domingo, 25 de maio de 2014

C.E. "O POBRE DE DEUS" EM DESTAQUE

Entrevista concedida pelo confrade Everaldo Mapurunga, voluntário do C. E. "O Pobre de Deus", Oiticicas, Viçosa do Ceará, à estudante Ahinsa, do Curso de Jornalismo da Universidade de Fortaleza (UNIFOR).


Iniciando o diálogo. Oi, senhor. Boa noite! Conforme conversamos, estou escrevendo uma matéria para o jornal do meu curso de jornalismo da Unifor sobre pessoas que ajudam a mudar realidades a partir de boas ações. Lembrei da inciativa da padaria Pão da Vida e por isso resolvi entrevistá-lo. Seguem as perguntas. Desde já, muito obrigada pela atenção.

De onde surgiu a ideia de abrir a Padaria? Quando começou?
-Surgiu do desejo de alcançar a sustentabilidade da obra social que lhe deu origem. Tal obra teve início 10 anos antes da padaria. A inspiração veio dos Atos dos Apóstolos, que começaram a atender os necessitados mas não tinham o dinheiro necessário. Complementa o livro “Paulo e Estêvão” (Emmanuel/Francisco Cândido Xavier) que eles pretendiam trabalhar para dar provimento às ações; no entanto, não conseguiram realizar seu desejo, dado às fortes perseguições que enfrentaram e que se estenderam até o Séc. III. Mas a semente não se perdeu no tempo. Outros cristãos inspiraram ou materializaram aquele sonho, como São Francisco de Assis, que é o inspirador da referida obra social, dando-lhe, inclusive, o nome: CENTRO ESPÍRITA “O POBRE DE DEUS”.

  
Como você conseguiu o dinheiro para investir?
--Como em qualquer obra cristã, a gente considera que o dinheiro é enviado por Deus, através da generosidade das pessoas e/ou da seriedade das instituições que apoiam. Ao longo da caminhada, já contamos com parceiros diversos, como BNDES, VITAE - que hoje já não atua no Brasil - e Embaixada Britânica, todas por volta de 2001, quando a padaria teve início; a Fundação Banco do Brasil, em mais de uma ocasião; e a Capemisa Social, que é uma obra parceira e ao mesmo tempo irmã, pois que está sob a égide de Fabiano de Cristo, virtuoso franciscano português, que viveu no Brasil colonial. Atualmente, a presença das pessoas que compram os alimentos é nossa maior energia. Parece que o dinheiro que elas investem vem adoçado com bondade e vitaminado com o poder da multiplicação. É por isso que não temos qualquer dúvida quanto àquele fenômeno no qual Jesus partiu os pães e os peixes. Nós o vemos repetir-se diariamente e nem espanto temos mais, apenas gratidão.


Para onde o lucro é destinado?
- Uma parte é investida no aperfeiçoamento do trabalho, para retribuir a esse cliente generoso que garante a continuidade. Sem isso, não haveria a sustentabilidade.
Com outra parte, a entidade tenta ser justa e generosa com a equipe que produz e comercializa. Essas pessoas, em sua maioria, vêm da própria obra social: são ex-alunos, que agora trilham o caminho dos estudos ou da sonhada profissão; são mães coparticipantes, vindas da comunidade assistida. Sem isso, também não estaria no caminho da sustentabilidade.
E, finalmente, a terceira parte. Ela representa a renúncia de pró-labore de algumas pessoas, que trabalham na obra sem remuneração ou benefícios. Esta parte atende à finalidade essencial: Mantém uma centena de crianças em atividades socioeducacionais, no campo da Assistência Social. É um atendimento regular, por 4 horas diárias, de segunda a sexta, com atividades eventuais no fim de semana, sendo complementar à escola pública. As cerca de 100 famílias de onde vêm tais crianças, alguns adolescentes e jovens, também recebe atendimento conforme a necessidade e as possibilidades da instituição, uma vez que tais famílias são regularmente visitadas. Não há nenhum custo para os beneficiários, que neste caso atuam como coparticipantes do processo de promoção social e não como meros recebedores.

Como você conciliava a padaria com a sua vida pessoal e profissional?
Ainda concilio e pretendo conciliar, com alguma dificuldade, mas com desejo de acertar. O tempo que me sobra da profissão, divido entre o convívio familiar e a obra social como um todo, onde se inclui a padaria e o abraço semanal às crianças, com cuja evangelização contribuo desde o princípio. Estou sempre pedindo a Deus sabedoria para administrar o tempo, convicto de que minha família é por Ele lembrada nas horas em que não estou em casa.

Quais foram as dificuldades?
Cada uma delas daria um livro. Mas a assistência de Deus e a generosidade das pessoas é maior, a despeito do que pesa em contrário, ou seja: a turbulência de nossos dias.

O que a padaria trouxe de benefício para você e para a comunidade?
A obra social, como um todo, é o sonho cristão que tento viver desde a mocidade e que me proporciona uma alegria diferenciada, não isenta de provas, mas que posso qualificar como alegria sustentável. Quanto aos benefícios para a comunidade, abstenho-me de falar. Uma pesquisa acadêmica séria, em nível de mestrado, está se ocupando disso. Espero que em breve venha ao conhecimento público.
  
Fique à vontade para acrescentar algo que eu não tenha perguntado.
-Tenho sido a pessoa mais convidada a falar sobre obra social. Há outras pessoas anônimas que, a meu ver, tem uma atuação mais relevante do que a minha. Aproveito para agradecer a elas e aos nossos apoiadores, encorajando o propósito de perseverarmos na edificação de um mundo no qual a alegria seja também sustentável. Finalmente, agradeço pela oportunidade.
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 - Você fez excelentes perguntas, Ahinsa*! Nunca me senti tão bem conversando assim sobre o trabalho. Vá em frente, seu nome foi uma escolha muito acertada. Trabalhe por ser uma virtuosa pessoa, pois no caminho de boa profissional você já está. Obrigado.



(*) O nome da nossa jornalista, segundo a Wikipedia. Ahimsa (em sânscrito, अहीमर ahimsâ) é um princípio ético-religioso adotado principalmente pelo jainismo e presente no hinduísmo e no budismo, e que consiste na rejeição constante da violência e no respeito absoluto de toda forma de vida. No Ocidente a sua notoriedade deve-se à prática da ainsa na conduta coerente de Mahatma Gandhi (1869-1948).

5 comentários:

  1. No espaço abaixo - "Canteiro da Caridade" -, você conhece um pouco mais da obra. Indo à Viçosa do Ceará, não deixe de vistar o projeto social-espírita do "Centro Espírita "O Pobre de Deus".

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  2. Belo trabalho Everaldo. Tenho certeza que as preces dos assistidos te dar forças para continuar. Esse trabalho do C.E. Pobre de Deus, que de pobre não tem nada, serve de inspiração para outras obras semelhantes! E se alguém quiser contribuir, como deve fazer?
    Francisco Castro de Sousa

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    1. Agradecemos ao blog pelo espaço e ao amigo Castro pelo encorajamento.

      Apresentamos as melhores formas de contribuir:
      a) Conheça as ações humanitárias e participe (temos caravanas regulares para Oiticicas)
      b) Visite o Pão da Vida e consuma seus produtos;
      c) Preste serviços voluntários (se você está na região ou a visita regularmente; ou até mesmo à distância...);
      d) Recomende a amigos, inclusive e principalmente os do Alto.

      Everaldo C. Mapurunga
      C.E. "O Pobre de Deus"

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  3. Castro,
    Tem a opção PagSeguro no blog do "Pobre de Deus",http://opobrededeus.blogspot.com.br/ ou através da conta:
    Banco do Brasil
    Centro Espírita "O Pobre de Deus"
    Ag. 2773-1 CC. 32.220-2
    CNPJ 86.732.443/0001-92.

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  4. Parabéns a todos, projeto e matéria interessantíssimos.
    Abraço, Augusto Leão/Recife-PE

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