quarta-feira, 16 de novembro de 2016

ENCARNAÇÃO ÚNICA? COMO ASSIM?



               



              Como seria o Universo se a cada Espírito coubesse apenas uma existência? Quais as maiores consequências a serem enfrentadas? Como responder aos mais profundos dilemas humanos? O que teríamos a fazer para entender a harmonia da Natureza?
            Com uma só existência, o Espírito estaria completamente dependente das leis da Biologia, da Sociologia e da Matemática. Senão vejamos: nasceríamos completamente sadios ou absolutamente deformados porque as condições genéticas assim se estabeleceriam por uma probabilidade vinculada à corrida dos espermatozóides ao encontro do óvulo; a diferença entre as inteligências seria igualmente um joguete da estatística; a família que nos receberia seria uma mera formalidade do acaso; o ambiente social para ajudar na formação da personalidade apenas uma condição casual; a classe social ocupada, vista tão somente como uma extensão do acaso genético, não passaria de sorte ou azar dependendo das facilidades ou dificuldades; nascer na miséria ou na opulência com todas as suas implicações não passaria de um capricho da Natureza; as desigualdades como um todo nada teriam a ver com uma justiça, até porque não há justiça alguma que arbitre a desigualdade por si mesma.

Basta olhar o mundo lá fora para entendermos o poder nefasto da teoria da existência única. Não há como entender a miséria da África faminta e a opulência de Wall Street. Muito menos é cabido a um pai/mãe de família ver chegar um filho completamente mutilado a seus braços depois de nove meses de gestação esperada, enquanto outros pais recebem filhos completamente normais. Evocar a vontade de Deus torna muito mais grave engolir a pílula da existência única. De que vale crer num Ser que é capaz de simplesmente por Sua Vontade fazer alguém nascer entre bandidos cruéis enquanto outro nasce sob a bandeira da absoluta honestidade?  O que esperar de suas chances de tornarem-se felizes?
Sejamos claros. Se aceitarmos que Deus existe, não há como entender a idéia da existência única para o Espírito. Porque essa crença simplesmente desqualifica a condição de Justiça da Divindade e Deus sem ser Justo não merece esse nome.
A Doutrina Espírita defende a ferro e fogo a Justiça Divina e lhe dá um sobrenome importante: Misericórdia. É por Justiça e Misericórdia que nos é permitido nascer muitas vezes e as múltiplas existências se configuram como o Seu maior instrumento para implantar, no tempo próprio de cada Espírito, as ferramentas adequadas à compreensão das mudanças que se impõem obrigatórias, as quais cedo ou tarde todos teremos diante da Vida Maior.
Sem sombras de dúvidas a crença na existência única é o maior estímulo para a humanidade permanecer agarrada aos valores da usura, do egocentrismo, do orgulho e da depressão constituindo-se numa doutrina contrária a Deus e danosa aos anseios de transformação do planeta e toda a sua população. A compreensão da Reencarnação, por sua vez, é o maior passo que a humanidade deu para o vislumbre da Bondade Divina e aceitação dos desígnios da Lei. Essa mesma Lei que nos trata como iguais, e nos permite oportunidades justas, apesar de reconhecer perfeitamente as diferenças que nos caracterizam.

(*) editorial do programa Antena Espírita de 13.11.2016

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