Pular para o conteúdo principal

UM OÁSIS DE AMOR





O começo - 1992 - Uma das primeiras turmas da Educação Espírita

Com a aproximação do final do ano de 2015, meus filhos propuseram um programa diferente, ao invés da orla marítima de Fortaleza, com o tradicional show musical e queima de fogos, desfrutarmos do clima serrano na cidade de Viçosa do Ceará. O programa foi aceito pela maioria, apenas um, dos quatro filhos, não concordou em ir, por ter um programa mais ao gosto de seus três filhos menores e preferiu uma colônia de férias próxima de Fortaleza.
Alugamos duas casas em um sítio próximo à cidade, muito confortáveis, com piscina e cercadas de uma vista linda e verdejante. Mas não dava para abrigar todos, por isso nossa filha mais velha, o marido e as filhas, conseguiram acomodação em um hotel na cidade de Tianguá, distando aproximadamente 30 km de Viçosa, o que permitia em pouco menos de meia hora estarmos todos juntos.

Fachada atual da Oficina Frederico Figner
Há mais ou menos 25 anos eu não visitava Viçosa, lá estive no início da década de 1990, mais ou menos nos primeiros dias da fundação de uma casa espírita que veio a se chamar Centro Espírita O Pobre de Deus, em homenagem a Francisco de Assis, por isso fiz contato com o confrade e amigo Everaldo Mapurunga, o qual já nos instou a visitarmos as instalações da entidade, que fica localizada na Vila Oiticicas, distrito Lambedouro, distante aproximadamente 13 Km de Viçosa, quando teríamos a oportunidade de falar sobre o nosso livro publicado recentemente sob o título: Um Mundo das Pessoas Sem Corpo, contendo interpretações sobre alguns pontos da Doutrina Espírita.
Crianças em atividade pedagógico no Sítio Caminho de Damasco

Chegamos no dia 30 de dezembro em Viçosa e no dia 31 pela manhã, eu e Expedita, em companhia de Everaldo, fomos conhecer o Sítio Caminho de Damasco, que é um dos instrumentos de sustentação econômico-financeira do trabalho. Visitamos as instalações onde funciona o Centro Espírita O Pobre de Deus e ficamos maravilhados com a estrutura do trabalho, a organização, o asseio e com a disposição das pessoas que colaboram nas atividades. Ficou acertado que à noite lá voltaríamos para participar da solenidade festiva que se realizaria na quadra esportiva, quando teríamos oportunidade de falar alguns minutos sobre a temática do livro, para as famílias presentes.
Crianças em frente ao Pão da Vida - Dez/2013
Ao longo do trajeto, Everaldo nos foi falando sobre o desenvolvimento das atividades e das dificuldades enfrentadas ao longo de aproximadamente 25 anos de atividade espírita naquela localidade, resistências políticas e religiosas, mas que não conseguiram obstar o prosseguimento do trabalho, hoje de grande alcance social e profissional para a comunidade.
À noite, tive a grata surpresa de encontrar um grande amigo, Dr. Olinto Franklin Gadelha, a quem há décadas não tinha oportunidade de ver, ele a quem conheci ainda adolescente, quando ingressamos na Escola Industrial de Fortaleza na década de 1960, hoje ele é um magistrado aposentado, exercendo a advocacia na cidade de Viçosa.  Revi também o confrade Pedro Nogueira, nosso conhecido do CRE - Circulo de Renovação Espiritual, de Fortaleza, mais conhecido como o centro da D. Milena, já desencarnada.
Fachada da escola Allan Kardec

Em seguida fomos brindados pela amostra de cultura e habilidade instrumental das crianças e jovens, especialmente da apresentação de canto e das peças musicais executadas por uma bandinha composta por menores instrumentistas, merecendo destaque a habilidade e disciplina musical daqueles jovens músicos. Ao final foi apresentado um vídeo elaborado por um jovem integrante do projeto, no qual foi contada em fotografias a história do trabalho ali realizado.
Posteriormente visitamos o “Pão da Vida”, que é uma espécie de empório localizado na zona central da cidade, onde funciona uma padaria, restaurante a  la carte e self service, com instalações muito bem cuidadas. Importante ressaltar o “Baú do Tesouro”, que é um cantinho no Pão da Vida, onde o visitante encontra o tesouro que é o Evangelho de Jesus à luz da Doutrina Espírita e pode lê-lo à vontade. Importante ressaltar que a sustentabilidade financeira do trabalho realizado pelo C. E. O Pobre de Deus é viabilizada pelo sítio Caminho de Damasco e pelo que eu chamei de empório, a Padaria Pão da Vida.
Oficinas vista do fundo - O prédio do meio é a atual sede do C.E. Pobre de Deus
O Trabalho realizado pelo Centro Espírita O Pobre de Deus tem ensejado a publicação de trabalhos acadêmicos em nível de graduação e até uma tese de mestrado do Curso de Educação do Programa de Pós Graduação em Educação Brasileira, da Universidade Federal do Ceará, de Francisco Jahannes dos Santos Rodrigues, sob o título “EDUCAÇÃO, JUVENTUDE E ESPERANÇA NO SERTÃO DE OITICICAS – VIÇOSA DO CEARÁ: AS APRENDIZAGENS EXPERIENCIAIS REALIZADAS NO CENTRO ESPÍRITA O POBRE DE DEUS”, tendo como orientadora a Professora Doutora Ercília Maria Braga de Olinda, de onde, na p.35, colhemos a delicada expressão “Uma flor brota no sertão” ao se referir ao Centro Espírita o pobre de Deus.

O Boletim SEI nº 2128, publicação do Lar Fabiano de Cristo, edição de 10.01.2009, deu a “O POBRE DE DEUS” o título “UMA FLOR EM MEIO AO DESERTO”. A Tese de Mestrado de Francisco Jahanes dos Santos Rodrigues utilizou a expressão “UMA FLOR BROTA NO SERTÃO”. Daí, na mesma linha, termos escolhido para titular esse texto uma expressão carinhosa e bem apropriada para, em nossa modesta opinião, designar o trabalho realizado pelo Centro Espírita O Pobre de Deus: “UM OÁSIS DE AMOR”.


(*) escritor espírita, membro da AMLEF, integrante da equipe do programa Antena Espírita, e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.

Comentários

  1. Olá, Castro,
    Não tens noção, mas estás criando um roteiro turístico espírita. Quem for a Serra da Ibiapaba, necessariamente tem que conhecer as atividades do C.E. "O Pobre de Deus" e conhecer o confrade, colega irmão e amigo Everaldo Mapurunga. Parabéns, conseguiste descrever de forma poética o que é "O Pobre de Deus".

    ResponderExcluir
  2. Francisco Castro de Sousa15 de janeiro de 2016 às 14:26

    Jorge Luiz, a poesia que você enxerga, vai por conta das fotografias que você acrescentou ao meu texto, obrigado pelo carinho das suas palavras. Tenho certeza que os trabalhadores do C.E. O Pobre de Deus também gostaram da sua interpretação do texto. Penso que podemos, qualquer dia desses, marcar uma visita lá. Forte abraço. Castro

    ResponderExcluir
  3. Lindo texto com sensibilidade para registrar em palavras e imagens um trabalho tão lindo e edificante. Parabéns!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

PESTALOZZI E KARDEC - QUEM É MESTRE DE QUEM?¹

Por Dora Incontri (*) A relação de Pestalozzi com seu discípulo Rivail não está documentada, provavelmente por mais uma das conspirações do silêncio que pesquisadores e historiadores impõem aos praticantes da heresia espírita ou espiritualista. Digo isto, porque há 13 volumes de cartas de Pestalozzi a amigos, familiares, discípulos, reis, aristocratas, intelectuais da Europa inteira. Há um 14º volume, recentemente publicado, que são cartas de amigos a Pestalozzi. Em nenhum deles há uma única carta de Pestalozzi a Rivail ou vice-versa. Pestalozzi sonhava implantar seu método na França, a ponto de ter tido uma entrevista com o próprio Napoleão Bonaparte, que aliás se mostrou insensível aos seus planos. Escreveu em 1826 um pequeno folheto sobre suas ideias em francês. Seria quase impossível que não trocasse sequer um bilhete com Rivail, que se assinava seu discípulo e se esforçava por divulgar seu método em Paris. Pestalozzi, com seu caráter emotivo e amoroso, não era de ...

OS FILHOS DE BEZERRA DE MENEZES

                              As biografias escritas sobre Bezerra de Menezes apresentam lacunas em relação a sua vida familiar. Em quase duas décadas de pesquisas, rastreando as pegadas luminosas desse que é, indubitavelmente, a maior expressão do Espiritismo no Brasil do século XIX, obtivemos alguns documentos que nos permitem esclarecer um pouco mais esse enigma. Mais recentemente, com a ajuda do amigo Chrysógno Bezerra de Menezes, parente do Médico dos Pobres residente no Rio de Janeiro, do pesquisador Jorge Damas Martins e, particularmente, da querida amiga Lúcia Bezerra, sobrinha-bisneta de Bezerra, residente em Fortaleza, conseguimos montar a maior parte desse intricado quebra-cabeças, cujas informações compartilhamos neste mês em que relembramos os 180 anos de seu nascimento.             Bezerra casou-se...

“TUDO O QUE ACONTECER À TERRA, ACONTECERÁ AOS FILHOS DA TERRA.”

    Por Doris Gandres Esta afirmação faz parte da carta que o chefe índio Seattle enviou ao presidente dos Estados Unidos, Franklin Pierce, em 1854! Se não soubéssemos de quem e de quando é essa declaração poder-se-ia dizer que foi escrita hoje, por alguém com bastante lucidez para perceber a interdependência entre tudo e todos. O modo como vimos agindo na nossa relação com a Natureza em geral há muitos séculos, não apenas usando seus recursos, mas abusando, depredando, destruindo mananciais diversos, tem gerado consequências danosas e desastrosas cada vez mais evidentes. Por exemplo, atualmente sabemos que 10 milhões de toneladas de plásticos diversos são jogadas nos oceanos todo ano! E isso sem considerar todas as outras tantas coisas, como redes de pescadores, latas, sapatos etc. e até móveis! Contudo, parece que uma boa parte de nós, sobretudo aqueles que priorizam seus interesses pessoais, não está se dando conta da gravidade do que está acontecendo...

NÃO SÃO IGUAIS

  Por Orson P. Carrara Esse é um detalhe imprescindível da Ciência Espírita. Como acentuou Kardec no item VI da Introdução de O Livro dos Espíritos: “Vamos resumir, em poucas palavras, os pontos principais da doutrina que nos transmitiram”, sendo esse destacado no título um deles. Sim, porque esse detalhe influi diretamente na compreensão exata da imortalidade e comunicabilidade dos Espíritos. Aliás, vale dizer ainda que é no início do referido item que o Codificador também destaca: “(...) os próprios seres que se comunicam se designam a si mesmos pelo nome de Espíritos (...)”.

A FÉ COMO CONTRAVENÇÃO

  Por Jorge Luiz               Quem não já ouviu a expressão “fazer uma fezinha”? A expressão já faz parte do vocabulário do brasileiro em todos os rincões. A sua história é simbiótica à história do “jogo do bicho” que surgiu a partir de uma brincadeira criada em 1892, pelo barão João Batista Viana Drummond, fundador do zoológico do Rio de Janeiro. No início, o zoológico não era muito popular, então o jogo surgiu para incentivar as visitas e evitar que o estabelecimento fechasse as portas. O “incentivo” promovido pelo zoológico deu certo, mas não da maneira que o barão imaginava. Em 1894, já era possível comprar vários bilhetes – motivando o surgimento do bicheiro, que os vendia pela cidade. Assim, o sorteio virou jogo de azar. No ano seguinte, o jogo foi proibido, mas aí já tinha virado febre. Até hoje o “jogo do bicho” é ilegal e considerado contravenção penal.

"ANDA COM FÉ EU VOU..."

  “Andá com fé eu vou. Que a fé não costuma faiá” , diz o refrão da música do cantor Gilberto Gil. Narra a carta aos Hebreus que a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem. Cremos que fé é a certeza da aquisição daquilo que se tem como finalidade.

JESUS TEM LADO... ONDE ESTOU?

   Por Jorge Luiz  A Ilusão do Apolitismo e a Inerência da Política Há certo pedantismo de indivíduos que se autodenominam apolíticos como se isso fosse possível. Melhor autoafirmarem-se apartidários, considerando a impossibilidade de se ser apolítico. A questão que leva a esse mal entendido é que parte das pessoas discordam da forma de se fazer política, principalmente pelo fato instrumentalizado da corrupção, que nada tem do abrangente significado de política. A política partidária é considerada quando o indivíduo é filiado a alguma agremiação religiosa, ou a ela se vincula ideologicamente. Quanto ao ser apolítico, pensa-se ser aquele indiferente ou alheio à política, esquecendo-se de que a própria negação da política faz o indivíduo ser político.

A HISTÓRIA DA ÁRVORE GENEROSA

                                                    Para os que acham a árvore masoquista Ontem, em nossa oficina de educação para a vida e para a morte, com o tema A Criança diante da Morte, com Franklin Santana Santos e eu, no Espaço Pampédia, houve uma discussão fecunda sobre um livro famoso e belo: A Árvore Generosa, de Shel Silverstein (Editora Cosac Naify). Bons livros infantis são assim: têm múltiplos alcances, significados, atingem de 8 a 80 anos, porque falam de coisas essenciais e profundas. Houve intensa discordância quanto à mensagem dessa história, sobre a qual já queria escrever há muito. Para situar o leitor que não leu (mas recomendo ler), repasso aqui a sinopse do livro: “’...

FUNDAMENTALISMO AFETA FESTAS JUNINAS

  Por Ana Cláudia Laurindo   O fundamentalismo religioso tenta reconfigurar no Brasil, um país elaborado a partir de projetos de intolerância que grassam em pequenos blocos, mas de maneira contínua, em cada situação cotidiana, e por isso mesmo, tais ações passam despercebidas. Eles estão multiplicando, por isso precisamos conhecer a maneira com estas interferências culturais estão atuando sobre as novas gerações.

O AUTO-DE-FÉ E A REENCARNAÇÃO DO BISPO DE BARCELONA¹ (REPOSTAGEM)

“Espíritas de todos os países! Não esqueçais esta data: 9 de outubro de 1861; será marcada nos fastos do Espiritismo. Que ela seja para vós um dia de festa, e não de luto, porque é a garantia de vosso próximo triunfo!”  (Allan Kardec)             Por Jorge Luiz                  Cento e sessenta e três anos passados do Auto-de-Fé de Barcelona, um dos últimos atos do Santo Ofício, na Espanha.             O episódio culminou com a apreensão e queima de 300 volumes e brochuras sobre o Espiritismo - enviados por Allan Kardec ao livreiro Maurice Lachâtre - por ordem do bispo de Barcelona, D. Antonio Parlau y Termens, que assim sentenciou: “A Igreja católica é universal, e os livros, sendo contrários à fé católica, o governo não pode consentir que eles vão perverter a moral e a religião de outros países.” ...