Silogismo é uma interessante
forma de raciocínio. Divide-se em três partes que se completam: premissa maior,
premissa menor e conclusão. Exemplo:
A
justiça de Deus nunca falta na Terra – premissa maior.
Vivemos
na Terra – premissa menor.
Não
há injustiça em nenhuma situação humana – conclusão.
Resultado duvidoso para muita
gente. Como considerar justo um planeta onde convivem o gênio e o obtuso, o atleta
e o paralítico, o sábio e o ignorante, o milionário e o miserável, o santo e o
facínora?
Essa dúvida envolve um
equívoco na apreciação das conjunturas humanas.
Lembra a história daquele pregador
que foi advertido por seus superiores,
porquanto alguém o acusara de bater em sua esposa, algo inconcebível num
religioso. Ele se surpreendeu.
– Quem me denunciou?
– Um vizinho.
– Disse como foi?
– Ouviu sua esposa gritar,
desesperada. Olhou por cima do muro e viu você correndo atrás dela, a
bater-lhe.
“Meu Deus! – pensou o pregador
– Como pode esse homem reportar-se a algo que não aconteceu? Está mentindo ou
se enganou.”
Não havia justificativa para a
primeira hipótese. O vizinho não era má pessoa. Não havia inimizade entre eles.
Por que haveria de querer prejudicá-lo? Certamente houvera um engano.
– Quando aconteceu?
– Há uma semana.
O pastor sorriu. Lembrara-se. Naquele
dia estivera com a esposa no amplo jardim, nos fundos da casa. Ela cuidava das
flores quando foi atacada por furiosas abelhas. Aterrorizada, correu, gritando
de dor. Ele prontamente foi ao seu encalço, a brandir sobre ela um saco de
estopa, com o propósito de afugentar os insetos. O vizinho viu de longe e
confundiu um ato de socorro com agressão.
É o que acontece com aqueles
que apreciam a existência humana à distância das realidades espirituais, visão
comprometida por brumas de ignorância.
Sem noção dos porquês,
situam-se perplexos, supondo que Deus esteja a açoitar seus filhos, quando
apenas os ajuda a eliminar ameaçadores ferrões gerados no viveiro de suas inferioridades.
Qual infalível instrumento
ótico para a apreciação dos horizontes existenciais, a doutrina da reencarnação
evidencia que as situações presentes guardam relação com o que fizemos ou
deixamos de fazer no pretérito, impondo-se como preciosos instrumentos de
regeneração.
Ainda que não tenhamos
lembrança das causas passadas, geradoras dos males presentes, estes imprimem,
na intimidade de nossa consciência, registros que funcionam como “vacinas”
contra reincidências.
Detalhe importante: em
qualquer situação, por mais castradora se nos afigure, sempre há o que fazer
para um futuro melhor. Nesse propósito, se cultivarmos um pouquinho de amor,
pondo nossa alma nas iniciativas mais nobres, realizaremos prodígios.
Mãos e pés pregados na cruz,
aparentemente não havia nada mais que Jesus pudesse fazer... Ainda assim,
confortou um condenado, providenciou amparo para sua mãe e intercedeu em
beneficio da multidão desvairada, pedindo a Deus perdoasse a todos, porquanto
não sabiam o que estavam fazendo.
O mestre destacava uma vez
mais, mesmo em circunstâncias tão adversas, o silogismo que lhe marcou o
apostolado:
Premissa maior: Deus é Amor.
Premissa menor: Fomos criados à imagem e semelhança de Deus.
Conclusão: Somente o amor nos realiza como Seus filhos.
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