma faiá” , diz o refrão da música do cantor Gilberto Gil. Narra a carta aos Hebreus que a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem. Cremos que fé é a certeza da aquisição daquilo que se tem como finalidade.

NÃO SÃO IGUAIS

  Por Orson P. Carrara Esse é um detalhe imprescindível da Ciência Espírita. Como acentuou Kardec no item VI da Introdução de O Livro dos Espíritos: “Vamos resumir, em poucas palavras, os pontos principais da doutrina que nos transmitiram”, sendo esse destacado no título um deles. Sim, porque esse detalhe influi diretamente na compreensão exata da imortalidade e comunicabilidade dos Espíritos. Aliás, vale dizer ainda que é no início do referido item que o Codificador também destaca: “(...) os próprios seres que se comunicam se designam a si mesmos pelo nome de Espíritos (...)”.

FUNDAMENTALISMO AFETA FESTAS JUNINAS

  Por Ana Cláudia Laurindo   O fundamentalismo religioso tenta reconfigurar no Brasil, um país elaborado a partir de projetos de intolerância que grassam em pequenos blocos, mas de maneira contínua, em cada situação cotidiana, e por isso mesmo, tais ações passam despercebidas. Eles estão multiplicando, por isso precisamos conhecer a maneira com estas interferências culturais estão atuando sobre as novas gerações.

A HISTÓRIA DA ÁRVORE GENEROSA

                                                    Para os que acham a árvore masoquista Ontem, em nossa oficina de educação para a vida e para a morte, com o tema A Criança diante da Morte, com Franklin Santana Santos e eu, no Espaço Pampédia, houve uma discussão fecunda sobre um livro famoso e belo: A Árvore Generosa, de Shel Silverstein (Editora Cosac Naify). Bons livros infantis são assim: têm múltiplos alcances, significados, atingem de 8 a 80 anos, porque falam de coisas essenciais e profundas. Houve intensa discordância quanto à mensagem dessa história, sobre a qual já queria escrever há muito. Para situar o leitor que não leu (mas recomendo ler), repasso aqui a sinopse do livro: “’...

JESUS TEM LADO... ONDE ESTOU?

   Por Jorge Luiz  A Ilusão do Apolitismo e a Inerência da Política Há certo pedantismo de indivíduos que se autodenominam apolíticos como se isso fosse possível. Melhor autoafirmarem-se apartidários, considerando a impossibilidade de se ser apolítico. A questão que leva a esse mal entendido é que parte das pessoas discordam da forma de se fazer política, principalmente pelo fato instrumentalizado da corrupção, que nada tem do abrangente significado de política. A política partidária é considerada quando o indivíduo é filiado a alguma agremiação religiosa, ou a ela se vincula ideologicamente. Quanto ao ser apolítico, pensa-se ser aquele indiferente ou alheio à política, esquecendo-se de que a própria negação da política faz o indivíduo ser político.

A REENCARNAÇÃO DE SEGISMUNDO

            O material empírico acerca da comprovação da reencarnação disponível já é suficiente para que a ciência materialista a aceite como lei biológica. Esse material é oriundo de várias matrizes de pesquisas, que sejam das lembranças espontâneas de vivências passadas em crianças, principalmente as encabeçadas por Ian Stevenson (1918 - 2007), desenvolvidas por mais de 40 anos. Da mesma forma, o milhares de casos de regressão de memórias às vidas passadas como terapia, com vistas a soluções para a cura de enfermidades psicossomáticas (TRVP). As experiências de quase morte (EQM), além das pesquisas desenvolvidas pela Transcomunicação instrumental através de meios eletrônicos (TCI).