segunda-feira, 28 de março de 2016

SIMPLESMENTE JESUS¹


Esqueçamos as circunstâncias do nascimento, o período dos 03 aos 30 anos, as ações reconhecidas como milagres, a cruz, a morte, a ressurreição. Foquemos no homem que esteve entre nós há dois mil anos e continua motivo de discussões e retóricas tanto tempo depois. Quem é Jesus e o que representa em nossas vidas, ou melhor, na vida de cada um de nós, quando estamos na solidão testemunhada apenas pelo espelho? Longe do discurso que bradamos para que os outros nos escutem com aplausos, qual é de verdade a importância de Jesus no plano de nossas existências?

       Definitivamente se esperamos encontrá-lo nos bancos ou no púlpito das igrejas, ainda delirantes quanto ao seu retorno em majestosa nuvem cercado de um séquito de anjos para nos proclamar filhos diletos de Deus; se julgamos que o fato de ter servido a agremiações religiosas tais ou quais nos confere assento a sua mesa de bodas; se aguardamos que as nossas doações de bens e gêneros exclusivamente materiais foram suficientes para ser reconhecidos aos seus olhos; se deixamos para depois da morte a tão sonhada busca do paraíso e do sossego porque reconhecemos a Terra como um espaço tão somente de dores e sofrimentos; se acreditamos que é possível pregar a sua mensagem em ambientes religiosos e utilizar o outro lado da moeda quando tratamos de negócios, política e esportes. Se for dessa maneira que identificamos a importância de Jesus em nossas vidas, só podemos sentir piedade de nossa cegueira.

       A idéia que transcende ao “depois do terceiro dia” é vigorosa sinalização para a correção de nossas atitudes. Houve o tempo antes de Jesus, o tempo de sua presença no planeta e o terceiro tempo, exatamente o terceiro dia. O tempo em que estamos até os dias atuais. Lógico que o Mestre sabia do caráter de sua mensagem imorredoura sintetizando o caminho de aglutinação de todas as forças espirituais que servem de base para a transformação paulatina do mundo. Também não tinha a ilusão de que a estrada do encontro com o seu reino se daria numa única geração, pois se destinava aos momentos mais turbulentos que ainda passaríamos como fruto merecido das atitudes impensadas que foram e permanecem sendo semeadas em nível pessoal e institucional.

       Nesse terceiro dia, que perdurará o tempo que o planeta necessita para sair das trevas da ignorância espiritual, Jesus vai estar presente em nossas vidas. Um pouco de sensibilidade e será possível vê-lo andando pelas ruas das cidades, enquanto caminhamos apressados e aflitos. Um pouco de atenção e será possível vê-lo sentado ao lado dos leitos de aflição e dor. Um pouco de honestidade e será possível vê-lo pedindo que não se fechem acordos que façam mal ao outro. Um pouco de humildade e será possível vê-lo entrelaçando as nossas às mãos daquele que julgamos desafeto. Um pouco de solidariedade e será possível vê-lo agradecendo o ato de irmandade em direção do menos aquinhoado. Um pouco de inteligência e será possível identificar no reflexo do espelho que nunca estamos sós, ele está conosco.

        Jesus não FOI ou SERÁ em nossas vidas. Ele simplesmente É. O grande amigo da caminhada. Modelo e guia, energia que ergue, força que propulsiona, bênção divina em nossas vidas. Estamos no terceiro dia, aproveitemos da sua companhia.         
               
               
¹ editorial do programa Antena Espírita de 27.03.2016.

(*) escritor espírita, editorialista do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.

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