segunda-feira, 28 de setembro de 2020

O DEDO DA MEDIUNIDADE NA HISTÓRIA DAS RELIGIÕES

 


           A separação entre as esferas espiritual e material não passa de uma ilusão que a visão cartesiana erroneamente possibilita. Afinal, há dois planos, mas uma única realidade, que é a espiritual, e que se encontra oculto pelas limitadas condições dos sentidos do corpo, tanto que um simples momento de sono lança o Espírito para a sua casa real, de imediato.

            Isso infere que ocupando um mesmo espaço, encarnados e desencarnados estamos em mútuo e contínuo contato, mesmo que essa realidade só possa ser percebida por aqueles que possuem aptidões orgânicas diferenciadas que estabelecem um maior grau de sensibilidade e são chamados de médiuns. Essa classe de pessoas sempre existiu, em todos os tempos. Houve até proibição de suas manifestações. Moisés, o receptor do Decálogo, médium por excelência que o diga. Consta que em Deuteronômio 18, livro que supostamente teria escrito, faz alerta e até prescreve castigos para quem tivesse contato com aqueles que falavam com os mortos ou faziam adivinhações. Ora, só se proíbe o que existe, logo o fenômeno era fato. Quanto à proibição, fazia parte daquele contexto histórico específico, o que não significa que vigoraria além da época e dos domínios de sua decretação.

            Há relatos presentes desse contato silencioso em todos os livros considerados sagrados, de todos os povos, inclusive na bíblia (livro sagrado da crença judaico-cristã). Profecias e profetas saltam de suas páginas dando conta de uma freqüente troca de informações entre os planos (visível e invisível), alguns ocorridos até mesmo no período daquela dita proibição mosaica. O Novo testamento, um retalho cristão da Bíblia, mostra evidências das interferências espirituais no mundo dos encarnados, ao que parece com o aval de Jesus, cuja prédica jamais negou a existência de um “outro mundo” e até exortava para que fosse buscado sempre que tinha ocasião para falar do assunto.

Muitos desses relatos antigos, que por mal interpretados passaram como intervenções demoníacas, e por isso temidas, são analisadas à luz da Doutrina Espírita como manifestações naturais e dessa forma explicadas de modo a permitir, a quem o deseje, identificar a lógica presente nas teses defendidas nos livros da Codificação. Não bastando que todo o conteúdo doutrinário fosse calcado pelos ensinamentos explícitos dos desencarnados, Allan Kardec trata em A Gênese, últimos dos seus livros, da fundamentação que indica a intervenção direta dos Espíritos nos fenômenos considerados milagres e predições, cujas explicações que lhe antecederam desconsideravam tais interferências.

É uma notícia especial para se festejar, essa que estamos em contínua relação com o mundo espiritual e que assim sempre foi na história da humanidade. A Casa do Pai, e todas as suas moradas, se estende ao Universo visível aos olhos dos avanços tecnológicos que os telescópios permitem e avançam além, muito além da capacidade de apreciação dos olhos do corpo, mesmo aparelhados pelos instrumentos astronômicos. O mais auspicioso nessa constatação é que compreendemos e devemos agradecer ao chamado de Paulo de Tarso (Hebreus 12; 1): “Portanto, também nós, uma vez que estamos rodeados por tão grande nuvem de testemunhas, livremo-nos de tudo o que nos atrapalha e do pecado que nos envolve e corramos com perseverança a corrida que nos é proposta”.

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