Pular para o conteúdo principal

À REGENERAÇÃO, ANTES QUE DESTRUIÇÃO






Há uma lei da Natureza, segundo a qual nos é feita a advertência: “É preciso que tudo se destrua para renascer e se regenerar, porque o que chamais destruição não é senão uma transformação que tem por objetivo a renovação e melhoramento dos seres vivos (LE, A. Kardec - Lei de Destruição - Q. 728).
Impossível não perceber o esgotamento cada vez mais acentuado do Planeta Terra, dos seus recursos e de suas próprias criaturas, animadas e inanimadas.   A degradação se tem verificado pelos próprios fenômenos naturais, terremotos, maremotos, vulcões, entre outros, mas, sobretudo pela ação do homem, em sua ânsia de conquistas, em seu insaciável interesse no ter e se sobrepor a qualquer custo.
A ação nefasta do homem abreviará a extinção deste Mundo que, como parte da Natureza, por princípio, “embora necessária para regeneração dos seres, foi cercada de meios de preservação e de conservação, para que a extinção não chegue antes da época necessária, porque toda destruição antecipada entrava o desenvolvimento do princípio inteligente e por isso, Deus deu a cada ser a necessidade de viver e de se reproduzir ( LE, A. Kardec – Lei de Destruição – Q. 729).

A deterioração moral, no princípio, devida à nossa ignorância, quando os instintos, inclusive de subsistência e conservação, em dadas ocasiões, se sobrepunham à razão, levando-nos a atitudes semirracionais, máxime em relação ao semelhante, mas também aos animais e outros seres, com a evolução da inteligência e gradual conquista da razão mais esclarecida, este desgaste, paradoxalmente, seguiu alimentado, agora pelo orgulho e egoísmo, desenvolvidos com alicerce nos interesses pessoais ou de grupos, à medida que as propriedades se nos tornaram ao alcance, dentro da ocupação do espaço disponível.
Na disputa pela presa, as garras foram dando lugar a instrumentos mais elaborados e a Inteligência mais desenvolvida foi descobrindo um mundo mais amplo, onde outras utilidades e mesmo futilidades, despertaram a ambição e a inveja, causadores dos grandes conflitos.
Ao sedentarizar-se e constituir-se em sociedade, o homem, mais frequentemente, passou a se atritar em vista dos interesses mais imediatos, surgindo desde então os conflitos que têm marcado a história universal e que tanto prejuízo tem causado não somente ao próprio homem, mas igualmente à Natureza.
As guerras, segundo um princípio de grande sabedoria, são causadas pela “predominância da natureza animal sobre a natureza espiritual e satisfação das paixões. E que no estado de barbárie, os povos não conhecem senão o direito do mais forte (LE, A. Kardec – Q. 742).
Na mesma linha de raciocínio, a violência urbana e rural se instalou desde os primórdios da Humanidade, tomando proporções cada vez maiores, na medida do desenvolvimento das possessões humanas.
A ocupação dos espaços terrenos, além dos transtornos urbanos e rurais, com os consequentes delitos deles resultantes, tem sido causa da degradação de áreas consideráveis de florestas virgens, em flagrante prejuízo à Natureza e à própria Humanidade.
Consequência direta e imediata dessa agressão é a diminuição da água em todo o Planeta, mesmo naquelas áreas onde abundava o precioso líquido, mercê da natural proteção florestal.
Sabemos que a água potável é um recurso cada vez mais escasso no Planeta. Em 2007 a ONU (Organização das Nações Unidas) declarou que cerca de 1,1 bilhões de pessoas em todo o mundo não têm acesso à água potável e estima-se que dois milhões de crianças morrem todos os anos pela falta dela ou de saneamento básico.
Parece controverso que o planeta terra, que é constituído por dois terços de água, não possa abastecer sua população que já ultrapassou os sete (7) bilhões de indivíduos. Teoricamente, ela não deveria faltar. O problema é que quase toda essa água encontra-se distribuída sob a forma de gelo ou água salgada, o que impede seu consumo imediato pelo homem. E para piorar, sua distribuição pela superfície do planeta é desigual.
Também o suprimento de alimentos é preocupação universal e de acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla em inglês), a população mundial deverá chegar a 9 bilhões em 2050. O órgão faz um alerta: para atingir essa demanda, os países deverão investir aproximadamente US$ 44 bilhões por ano na produção e distribuição de alimentos, cinco vezes mais do que os US$ 7,9 bilhões que são investidos atualmente (Globo.com – Globo Ecologia, 29/06/2013).
 A FAO aponta que fatores como mudanças climáticas podem interferir na produção de alimentos no futuro. As mudanças nos ciclos de chuva, por exemplo, podem alterar a composição química do solo. Como ainda não existe consenso sobre as mudanças climáticas que poderão ocorrer nas próximas décadas, é difícil prever o impacto que elas trarão sobre a produção mundial de alimentos (Globo Ecologia, 29/06/2013).
A auto eliminação dos seres humanos, movida pelos vícios, pelas paixões, pelas disputas de poder econômico, político e social, são outro meio de destruição do Planeta e razão da preocupação de organismos mundiais, como registra o site BBC Brasil.com, já em 3 de outubro de 2003: A violência mata mais de 1,6 milhão de pessoas no mundo a cada ano, segundo um relatório divulgado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). A OMS afirma que outros milhões de pessoas são mutiladas por ataques. A violência é hoje a principal causa das mortes de pessoas com idades entre 15 e 44 anos. Ao divulgar o relatório, a OMS pediu aos governos em todo o mundo que adotem medidas urgentes para diminuir índices de assassinatos, violência doméstica e conflitos armados.
Considerando uma única existência para o ser humano, nada disso deveria preocupar à grande maioria dos que hoje habitam a Terra, pela certeza de que daqui a muitas décadas, séculos, milênios, ainda, a situação será plenamente sustentável. Nem mesmo o futuro dos descendentes mais diretos seria objeto de lamentação.
A Terra, segundo teorias, deixará de existir completamente como planeta ou tornar-se-á inabitável para a vida. De acordo com astrônomos, a Terra deverá durar por pelo menos mais 5 bilhões (5 × 109) de anos antes do sol tornar-se uma gigante vermelha. Devido à perda de massa do sol, a Terra sairá de sua órbita, distanciando-se do mesmo. O imenso calor evaporará os oceanos, transformando a Terra num deserto poeirento, bastante parecido com o planeta Marte, mas com um clima semelhante ao de Vênus. O sol posteriormente se transformará numa anã branca, incapaz de fornecer uma quantidade mínima de calor necessária à manutenção da vida. Outros dizem que a atmosfera irá perder seu vapor d'água dentro de 1,1 bilhão (1,1 × 109) de anos, porque o sol se tornará 10% mais quente, e que os oceanos irão evaporar dentro de 3,5 bilhões (3,5 × 109) de anos, quando o sol estiver 40% mais quente. Em 3,5 bilhões (3,5 × 109) de anos, a galáxia de Andrômeda pode colidir com a nossa, podendo desorganizar alguns sistemas solares. Muitos cientistas, entretanto, acreditam que nosso Sistema Solar escapará ileso, embora exista uma chance de que ele seja ejetado da fusão das duas galáxias. Muitos cenários concordam que o derradeiro destino do Universo subsequentemente destruiria a Terra (Wikipédia –  “pt.wikipédia.org/wiki/Fim_ do_ Planeta_ Terra).
Crendo na pluralidade das existências, sabe o homem que não se livrará tão cedo das misérias que assolam e assolarão a Terra nos milênios vindouros, durante o que estaremos de volta, em repetidas e abençoadas oportunidades, até nos regenerarmos.
Daí porque não descuidar-se da conservação, própria, naturalmente, e obediente ao próprio instinto, dos meios de sobrevivência, sem negligenciar os cuidados com a Terra em que vive, onde o egoísmo, muitas vezes, faz com que falte a alguns o necessário, enquanto outros têm em abundância, usar os bens da Terra como o direito que é a consequência da necessidade de viver, sem abusar, mas como o sábio, conhecer o seu limite, para que não tenha de fazê-lo por experiência ou às suas custas, como soe acontecer.

Sendo, por fim, inexorável a destruição deste Mundo, como de resto a pluralidade deles, que não sejamos os seus causadores, mas agentes naturais da sua transformação, para que, regenerado, permaneça como o lar dos obedientes filhos de Deus.

(



Comentários

  1. Parabéns pelo ótimo artigo sr. Barbosa
    Uma verdade, somos responsáveis pelo bem e mal da terra, isso nos livra do papel de vítimas.
    Lei de ação e reação.
    Vanessa.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

PESTALOZZI E KARDEC - QUEM É MESTRE DE QUEM?¹

Por Dora Incontri (*) A relação de Pestalozzi com seu discípulo Rivail não está documentada, provavelmente por mais uma das conspirações do silêncio que pesquisadores e historiadores impõem aos praticantes da heresia espírita ou espiritualista. Digo isto, porque há 13 volumes de cartas de Pestalozzi a amigos, familiares, discípulos, reis, aristocratas, intelectuais da Europa inteira. Há um 14º volume, recentemente publicado, que são cartas de amigos a Pestalozzi. Em nenhum deles há uma única carta de Pestalozzi a Rivail ou vice-versa. Pestalozzi sonhava implantar seu método na França, a ponto de ter tido uma entrevista com o próprio Napoleão Bonaparte, que aliás se mostrou insensível aos seus planos. Escreveu em 1826 um pequeno folheto sobre suas ideias em francês. Seria quase impossível que não trocasse sequer um bilhete com Rivail, que se assinava seu discípulo e se esforçava por divulgar seu método em Paris. Pestalozzi, com seu caráter emotivo e amoroso, não era de ...

OS FILHOS DE BEZERRA DE MENEZES

                              As biografias escritas sobre Bezerra de Menezes apresentam lacunas em relação a sua vida familiar. Em quase duas décadas de pesquisas, rastreando as pegadas luminosas desse que é, indubitavelmente, a maior expressão do Espiritismo no Brasil do século XIX, obtivemos alguns documentos que nos permitem esclarecer um pouco mais esse enigma. Mais recentemente, com a ajuda do amigo Chrysógno Bezerra de Menezes, parente do Médico dos Pobres residente no Rio de Janeiro, do pesquisador Jorge Damas Martins e, particularmente, da querida amiga Lúcia Bezerra, sobrinha-bisneta de Bezerra, residente em Fortaleza, conseguimos montar a maior parte desse intricado quebra-cabeças, cujas informações compartilhamos neste mês em que relembramos os 180 anos de seu nascimento.             Bezerra casou-se...

RECORDAR PARA ESQUECER

    Por Marcelo Teixeira Esquecimento, portanto, como muitos pensam, não é apagamento. É resolver as pendências pretéritas para seguirmos em paz, sem o peso do remorso ou o vazio da lacuna não preenchida pela falta de conteúdo histórico do lugar em que reencarnamos reiteradas vezes.   *** Em janeiro de 2023, Sandra Senna, amiga de movimento espírita, lançou, em badalada livraria de Petrópolis (RJ), o primeiro livro; um romance não espírita. Foi um evento bem concorrido, com vários amigos querendo saudar a entrada de Sandra no universo da literatura. Depois, que peguei meu exemplar autografado, fui bater um papo com alguns amigos espíritas presentes. Numa mesa próxima, havia vários exemplares do primeiro volume de “Escravidão”, magistral e premiada obra na qual o jornalista Laurentino Gomes esmiúça, com riqueza de detalhes, o que foram quase 400 anos de utilização de mão de obra escrava em terras brasileiras.

TRÍPLICE ASPECTO: "O TRIÂNGULO DE EMMANUEL"

                Um dos primeiros conceitos que o profitente à fé espírita aprende é o tríplice aspecto do Espiritismo – ciência, filosofia e religião.             Esse conceito não se irá encontrar em nenhuma obra da codificação espírita. O conceito, na realidade, foi ditado pelo Espírito Emannuel, psicografia de Francisco C. Xavier e está na obra Fonte de Paz, em uma mensagem intitulada Sublime Triângulo, que assim se inicia:

UM POUCO DE CHICO XAVIER POR SUELY CALDAS SCHUBERT - PARTE II

  6. Sobre o livro Testemunhos de Chico Xavier, quando e como a senhora contou para ele do que estava escrevendo sobre as cartas?   Quando em 1980, eu lancei o meu livro Obsessão/Desobsessão, pela FEB, o presidente era Francisco Thiesen, e nós ficamos muito amigos. Como a FEB aprovou o meu primeiro livro, Thiesen teve a ideia de me convidar para escrever os comentários da correspondência do Chico. O Thiesen me convidou para ir à FEB para me apresentar uma proposta. Era uma pequena reunião, na qual estavam presentes, além dele, o Juvanir de Souza e o Zeus Wantuil. Fiquei ciente que me convidavam para escrever um livro com os comentários da correspondência entre Chico Xavier e o então presidente da FEB, Wantuil de Freitas 5, desencarnado há bem tempo, pai do Zeus Wantuil, que ali estava presente. Zeus, cuidadosamente, catalogou aquelas cartas e conseguiu fazer delas um conjunto bem completo no formato de uma apostila, que, então, me entregaram.

A DOR DO FEMINICÍDIO NÃO COMOVE A TODOS. O QUE EXPLICA?

    Por Ana Cláudia Laurindo A vida das mulheres foi tratada como propriedade do homem desde os primevos tempos, formadores da base social patriarcal, sob o alvará das religiões e as justificativas de posses materiais em suas amarras reprodutivas. A negação dos direitos civis era apenas um dos aspectos da opressão que domesticava o feminino para servir ao homem e à família. A coroação da rainha do lar fez parte da encenação formal que aprisionou a mulher de “vergonha” no papel de matriz e destituiu a mulher de “uso” de qualquer condição de dignidade social, fazendo de ambos os papéis algo extremamente útil aos interesses machistas.

"FOGO FÁTUO" E "DUPLO ETÉRICO" - O QUE É ISSO?

  Um amigo indagou-me o que era “fogo fátuo” e “duplo etérico”. Respondi-lhe que uma das opiniões que se defende sobre o “fogo fátuo”, acena para a emanação “ectoplásmica” de um cadáver que, à noite ou no escuro, é visível, pela luminosidade provocada com a queima do fósforo “ectoplásmico” em presença do oxigênio atmosférico. Essa tese tenta demonstrar que um “cadáver” de um animal pode liberar “ectoplasma”. Outra explicação encontramos no dicionarista laico, definindo o “fogo fátuo” como uma fosforescência produzida por emanações de gases dos cadáveres em putrefação[1], ou uma labareda tênue e fugidia produzida pela combustão espontânea do metano e de outros gases inflamáveis que se evola dos pântanos e dos lugares onde se encontram matérias animais em decomposição. Ou, ainda, a inflamação espontânea do gás dos pântanos (fosfina), resultante da decomposição de seres vivos: plantas e animais típicos do ambiente.

A ESTUPIDEZ DA INTELIGÊNCIA: COMO O CAPITALISMO E A IDIOSSUBJETIVAÇÃO SEQUESTRAM A ESSÊNCIA HUMANA

      Por Jorge Luiz                  A Criança e a Objetividade                Um vídeo que me chegou retrata o diálogo de um pai com uma criança de, acredito, no máximo 3 anos de idade. Ele lhe oferece um passeio em um carro moderno e em um modelo antigo, daqueles que marcaram época – tudo indica que é carro de colecionador. O pai, de maneira pedagógica, retrata-os simbolicamente como o amor (o antigo) e o luxo (o novo). A criança, sem titubear, escolhe o antigo – acredita-se que já é de uso da família – enquanto recusa entrar no veículo novo, o que lhe é atendido. Esse processo didático é rico em miríades que contemplam o processo de subjetivação dos sujeitos em uma sociedade marcada pela reprodução da forma da mercadoria.

A CIÊNCIA DESCREVE O “COMO”; O ESPÍRITO RESPONDE AO “QUEM”

    Por Wilson Garcia       A ciência avança em sua busca por decifrar o cérebro — suas reações químicas, seus impulsos elétricos, seus labirintos de prazer e dor. Mas, quanto mais detalha o mecanismo da vida, mais se aproxima do mistério que não cabe nos instrumentos de medição: a consciência que sente, pensa e ama. Entre sinapses e neurotransmissores, o amor é descrito como fenômeno neurológico. Mas quem ama? Quem sofre, espera e sonha? Há uma presença silenciosa por trás da matéria — o Espírito — que observa e participa do próprio enigma que a ciência tenta traduzir. Assim, enquanto a ciência explica o como da vida, cabe ao Espírito responder o quem — esse sujeito invisível que transforma a química em emoção e o impulso biológico em gesto de eternidade.

O ESTUDO DA GLÂNDULA PINEAL NA OBRA MEDIÙNICA DE ANDRÉ LUIZ¹

Alvo de especulações filosóficas e considerada um “órgão sem função” pela Medicina até a década de 1960, a glândula pineal está presente – e com grande riqueza de detalhes – em seis dos treze livros da coleção A Vida no Mundo Espiritual(1), ditada pelo Espírito André Luiz e psicografada por Francisco Cândido Xavier. Dentre os livros, destaque para a obra Missionários da Luz, lançado em 1945, e que traz 16 páginas com informações sobre a glândula pineal que possibilitam correlações com o conhecimento científico, inclusive antecipando algumas descobertas do meio acadêmico. Tal conteúdo mereceu atenção dos pesquisadores Giancarlo Lucchetti, Jorge Cecílio Daher Júnior, Décio Iandoli Júnior, Juliane P. B. Gonçalves e Alessandra L. G. Lucchetti, autores do artigo científico Historical and cultural aspects of the pineal gland: comparison between the theories provided by Spiritism in the 1940s and the current scientific evidence (tradução: “Aspectos históricos e culturais da glândula ...