"As
vicissitudes da vida têm uma causa e uma vez que Deus é justo, essa causa deve
ser justa também" (O Evangelho Segundo o Espiritismo,
Cap. V).
Sob o ponto de vista físico, as limitações
cognitivas infantis, transtornos neuropsiquiátricos muito comuns, apresentam
uma série de fatores causais, tanto de ordem genética, como perinatais
(ocorridos durante a gestação e o parto) e pós-natais. Portanto, acreditando-se
que a vida segue um curso somente regido pelo acaso, a origem de todos os
distúrbios, sob a ótica da matéria, se encontra nos cromossomas ou nos genes ou
aconteceram por problemas surgidos no momento do parto ou após o nascimento.
Durante a formação do ser, pode o útero ser
invadido por substâncias tóxicas ou por agentes infecciosos, como vírus ou
bactérias, acarretando dano em áreas específicas cerebrais, como igualmente o
agente causal não vir de fora e se encontrar na intimidade dos genes e
cromossomas. Após o nascimento, apresentando-se a criança hígida, sem qualquer
comprometimento mental, pode sofrer sequelas de lesão traumática craniana ou de
doenças infecciosas como a meningite, surgindo a deficiência intelectual. Até
mesmo, casos de abandono e maus-tratos na infância, associados ao estresse
extremo e a violência, podem produzir alterações bioquímicas que danificam
tanto a estrutura cerebral como as suas funções. Igualmente, a intensa
desnutrição proteica calórica, nos períodos iniciais do desenvolvimento
cerebral (principalmente durante os primeiros 24 meses de vida pós-natal),
produz lesão neurológica grave, levando às limitações cognitivas.
A despeito dos recentes avanços nos
instrumentos de investigação médica, a etiologia do retardo mental permanece
desconhecida em torno de 50% dos casos, sabendo-se que é mais comum no sexo
masculino (numerosas mutações são observadas nos genes do cromossomo X6), na
proporção de 1,3 a 1,9 mulheres para 13 homens.
Atualmente, a origem física do retardamento
mental é atribuída a um defeito da estrutura e função das sinapses das células
nervosas, os neurônios. Tudo é regido pelo acaso? Existe uma causa espiritual?
Estamos subordinados a uma divindade vingativa ou somos artífices de nossas
próprias deficiências?
Tudo
é Regido pelo Acaso?
A vida espelha, em sua complexidade e beleza,
a presença de uma “Inteligência Superior”. De forma alguma, a existência pode
ser atribuída ao nada, criada aleatoriamente, sem intenção prévia. Os genes,
por exemplo, são sequências funcionais, correspondendo a setores de tamanho
variável da molécula do ácido desoxirribonucleico (DNA) e responsáveis por
determinadas características hereditárias, determinando igualmente a produção
de proteínas necessárias à constituição e ao funcionamento do corpo humano.
Contudo, se os genes estão situados numa
molécula proteica, como podem manipular e ordenar a si próprios? Como podem
demonstrar sabedoria, regulando a formação de outras proteínas? Como podem os
genes ter tanta capacidade de comando específico e brilhante? Mais de cem mil
proteínas são produzidas no corpo físico por trinta mil genes. Cada gene pode
produzir três, quatro até cerca de dez proteínas. Como, então, podem apenas
trinta mil genes produzir mais de cem mil proteínas? E como o gene sabe qual a
proteína certa que tem que formar? É claro que o acaso nada pode criar.
Existe um agente causal, nunca casual,
responsável por toda essa complexidade, orientando todo esse trabalho
maravilhoso de uma proteína formando outras. É indiscutível, “para quem tem
olhos para ver e ouvidos para ouvir”, que exista um agente diretriz de todos os
processos metabólicos; inclusive, responsável pelo caráter do indivíduo. As
características da alma não são transmitidas pelos genes, são atributos do
espírito.
Ao mesmo tempo, a majestosa arquitetura
humana é constituída de mais de cem trilhões de células, resultantes de apenas
uma célula, denominada de ovo ou zigoto, e formando aparelhos e órgãos, como os
olhos, os quais, com ou sem instrumentos ópticos, podem observar o Universo e
penetrar em uma dimensão situada além de nossa compreensão.
A nossa galáxia, a Via-Láctea, é composta de
aproximadamente 500 bilhões de estrelas, e, baseando-se nos dados do telescópio
espacial Hubble, acredita-se que haja muito mais de 1 trilhão de galáxias em
todo o universo observável (algumas delas a 12 bilhões de anos-luz da Terra).
Calcula-se que o Cosmos abrigue mais de 100 bilhões de trilhões de estrelas.
Sabendo-se que a estimativa é de haver somente, em nossa galáxia, algo próximo
a dez trilhões de planetas, certamente a vida pulula abundantemente no Cosmos.
Portanto, a nível macroscópico o que o homem observa está muito acima do seu
entendimento, enquanto no mundo incomensurável microscópico, o mesmo se apresenta,
comprovando realmente a presença de uma causa inteligente.
Para os materialistas, tudo isso é
consequência de fatores aleatórios, surgidos por acaso, resultantes de um
trabalho casual. Como entender, por exemplo, a magnitude do DNA, situado dentro
do núcleo de cada célula, enrolado em uma estrutura 1/5 do tamanho do menor
grão de poeira que se pode ver, cerca de 0,008 cm, e com informação suficiente
para preencher cerca de 75 mil páginas de jornal ou uma pilha de livros de
61metros de altura, ou ainda, 200 listas telefônicas de 500 páginas.
A estrutura molecular do DNA é representada
como uma escada em caracol, onde o corrimão é formado de açúcar e fosfato, e os
degraus por bases nitrogenadas. Um único gene pode conter 2.000 degraus. Em
cada célula existem 4 a 6 bilhões de degraus e a partir do DNA formam-se cerca
de cem mil tipos de proteínas.
Muito difícil aceitar o acaso, presidindo a
fenômenos tão marcantes, fazendo-nos lembrar do acontecimento ocorrido com o
sábio Laplace, conhecido como "O Newton da França" por sua excelência
científica, sendo célebre astrônomo, famoso matemático, inclusive foi professor
da Escola Militar de Paris, onde teve como um de seus alunos o futuro imperador
Napoleão Bonaparte.
Pois bem, Laplace foi assistir a uma exibição
do Sistema Solar, em miniatura, feito por um suíço, o qual construiu os
planetas e os movimentou, utilizando mecanismos de relógio. Então, ali estava a
Terra, girando em redor do Sol, juntamente com os outros planetas. O mestre
francês estava extasiado, diante do que estava presenciando. Chegou alguém ao
lado dele e disse-lhe: -– Professor, tudo o que o Sr. está vendo é fruto do
acaso. Ele, prontamente, redarguiu: – Casualidade coisa alguma, quem produziu
isso foi um engenheiro suíço, o acaso não pode produzir isso. Prontamente, o
aluno perguntou-lhe: –Professor, não é o Sr. quem diz que o Universo surgiu do
acaso? Laplace ficou quieto, nada respondendo, já que participou de uma
experiência prática de que o nada não existe e nada pode criar.
(Continua na próxima edição).
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