O motorista seguia pela avenida.
Em dado momento, pretendeu converter à esquerda. Placa bem visível sinalizava a proibição.
Como bom brasileiro, olhou de um lado e de outro. Ninguém.
Fez a conversão.
Um guarda o parou.
– O senhor não viu a placa, proibindo virar à esquerda?
– Vi sim, senhor…
– Por que desobedeceu?
– Não vi o senhor.
***
As leis são instituídas para disciplinar a vida social.
Mesmo em culturas primitivas há normas a serem observadas, estabelecendo limites ao livre-arbítrio, para que as pessoas convivam em paz.
Liberdade absoluta? Somente para o eremita. Mas isso, contrariando sua natureza gregária, social, tenderá a desajustá-lo.
Já notou, amigo leitor, como os solitários desenvolvem excentricidades?
Falta o referencial.
Se você é casado, tem filhos, convive com pessoas em sua intimidade, fica mais difícil desenvolver manias.
Principalmente os jovens, na sua irreverência, não deixam:
– Que é isso, velho? Saindo de órbita? Surtou?
É preciso, portanto, conviver, evitar a solidão.
Mas é fundamental que, no lar ou na comunidade, estejamos dispostos a observar as disciplinas que regem nossas relações.
Há limites ao livre-arbítrio que devem ser respeitados, com a noção primária, fixada desde Moisés: Não nos é lícita nenhuma iniciativa passível de causar transtornos ao próximo.
O problema é a imaturidade, que leva o indivíduo a colocar-se acima das leis, sempre que firam seus interesses.
E há os espertos que conseguem burlar os regulamentos, por mais severas as sanções, por mais eficiente a fiscalização.
Esse problema só será resolvido na Terra quando deixar de ser assunto para os órgãos de vigilância, tornando-se compromisso do indivíduo consigo mesmo.
Seria o respeito às leis simplesmente por impositivo da consciência.
***
A religião oferece marcante contribuição nesse particular, acenando com uma vida futura onde nos pedirão contas do que estamos fazendo na Terra.
Destaca-se o Espiritismo, que não se limita a especulações teológicas. Abre a cortina que separa o Além do aquém, dando-nos conta do que nos espera.
Importante destacar, nesse aspecto, o testemunho daqueles que lá vivem.
Em O Céu e o Inferno, Allan Kardec reporta-se ao contato com Espíritos que sofrem tormentos terríveis, relacionados com as mazelas que cultivaram no trânsito terrestre.
Detalhe interessante, amigo leitor: Muitos sofrem, não por infrações cometidas diante das leis humanas, mas por terem desrespeitado as leis de Deus, sintetizadas no amai-vos uns aos outros, preconizado por Jesus.
Um companheiro desencarnado nos disse, certa feita, na reunião mediúnica:
– O Espiritismo é o bê-á-bá da vida espiritual. Não temos dificuldade para nos readaptarmos, mas é terrível o sentimento de frustração ao constatar que não fizemos nem dez por cento do que nos competia, num tremendo descompasso entre a teoria e a prática.
A sinalização espírita é bem clara, apontando para o esforço do Bem.
Se optarmos por desvios determinados pela inconsequência, envolvendo acomodamento e omissão, paixões e vícios, fraquezas e mazelas, inevitavelmente virão as sanções de nossa consciência, impondo-nos retificações penosas, marcadas por desajustes e sofrimentos.
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