quinta-feira, 11 de agosto de 2016

MUDANÇAS DE SEXO



              
            O homem é um ser sexual. Em toda e qualquer época de seu desenvolvimento, nele se manifestam o amor, os sentimentos, as emoções. Tudo isso é manifestado através da sexualidade.
                    Então, sexualidade é a via e a forma de externar os sentimentos.
            Nós, em nosso estádio rudimentar de desenvolvimento anímico – especialmente do ponto-de-vista moral -, infelizmente ainda nos mantemos estacionados, em postura viciosa, no exercício da relação genital. Não que esta seja algo pecaminoso ou abominável, como costumam apregoar as religiões tradicionalistas. Não! Mas a verdade é que o seu uso indevido, ou melhor dizendo, os motivos por que se a usa, estes, entre nós, costumam fundamentar-se no egoísmo, na busca desenfreada pelo prazer físico. Enfim, há mais de sensualidade: a procura do prazer carnal sem a preocupação de ser ele secundário a um sentimento mais dignificante entre o casal.

            Com o livre-arbítrio, o ser humano, diferentemente dos animais, passou a utilizar os recursos genésicos de maneira responsável (do ponto-de-vista de sofrer-lhes a reação), porém irresponsável, se levarmos em conta o deus descompromisso com a moral e dissociada das suas funções maiores, quais sejam a permuta das energias sob os auspícios do amor, ou seja da materialização dos sentimentos; e a perpetuação da espécie.
            O Espírito não apresenta um sexo, pelo menos da maneira como compreendemos sexo. Esta é a resposta dos Espíritos Reveladores ao questionamento de Allan Kardec¹. Na verdade, o Espírito apresenta os potenciais considerados masculinos e aqueles ditos femininos, que se vão desenvolvendo à medida que ele vai experienciando a vida orgânica, ora em um corpo masculino, ora em um corpo feminino.
            Ocorre muitas vezes, no entanto, de um Espírito se apegar a uma forma sexual, de tal sorte, a subjugar-lhe o monoideísmo. Em outras circunstâncias, na sua condição de homem ou mulher, quando da última reencarnação, o Espírito usando da sua condição sexual, desrespeitou o sexo oposto, desregrou-se na prática e originou tanta dissonância que na, reencarnação imediata, como resposta da Lei que a tudo viabiliza o reajuste, nasce ele exatamente com o sexo que vilipendiou e desprezou.
            O homem “machista”, sem a menor consideração para a companheira, que a fez sofrer prevalecendo-se do seu poder e força, recebe uma indumentária feminina para aprender a respeitá-la.
            A “mulher fatal”, destruidora de lares, que usou dos seus atributos e beleza física, da sua aguçada intuição e do jeito delicado para destruir os que se quedaram em paixão desenfreada, nasce agora em corpo masculino, com o mesmo propósito.
            Em função disso, muito frequentemente passa a apresentar um corpo em franca dissonância com o seu psiquismo, aparecendo na sociedade como um transexual.
            Isto, no entanto, não se constituiu em maior problema, pois, a despeito da dicotomia anatomopsíquica, poderá o Espírito vivenciar aquela reencarnação de maneira natural, comportando-se exatamente como se mostra morfologicamente e de acordo com a sua fisiologia, aprendendo a lição que a vida lhe proporciona e aproveitando para tentar desenvolver alguns potenciais mais facilmente trabalhados com aquele corpo.
            Há, porém, os que se rebelam contra a situação e passam toda a reencarnação tentando reeditar a experiência pretérita. Estes mantêm a profunda aversão ao sexo que agora vivenciam do ponto-de-vista biológico, mantendo também uma luta íntima contra a sua condição atual, culminando com o envolvimento genital com pessoas do mesmo sexo. São estes os que se podem considerar como homossexuais.
            Não se deve deduzir, a partir daí, que a causa do homossexualismo seja sempre aquela descrita acima, de vez que, rigorosamente, elas são múltiplas, todas decorrentes de uma rebeldia contra as leis naturais, à exceção de alguns processos obsessivos.
            Casos existem de Espíritos que, em consequência de ações contra a integridade sexual (anatômica ou psíquica) de outrem ou sobre eles mesmos, apresentam, ao nascer, uma genitália ambígua: mostrando características vagas de ambos os sexos. Este grupo deve ser denominado de intersexual.
            Então podemos ter os três grupos com alguma disfunção, seja psíquica:

a)    INTERESEXUAIS – mostram ambiguidade sexual.
b)    TRANSEXUAIS – apresentam uma dissociação anatomopsíquica com relação ao sexo, embora vivenciem a sua condição sexual natural.
c)    HOMOSSEXUAIS – que mantêm relações genitais com pessoas do mesmo sexo.

Entendemos, pois, que não se é homossexual por conta da Lei Paligenésica, mas por opção pessoal, por livre-arbítrio. Pode-se nascer transexual ou intersexual, mas nunca homossexual. O que se pode trazer é tendência para a busca de tal ou tal indumentária sexual, mas esta distorção é do Espírito.
            Logo, não se é homossexual porque Deus quer, mas por vontade própria. É óbvio que, para alguns companheiros, despreocupados com o processo anímico-evolutivo, mais voltado para o imediatismo do corpo e da vida física, os arrastamentos podem parecer irresistíveis, mas, a despeito da dificuldade que possam implica, são perfeitamente refreáveis.

MUDANÇAS DE SEXO

            Tenho visto muita gente,  ainda muito apegada ao seu estereótipo sexual, comentar somente ter reencarnado como homem ou como mulher e que os processos de mudança são muito difíceis de ocorrer. Não existe, porém, nada na Codificação Espírita que ampare tal pensamento. O que tudo indica é que, após o grande número de experiências na carne, certamente por nós vivenciadas na atual conjuntura evolutiva da vida no Planeta, já tivemos incursões tanto em uma área como na outra, quer dizer, já reencarnamos como homem e mulher.
            Pelo menos é o que nos sugere a resposta dada pelos Espíritos reveladores ao Codificador à sua questão²:

            “Quando somos Espíritos, preferimos reencarnar num corpo de homem ou de mulher?
            - Isso pouco importa aos Espíritos; depende das provas que ele tiver de sofrer”.

            Vejamos, ainda, os comentários de Kardec, a esta resposta:

            “Os Espíritos encarnam-se homens ou mulheres, porque não têm sexo. Como devem progredir em tudo, cada sexo, como cada posição social oferece-lhes provas e deveres especiais e novas ocasiões de adquirir experiências. Aquele que fosse sempre homem, só saberia o que sabem os homens.”
            Portanto, as mudanças de sexo que ocorrem no processo natural nada apresentam de dificuldade e não refletem de maneira importante no comportamento dos Espíritos, exceto quando este se rebela a esse processo natural.

            DETERMINAÇÃO DO SEXO NO INTERSEXUAL

            Para os casos em que encontramos a ambiguidade genital, está indicada a cirurgia de correção, sendo levados em conta o sexo genético e o sexo social do paciente. É imprescindível afirmar-se: que opte pela genitália masculina ou feminina, o Espírito nesta situação amarga difícil expiação (ou prova) com grande limitação da função sexual.

            HOMOSSEXUALISMO E MUDANÇA DE SEXO

            Há uma proposta de legalização da cirurgia de emasculação, já realizada em algumas parte do mundo. Através dela, o homossexual masculino, tem retirada sua genitália externa: pênis e testículos e a construção de uma pseudovagina.
            É bem compreensível a diminuição da sensibilidade genital pós-cirúrgica, de vez que, no homem, grande parte dos diversos receptores encontram-se na glande que, como já se viu, é extraída.
            Se analisarmos a questão, ocorre mutilação de um corpo saudável para a satisfação das tendências que o Espírito traz e se deixa arrastar por elas.
            Obviamente, sem querer entrar no mérito individual de cada situação, sem adentar nos julgamentos indevidos, mas analisando do ponto-de-vista global, em tese, como se diz, esta cirurgia costuma causar dissonância vibratória em área análoga do perispírito, com repercussões no mundo espiritual, após a desencarnação; mas também com repercussões dolorosas em um futuro corpo, em posterior reencarnação. Há inclusive a possibilidade de se candidatar ao problema do intersexualismo, o que não significa que todo intersexual tenha por origem de sua problemática a emasculação.
            Vejamos a opinião do médium mineiro Francisco Cândico Xavier³, quando entrevistado pelo jornalista espírita Fernando Worm:

            “O que diz o Mundo Espiritual acerca das cirurgias para a mudança de sexo?
            - (...) Evidentemente, as cirurgias médicas para a mudança de sexo se enquadram nos princípios do livre-arbítrio com as respectivas derivações na lei de causa e efeito.”

¹ “O Livro dos Espíritos”, questão de nº 200.
² “O Livro dos Espíritos”, questão de nº 202.
³ “Lições de Sabedoria”, pg. 69.
Fonte: “Bioética -  Uma contribuição Espírita.”


3 comentários:

  1. Apesar de ser um assunto polêmico e tabu mesmo entre os espíritas, o confrade e amigo Cajazeiras foi de uma elegância literária e doutrinária perfeita. De forma clara, concisa, objetiva adentra no meandros da sexualidade em um mundo de provas e expiação, e de forma didática, pedagógica e doutrinária, nos esclarece. Nós, leitores, agradecemos.

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  2. Na realidade, o artigo do confrade e amigo Francisco Cajazeiras, é uma aula sobre sexualidade, em uma Humanidade que não se conhece: não sabe da sua natureza, origem e destino. Em não sabendo, tudo é permissível.

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  3. Francisco Castro de Sousa13 de agosto de 2016 às 15:49

    Vê-se que o confrade Cajazeiras trata o tema de forma bastante didática de tal forma que, qualquer pessoa,poderá compreender aonde ele quer chegar. Na verdade o corpo humano com o qual encarnamos nada mais é do que uma oportunidade de crescimento, dependendo do nosso livre arbítrio aproveitar a oportunidade ou desperdiçá-la. Cabe a cada um tomar a decisão que melhor se ajuste aos compromissos assumidos perante as leis divinas, sendo exitoso ou não. Parabéns caro Cajazeiras pela momentosa oportunidade que ele chega até nós!

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