Pular para o conteúdo principal

COMO FUNDAR UM CENTRO ESPÍRITA







Por Francisco Castro (*)




APRESENTAÇÃO
.
A partir de hoje, e continuando semanalmente, a título de sugestão, o Canteiro de Ideias publicará uma série de pequenas orientações que poderão ser muito úteis para quem deseja fundar um Centro Espírita.
Essas orientações também poderão ser de grande utilidade para aqueles que já empreenderam tal tarefa sem ter tido oportunidade de receber qualquer tipo de orientação.
Tais recomendações são o resultado de estudos e da experiência, mas isto não significa que contenham a última palavra sobre o assunto.
Esperamos que o leitor tire o melhor proveito dessa publicação e de outras que tratem sobre o mesmo tema.
Francisco Castro de Sousa
(*)Voluntário do Centro Espírita Grão de Mostarda, do Programa de Rádio Antena Espírita e do Blog Canteiro de Ideias.

COMO FUNDAR UM CENTRO ESPÍRITA

Parte I

Algumas questões cujas respostas podem contribuir para orientar a fundação e o correto funcionamento de novos centros espíritas.

  1. – Deve-se incentivar a fundação de Centros Espíritas (CE)?

R.: Desde a introdução de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec nos mostra claramente a necessidade do estudo da Doutrina. Embora se possa, e se deva fazê-lo individualmente, a formação de grupos de estudo proporciona maiores possibilidades de progresso no conhecimento das questões estudadas.
Sigamos o pensamento do Codificador e a conclusão não poderá ser outra, senão a necessidade de fundação de Centros de Estudo, ou de Ensino, que teriam por finalidade:

 guiar os homens que desejem esclarecer-se, mostrando-lhes, nestes estudos, um fim grande e sublime: o do progresso individual e social e o de lhes indicar o caminho que conduz a esse fim.”


“Quando as crenças espíritas se houverem vulgarizado, quando estiverem aceitas pelas massas humanas (e, a julgar pela rapidez com que se propagam, esse tempo não vem longe), com elas se dará o que tem acontecido a todas as idéias novas que hão encontrado oposição: os sábios se renderão à evidência. Lá chegarão, individualmente, pela força das coisas.” (LE – Introdução – item VII)- (Grifamos)

“Acrescentemos que o estudo de uma doutrina, qual a Doutrina Espírita, que nos lança de súbito numa ordem de coisas tão nova quão grande, só pode ser feito com utilidade por homens sérios, perseverantes, livres de prevenções e animados de firme e sincera vontade de chegar a um resultado. (...) Quem deseje tornar-se versado numa ciência tem que a estudar metodicamente, começando pelo princípio e acompanhando o encadeamento e o desenvolvimento das idéias..” (LE – Introdução – item VIII)- (Grifamos)

“Ninguém, pois, se iluda: o estudo do Espiritismo é imenso: interessa a todas as questões da metafísica e da ordem social; é um mundo que se abre diante de nós. Será de admirar que o efetuá-lo demande tempo, muito tempo mesmo?” (LE –Introdução – item XIII)- (Grifamos)

“Não produzisse este livro (O Livro dos Espíritos) outro resultado além do de mostrar o lado sério da questão e de provocar estudos neste sentido e rejubilaríamos por haver sido eleito para executar uma obra em que, aliás, nenhum mérito pessoal pretendemos ter, pois que os princípios nela exarados não são de criação nossa. O mérito que apresenta cabe todo aos Espíritos que a ditaram. Esperamos que dará outro resultado, o de guiar os homens que desejem esclarecer-se, mostrando-lhes, nestes estudos, um fim grande e sublime: o do progresso individual e social e o de lhes indicar o caminho que conduz a esse fim.” (LE – Introdução – item XVII – Allan Kardec) – (Grifamos)

O texto acima, assinado diretamente pelo Codificador, já seria suficiente para justificar o interesse na fundação de Centros Espíritas, entretanto, julgamos oportuno acrescentar, ainda, essas suas palavras transcritas abaixo, extraídas do Livro Viagens Espíritas em 1862 (Casa Editora O Clarim - 2ª edição em língua portuguesa, p.21/23), quando o Mestre Lionês faz os seguintes comentários sobre as viagens que realizara de 1860 a 1862:

“Por toda a parte a idéia espírita começa a ser difundida partindo das classes mais esclarecidas ou de mediana cultura. (...) Em sua maioria os grupos são muito bem dirigidos, alguns mesmo de notável maneira, com o emprego pleno dos verdadeiros princípios da ciência espírita. Os propósitos são idênticos aos que norteiam a Sociedade Espírita de Paris e não se  tem outra bandeira senão o dos princípios ensinados pelo ‘Livro dos Espíritos’. Nesses grupos reina, de modo geral, uma ordem e um recolhimento perfeitos. (Grifamos)

Nessa mesma obra, Viagens Espíritas Em 1862 – Casa Editora o Clarim – Allan Kardec, no capítulo Instruções Particulares dadas aos grupos em resposta a algumas das questões propostas, no número X, sobre a formação de grupos e sociedades espíritas, ele diz o seguinte:

“Há algum tempo constituíram-se alguns grupos, de especial caráter, e cuja multiplicação entusiasticamente desejamos encorajar. São os denominados grupos de ensino. Neles ocupam-se pouco ou nada das manifestações. Toda a atenção se volta para a leitura e explicação do ‘Livro dos Espíritos’, do ‘Livro dos Médiuns’ e de artigos da ‘Revista Espírita’. Algumas pessoas devotadas reúnem com esse objetivo um certo número de ouvintes, suprindo para eles as dificuldades da leitura ou do estudo isolado. Aplaudimos de todo o coração essa iniciativa que, esperamos, terá imitadores e não poderá, em se desenvolvendo, deixar de produzir os melhores resultados.”- (Grifamos)

Receberemos com prazer os comentários e/ou sugestões do leitor, que poderão nos auxiliar no desenvolvimento e aperfeiçoamento desse trabalho.

Na próxima semana daremos continuidade com a Parte II.

Comentários

  1. Caríssimo Castro,
    Parabéns pela iniciativa, que ensejará esclarecimentos significativos não só para os que sonham em fundar uma instituição espírita, mas também para os que já labutam na Seara do Senhor na sua direção.

    ResponderExcluir
  2. Francisco Castro de Sousa2 de junho de 2015 às 11:31

    Caríssimo Jorge,
    Ao divulgarmos a Doutrina Espírita devemos ter em mente três objetivos: Esclarecer, Orientar e Consolar. Esse trabalho que se inicia sem dúvidas é na direção do esclarecimento, mas também servirá de orientação e consolo, para aqueles que já estão trabalhando e que desejam fazê-lo corretamente!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

PESTALOZZI E KARDEC - QUEM É MESTRE DE QUEM?¹

Por Dora Incontri (*) A relação de Pestalozzi com seu discípulo Rivail não está documentada, provavelmente por mais uma das conspirações do silêncio que pesquisadores e historiadores impõem aos praticantes da heresia espírita ou espiritualista. Digo isto, porque há 13 volumes de cartas de Pestalozzi a amigos, familiares, discípulos, reis, aristocratas, intelectuais da Europa inteira. Há um 14º volume, recentemente publicado, que são cartas de amigos a Pestalozzi. Em nenhum deles há uma única carta de Pestalozzi a Rivail ou vice-versa. Pestalozzi sonhava implantar seu método na França, a ponto de ter tido uma entrevista com o próprio Napoleão Bonaparte, que aliás se mostrou insensível aos seus planos. Escreveu em 1826 um pequeno folheto sobre suas ideias em francês. Seria quase impossível que não trocasse sequer um bilhete com Rivail, que se assinava seu discípulo e se esforçava por divulgar seu método em Paris. Pestalozzi, com seu caráter emotivo e amoroso, não era de ...

ALLAN KARDEC, O DRUIDA REENCARNADO

Das reencarnações atribuídas ao Espírito Hipollyte Léon Denizard Rivail, a mais reconhecida é a de ter sido um sacerdote druida chamado Allan Kardec. A prova irrefutável dessa realidade é a adoção desse nome, como pseudônimo, utilizado por Rivail para autenticar as obras espíritas, objeto de suas pesquisas. Os registros acerca dessa encarnação estão na magnífica obra “O Livro dos Espíritos e sua Tradição História e Lendária” do Dr. Canuto de Abreu, obra que não deve faltar na estante do espírita que deseja bem conhecer o Espiritismo.

OS FILHOS DE BEZERRA DE MENEZES

                              As biografias escritas sobre Bezerra de Menezes apresentam lacunas em relação a sua vida familiar. Em quase duas décadas de pesquisas, rastreando as pegadas luminosas desse que é, indubitavelmente, a maior expressão do Espiritismo no Brasil do século XIX, obtivemos alguns documentos que nos permitem esclarecer um pouco mais esse enigma. Mais recentemente, com a ajuda do amigo Chrysógno Bezerra de Menezes, parente do Médico dos Pobres residente no Rio de Janeiro, do pesquisador Jorge Damas Martins e, particularmente, da querida amiga Lúcia Bezerra, sobrinha-bisneta de Bezerra, residente em Fortaleza, conseguimos montar a maior parte desse intricado quebra-cabeças, cujas informações compartilhamos neste mês em que relembramos os 180 anos de seu nascimento.             Bezerra casou-se...

ESPÍRITAS: PENSAR? PRA QUÊ?

           Por Marcelo Henrique O que o movimento espírita precisa, urgentemente, constatar e vivenciar é a diversidade de pensamento, a pluralidade de opiniões e a alteridade na convivência entre os que pensam – ainda que em pequenos pontos – diferentemente. Não há uma única “forma” de pensar espírita, tampouco uma única maneira de “ver e entender” o Espiritismo. *** Você pensa? A pergunta pode soar curiosa e provocar certa repulsa, de início. Afinal, nosso cérebro trabalha o tempo todo, envolto das pequenas às grandes realizações do dia a dia. Mesmo nas questões mais rotineiras, como cuidar da higiene pessoal, alimentar-se, percorrer o caminho da casa para o trabalho e vice-versa, dizemos que nossa inteligência se manifesta, pois a máquina cerebral está em constante atividade. E, ao que parece, quando surgem situações imprevistas ou adversas, é justamente neste momento em que os nossos neurônios são fortemente provocados e a nossa bagagem espiri...

UM POUCO DE CHICO XAVIER POR SUELY CALDAS SCHUBERT - PARTE II

  6. Sobre o livro Testemunhos de Chico Xavier, quando e como a senhora contou para ele do que estava escrevendo sobre as cartas?   Quando em 1980, eu lancei o meu livro Obsessão/Desobsessão, pela FEB, o presidente era Francisco Thiesen, e nós ficamos muito amigos. Como a FEB aprovou o meu primeiro livro, Thiesen teve a ideia de me convidar para escrever os comentários da correspondência do Chico. O Thiesen me convidou para ir à FEB para me apresentar uma proposta. Era uma pequena reunião, na qual estavam presentes, além dele, o Juvanir de Souza e o Zeus Wantuil. Fiquei ciente que me convidavam para escrever um livro com os comentários da correspondência entre Chico Xavier e o então presidente da FEB, Wantuil de Freitas 5, desencarnado há bem tempo, pai do Zeus Wantuil, que ali estava presente. Zeus, cuidadosamente, catalogou aquelas cartas e conseguiu fazer delas um conjunto bem completo no formato de uma apostila, que, então, me entregaram.

POR QUE SOMOS CEGOS DIANTE DO ÓBVIO?

  Por Maurício Zanolini Em 2008, a crise financeira causada pelo descontrole do mercado imobiliário, especialmente nos Estados Unidos (mas com papéis espalhados pelo mundo todo), não foi prevista pelos analistas do Banco Central Norte Americano (Federal Reserve). Alan Greenspan, o então presidente da instituição, veio a público depois da desastrosa quebra do mercado financeiro, e declarou que ninguém poderia ter previsto aquela crise, que era inimaginável que algo assim aconteceria, uma total surpresa. O que ninguém lembra é que entre 2004 e 2007 o valor dos imóveis nos EUA mais que dobraram e que vários analistas viam nisso uma bolha. Mas se os indícios do problema eram claros, por que todos os avisos foram ignorados?

PROGRESSO - LEI FATAL DO UNIVERSO

    Por Doris Gandres Atualmente, caminhamos todos como que receosos, vacilantes, temendo que o próximo passo nos precipite, como indivíduos e como nação, num precipício escuro e profundo, de onde teremos imensa dificuldade de sair, como tantas vezes já aconteceu no decorrer da história da humanidade... A cada conversação, ou se percebe o medo ou a revolta. E ambos são fortes condutores à rebeldia, a reações impulsivas e intempestivas, em muitas ocasiões e em muitos aspectos, em geral, desastrosas...

TRÍPLICE ASPECTO: "O TRIÂNGULO DE EMMANUEL"

                Um dos primeiros conceitos que o profitente à fé espírita aprende é o tríplice aspecto do Espiritismo – ciência, filosofia e religião.             Esse conceito não se irá encontrar em nenhuma obra da codificação espírita. O conceito, na realidade, foi ditado pelo Espírito Emannuel, psicografia de Francisco C. Xavier e está na obra Fonte de Paz, em uma mensagem intitulada Sublime Triângulo, que assim se inicia:

O ESTUDO DA GLÂNDULA PINEAL NA OBRA MEDIÙNICA DE ANDRÉ LUIZ¹

Alvo de especulações filosóficas e considerada um “órgão sem função” pela Medicina até a década de 1960, a glândula pineal está presente – e com grande riqueza de detalhes – em seis dos treze livros da coleção A Vida no Mundo Espiritual(1), ditada pelo Espírito André Luiz e psicografada por Francisco Cândido Xavier. Dentre os livros, destaque para a obra Missionários da Luz, lançado em 1945, e que traz 16 páginas com informações sobre a glândula pineal que possibilitam correlações com o conhecimento científico, inclusive antecipando algumas descobertas do meio acadêmico. Tal conteúdo mereceu atenção dos pesquisadores Giancarlo Lucchetti, Jorge Cecílio Daher Júnior, Décio Iandoli Júnior, Juliane P. B. Gonçalves e Alessandra L. G. Lucchetti, autores do artigo científico Historical and cultural aspects of the pineal gland: comparison between the theories provided by Spiritism in the 1940s and the current scientific evidence (tradução: “Aspectos históricos e culturais da glândula ...

OS FANATISMOS QUE NOS RODEIAM E NOS PERSEGUEM E COMO RESISTIR A ELES: FANATISMO, LINGUAGEM E IMAGINAÇÃO.

  Por Marcelo Henrique Uma mensagem importante para os dias atuais, em que se busca impor uma/algumas ideia(s), filosofia(s) ou crença(s), como se todos devessem entender a realidade e o mundo de uma única maneira. O fanatismo. Inclusive é ainda mais perigoso e com efeitos devastadores quando a imposição de crenças alcança os cenários social e político. Corre-se sérios riscos. De ditaduras: religiosas, políticas, conviviais-sociais. *** Foge no tempo e na memória a primeira vez que ouvi a expressão “todos aprendemos uns com os outros”. Pode ter sido em alguma conversa familiar, naquelas lições que mães ou pais nos legam em conversas “descompromissadas”, entre garfadas ou ações corriqueiras no lar. Ou, então, entre algumas aulas enfadonhas, com a “decoreba” de fórmulas ou conceitos, em que um Mestre se destacava como ouro em meio a bijuterias.