Por Roberto Caldas (*)
Ilustração da aparição de Jesus aos Quinhentos da Galiléia |
O espanto diante da aparição de Jesus nos
presumidos 3 dias após o seu desencarne era naqueles tempos uma reação
completamente normal, considerando-se as condições intelectuais do povo. Então,
ainda não havia sido publicado O Livro dos Médiuns, lançado em 15/01/1861. As
pessoas nada sabiam a respeito da existência do Perispírito ou corpo
espiritual, embora esse conhecimento já permeasse algumas culturas da época, o
que podemos apreciar nas palavras do Apóstolo Paulo na 1ª Epístola aos
Coríntios (XV: 44), quando afirma: “semeia-se corpo animal, é ressuscitado
corpo espiritual. Se há corpo animal, há também corpo espiritual”. Sob a visão
norteadora da Doutrina Espírita, o que sucedeu naqueles dias, além da magnífica
comprovação da imortalidade pelo testemunho da mais prestigiosa personalidade
que pisou o solo do planeta, foram aparições tangíveis e materializadas de
Jesus, fenômenos completamente explicados pela ciência espírita.
Ali
se iniciava a caminhada para a revelação espiritual descentralizada. Tanto que
os próprios seguidores protagonizaram, cerca de 50 dias depois em Pentecostes,
uma gigantesca reunião mediúnica ao ar livre, quando se fizeram entender por
todos os peregrinos, de diversas etnias e idiomas, bradando uma única mensagem,
sem que fossem poliglotas. Historicamente Moisés e Jesus haviam entrado em
contato com o mundo espiritual, mas personificavam as suas próprias revelações.
A revelação a seguir se tornaria universal, sem protagonismos individuais.
A
aproximação que os fatos das aparições de Jesus criaram entre o mundo corporal
e o mundo espiritual está explícito nos escritos posteriores que relatam as
vivências dos seus discípulos imbuídos na divulgação da Boa Nova. Ampliou-se à
medida que os anos passaram e nos meados do século XVIII eclodiram na chegada
do Espiritismo em abril de 1857, data do lançamento de O Livro dos Espíritos,
no dia 18. Nesse momento da história, Jesus retornava ao cenário do mundo outra
vez, agora não mais personalizado nem exibindo estigmas. A fase que fazia
iniciar e que nos acompanharia “até o final dos tempos” era promessa cumprida,
com o advento do Consolador Prometido, sob as bênçãos do Espírito da Verdade,
Ele próprio retornando, dezoito séculos depois.
Lamentável
que passados tantos anos daqueles fatos ainda se avolumem multidões na adoração
de um manequim ensanguentado. Pena que ainda estejamos aguardando o seu retorno
numa nuvem para separar os lobos dos cordeiros.
A
Doutrina Espírita não comemora a cruz, festeja a vida plena, além da morte, vê
no antigo símbolo cristão, o peixe uma marca muito mais digna para o maior
missionário de todos os tempos. A sua mensagem imorredoura aplaca a fome de
quem tenha ouvidos para ouvir, a fome de paz, de justiça, de serenidade. As
suas palavras são catalisadores de dificuldades para quem pretenda enfrentar as
marés da existência vencendo as ondas destruidoras do pessimismo,
permitindo-nos descansar a mente nas águas profundas da meditação. Jesus é o
grande descortinador do sol da esperança em nossas almas. Bendito seja entre os
homens.
¹ editorial do programa Antena Espírita de 05.04.2015.
(*) editorialista do programa Antena Espírita, escritor espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.
Caro Roberto,
ResponderExcluirSimplesmente, pedagógico!
Parabéns!
Jorge, os textos do Roberto Caldas são sempre assim, o livro ANTENA DE LUZ - Entre Mundos está cheio deles! Quem ainda não o adquiriu aqui vai uma sugestão: O livro se encontra disponível em vários Centros Espíritas e na Livraria Sinal Verde da FEEC.
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