Mantendo-nos no objetivo de estudar algumas
das perguntas presentes no Novo Testamento, busquemos a leitura do capítulo 5
de Lucas, mais especialmente os versículos 22 e 23, quando o Mestre levanta-nos
a seguinte questão: "Que arrazoais em vossos corações? Qual é mais fácil
dizer: Os teus pecados te são perdoados; ou dizer: Levanta-te, e anda?"
Relata-nos o evangelista Lucas que estava
Jesus a pregar a Boa Nova, quando alguns homens trouxeram até Ele um homem
paralítico. Não encontrando facilidade para aproximar-se do Senhor, desceram-no
pelo telhado e Jesus vendo a fé daqueles homens, dirigiu-se para o doente,
dizendo-lhe que os seus pecados eram-lhe perdoados, causando alvoroço entre
muitos presentes, o que resultou nas palavras do Mestre acima citadas.
As colocações de Jesus no contexto acima são
de relevante importância, já que nos colocam diante das inter-relações entre
nossos atos negativos, seus resultados e o verdadeiro caminho para a resolução
dos problemas.
Assim, Jesus deixa-nos claro que as situações
vividas por nós, que guardem semelhança com aquelas vividas pelo paralítico,
estão vinculadas a um passado de dificuldade, no qual teríamos pecado contra
Lei.
O que seria esse pecado? Na verdade, ele é
todo ato em que a criatura, consciente da orientação divina insculpida na Lei,
insiste em agir de forma contrária, atendendo aos seus interesses mais
mesquinhos e egoístas. Em tais situações encaminhamo-nos para situações de
doença ou estado de pecado que, como no caso citado, leva-nos a ficar paralíticos
ou paralisados diante da própria vida, imobilizados para atuar no sentido de
vivermos a alegria e a felicidade.
Tudo isso, no entanto, só ocorre quando a
criatura ao agir contrariamente à Lei, persiste em acreditar que essa seria a
sua melhor forma de atuar, negando-se a uma reparação. Como a Lei é sábia em
sua origem, seu dispositivo de correção, que nos parece punição, é o recurso
para o aprendizado e crescimento. É reparação de percurso, de tal forma que a
Vontade do Pai sempre se faça, em favor da criatura, para que ela possa
conquistar a felicidade tão almejada.
O que, porém, dentro da passagem, teria
levado Jesus a proferir aquelas palavras? Qual o mecanismo pelo qual alguém
poderia dizer-nos que as nossas faltas teriam sido perdoadas?
O texto é bastante claro ao informar-nos que
vendo Jesus a fé dos homens que lhe traziam o paralítico, pronunciou-se de tal
forma que aquele homem pôde ver-se, pelo menos temporariamente, livre do
incômodo que sofria.
Mas como seria isso? Alguém pode agir de forma
a interferir na situação de terceiros? Podemos aliviar as dores e os
sofrimentos de alguém? Certamente, e os espíritos superiores, em "O Livro
dos Espíritos" e no "O Evangelho Segundo o Espiritismo",
falam-nos da grande capacidade das preces intercessoras, da ação dos espíritos
em nossas vidas.
Assim, o mecanismo de transformação do pecado
em instrumento de crescimento, além de envolver o arrependimento, carrega em si
a possibilidade da intercessão de outrem. Não que terceiros possam fazer por
nós aquilo que nos compete para o nosso crescimento, mas podemos com nossas
ações paralelas criar uma atmosfera de energias salutares em favor dos outros,
de modo a minimizar, por exemplo a interferência dos espíritos inferiores, ou
alimentá-los psiquicamente, reforçando nas criaturas pelas quais oramos ou
vibramos os propósitos de renovação ou de facilitação no caminho rumo à saúde.
Os atos amorosos da vida alimentam as
criaturas de tal modo, que elas se sentem ampliadas em seus recursos de
transformação, ou seja, a presença de alguém que nos ama, ao nosso lado,
faz-nos sentir como se nossas forças fossem maiores do que são.
Essas colocações fazem com que reflitamos
melhor sobre a nossa participação real na melhoria da condição de vida em nosso
planeta. Não só do ponto de vista pessoal, quando inteirados da realidade
maior, buscamos agir na direção do Bem, de tal forma que, vencendo as
interferências das atitudes negativas anteriores, caminhamos para estados de
maior paz e alegria; mas também atuando através de nossas preces e realizações
solidárias para que as criaturas, as quais se encontram em condições mais
difíceis que as nossas, possam encontrar em nós sustentáculos para os passos,
mesmo que cambaleantes, em direção à felicidade.
Ao lado desta lição, imprescindível nos
últimos tempos, deparamo-nos com a própria pergunta do Cristo. Segundo Ele,
teríamos duas formas de encarar a problemática do outro. De um lado, pela visão
vinculada ao pretérito, fazemos uma correlação com o pecado, direcionamos o
olhar para o erro. Tal atitude é a mais comum entre os homens. Embora nada
possua de errada, traz o perigo de reforçar a culpa e dificultar a
movimentação. Com esse tipo de postura, a humanidade tem fomentado a
"indústria do pecado", alimentando o poder de determinadas criaturas
que mais do que preocupadas em ajudar, buscam se servir dos sentimentos de
inferioridade e menos valia dos outros.
Certamente, ao se referir ao perdão dos
pecados e distante de querer manter aquele homem no mal, Jesus buscava dar uma
lição da necessidade de mudança de comportamento, para poder se conquistar um
estado de saúde. Falava, também, numa linguagem mais acessível e condizente com
a visão daqueles que o ouviam. De outro modo, trazia ao mundo uma nova visão,
através da qual a intercessão dos bons é capaz de ajudar os que se encontram
sob o guante da dor, aliviando-a nos limites da possibilidade da Lei, mostrando
que o seu desejo e ação poderiam atuar positivamente na situação carmática
daquele companheiro.
De outro modo, ao falar com o paralítico:
"levanta-te e anda", enfocava o aspecto positivo da situação. Para
conseguirmos a transformação, a renovação e os propósitos de cura não
precisamos ater-nos ao passado de nossas inferioridades, reforçar lembrança no
campo das dificuldades.
Aprendida ou entendida a lição de
crescimento, é fundamental que a criatura saia de sua situação de inércia,
quando paralisado pelo passado de sofrimentos, erga-se acima dos propósitos
mesquinhos do egoísmo humano e caminhe em direção a novos rumos, quando
encontrará a possibilidade real da vida.
Fica assim a lição, a demonstração de que a
Lei sempre se cumprirá, independente do ângulo que nós vejamos a vida, mas que
antes de questionarmos a autoridade daqueles dos quais desconhecemos o poder,
busquemos agir para auxiliar os outros de modo a proporcionar-nos um
crescimento pessoal, acreditando, também, que temos em nós possibilidades para
fazer do mundo um lugar melhor para todos nós.
fonte:http://www.portalespiritualista.org/roberto-lucio
Linda mensagem! Busquemos sempre o perdão dos nossos erros e dos erros do próximo mas o perdão "verdadeiro", não aquele somente pronunciado, e sim vivenciado internamente. Não julguemos o próximo, olhemos para o seu íntimo - o seu coração - onde o amor vive, esperando ser semeado e cultivado pois o que todos precisam é de compreensão e de amor. O julgamento das ações é perda de tempo a não ser o julgamento das nossas próprias ações.. aí sim é de grande valia.
ResponderExcluirSei que palavras são fáceis de serem ditas mas só o pensamento, a vontade de ser do Bem, nos interliga diretamente com os espíritos de luz e benfeitores do Bem.
Muita paz a todos!