segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

QUANDO CHEGA O NATAL...



O Natal sempre me pega pelo coração. Seja pela tristeza e pelas saudades por ausentes, mortos e vivos. Seja para me alegrar com a alegria das crianças que amo. Seja porque me lembro (e tenho boas lembranças) de Natais de outras vidas, sobretudo na Alemanha e na Áustria. Seja para me conectar mais fortemente com o homenageado da data.

Já dezembro é um mês que anuncia emoções e balanços. Para mim, especialmente, que é o mês de meu aniversário. Para muitos, que se embebem do espírito natalino, para outros que realmente param par fazer reflexões de fechamento de um ciclo, que é o ano que se vai.

Dezembro, sempre acho um mês leve, festivo, apesar das possíveis nostalgias que nos possam assaltar nas datas de celebração. Apesar do comercialismo abusivo. Mas se permanecermos em nosso eixo de paz e equilíbrio, promovendo pequenas ou grandes alegrias para próximos ou estranhos; se estivermos em sintonia com o Mestre que nasceu e renasce sempre para os homens e as mulheres de boa vontade, o dezembro nevado do norte ou o dezembro ensolarado do sul, será sim um mês de beleza e elevação. Cabe a cada um fazê-lo assim.
 
Como, para mim, a melhor maneira de celebrar é através da arte, aqui ficam dois poemas meus, feitos por esses dias (e há outros aqui no blog e no meu livro de poesia, recém-lançado, A Hora de Dora,) e uma música chamada “Ich will von Gottes Güte singen” (“Quero cantar a bondade de Deus”) da compositora judia alemã, da primeira metade século XIX, Fanny Mendelssohn Hensel, irmã de Felix Mendelssohn.


O Natal que quero

Tocam sinos invisíveis

Porque os sinos reais

Nas praças já não se ouvem mais…

Cantam anjos que ninguém escuta

Porque há muito barulho no ar

E as crianças não sabem mais cantar…


O Natal chega de novo

Mas Jesus quase não é lembrado

Só Papai Noel está na alma do povo…


Quero um Natal com sonhos suaves

Com carícias no olhar…

Quero um Natal em que anjos e aves

Nos venham a paz anunciar…


Quero um Natal de aconchego

De mãos nas mãos

De corações com corações

E preces ao luar…


Quero um Natal de paz na terra

Com a presença de um anjo tutelar

Que venha contar daquela noite

De Jesus menino, em seu primeiro lar…


E assim um Natal que se espraie

Pelo mundo, pelo ano, pelo tempo afora

Um Natal que anuncie um amor sem limites

E um Jesus pequenino sempre agora!



*   *   *


Quando chegas no Natal

E assim nos chegas novamente

Chegas todos os anos, todos os dias

Com teu olhar azulado e paciente…

Esperando nos doar tuas alegrias!



Visitas-nos descalço, pés tão mansos,

Com tua túnica azul, resplandecente,

Na voz tens cânticos, remansos,

De braços abertos, complacente!


Cochichas doces preces às crianças,

Distribuis sementes e esperanças…


Incansável e sereno, altíssimo e brando,

Menino, homem, mestre e irmão,

Vens nas mãos abertas carregando

O próprio coração!


Que aprendamos receber-te em nós,

Que saibamos repetir tua voz

De ternura, compaixão, fraternidade

E façamos enfim como tu queres


Uma nova e feliz humanidade!

(*) jornalista, educadora e escritora. Suas áreas de atuação são Educação, Filosofia, Espiritualidade, Artes, Espiritismo. Tem mestrado, doutorado e pós-doutorado em Filosofia da Educação pela USP. É sócia-diretora da Editora Comenius e coordenadora geral da Associação Brasileira de Pedagogia Espírita.

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