Pular para o conteúdo principal

A FOTOSSÍNTESE ESPIRITUAL: ENSAIO METAFÓRICO




Por Jorge Luiz (*)


           A fotossíntese é um processo fisioquímico, a nível celular, que se realiza sob a presença da luz. Sem ela o homem, os animais e muitos outros seres vivos seriam incapazes de sobreviver na Terra. É o principal processo de transformação de energia da biosfera.
            Allan Kardec em A Gênese, assinala:

“(...) de fato, a luz material é feita para o mundo material;
para o mundo espiritual, uma luz especial existe,
cuja natureza desconhecemos, porém que é, sem dúvida,
uma das propriedades do fluido etéreo, adequada às
percepções visuais da alma. (...)
O mundo espiritual é, pois, iluminado pela
luz espiritual, que tem seus efeitos próprios,
como o mundo material é iluminado pela luz solar.”

            Em João, 8:12, Jesus acentua:

“Eu sou a luz do mundo.”

        
            As didáticas de Jesus e Kardec são enriquecidas pelas metáforas. Neste aspecto, a abordagem é sobre o invisível. O que Jesus e Kardec querem expressar não cabem em palavras e eles apelam para imagens.
            Será seguida a rotina didática de Kardec e Jesus, no que tange à utilização da metáfora, já que a proposta é escrever um “ensaio metafórico”. Portanto, existe a fotossíntese material (FM) e a fotossíntese espiritual (FE). A luz do sol favorece a FM, já na FE é a luz do Espírito que sofre o metabolismo (transformação/moral), muito embora o anabolismo (síntese/virtudes) seja realizado no perispírito, liame semimaterial que liga o corpo ao Espírito.

         O corpo que será submetido à FE é o perispírito. O perispírito é o princípio luminoso da alma. É necessário entender que este princípio luminoso não propicia a mesma visão para todos os Espíritos, mas dependendo do estágio evolutivo de cada um. Somente os Espíritos puros a possuem em todo o seu poder. Portanto, a luminosidade, como uma das propriedades do perispírito está sempre em relação ao aprimoramento moral do Espírito. É importante dizer que esta luminosidade não tem nenhuma relação com a luz conhecida em Física. Afirma Allan Kardec:
“Por sua natureza, possui o Espírito uma propriedade
luminosa que se desenvolve sob o influxo da atividade
e das qualidades da alma. (...) A intensidade da luz está na
razão da pureza do Espírito: as menores imperfeições
morais atenuam-na e enfraquecem-na.
A luz irradiada por um Espírito será tanto
mais viva quanto maior o seu adiantamento. Assim, sendo o Espírito, de alguma sorte, o seu próprio farol, verá proporcionalmente à intensidade
da luz que produz, do que resulta que os Espíritos que não a
produzem acham-se na obscuridade.”

            Um episódio marcante na vida do Cristo é a passagem conhecida como transfiguração do Tabor, na qual Jesus é transfigurado e se torna radiante e seu rosto resplandeceu como o sol, e as suas vestes se tornaram brancas como a luz, ocorrendo, simultaneamente, a aparição de Elias e Moisés (Mt 17:1-9; Mc 9:1-13; Lc 9:28-36).
            Allan Kardec define o perispírito como um dos mais importantes produtos do fluido cósmico universal (FCU); é uma condensação desse fluido em torno de um foco de inteligência ou alma.     
            O processo anabólico da FE, que promove a síntese das moléculas do perispírito ², é energização produzida pelo metabolismo moral que é produzido pelo autoconhecimento e na vivência da caridade, cujos roteiros práticos se encontram nas questões 919 de O Livro dos Espíritos, na qual o Espírito Santo Agostinho acentua que o “conhecimento de si mesmo” é a maneira mais eficaz de se melhorar na vida e resistir ao arrastamento do mal. Já na questão nº 886, os Reveladores Celestes advertem que a verdadeira caridade consiste na benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições alheias, perdão das ofensas.
            Jesus, na dissertação que se encontra no Evangelho de Mateus (5:16) confirma o que dizem os Reveladores Celestes, que somente através das obras o ser humano glorificará o Pai que estás no Céu.
            Toda a cadeia do anabolismo da FE tem sua dinâmica na reencarnação, pela qual o Espírito processa a sua ascendência evolutiva.
            Os Reveladores Celestes atestam, na questão nº 540 de O Livro dos Espíritos, que tudo se encadeia na Natureza, desde o átomo primitivo até o arcanjo, pois ele mesmo começou pelo átomo. Admirável lei de harmonia.  Através da Lei do Progresso, o princípio inteligente atravessa os reinos, alcançando na condição de Espírito a consciência e o livre-arbítrio, cujo propósito é tornar luz do Universo, status do Reino dos Céus anunciado por Jesus.
              Portanto:

“Vós sois a luz do mundo. (...).
 Assim resplandeça a vossa luz
 diante dos homens.(...)”

(Jesus, Mt,5:14;16)

(*) livre-pensador e voluntário do Instituto de Cultura Espírita - ICE.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

PESTALOZZI E KARDEC - QUEM É MESTRE DE QUEM?¹

Por Dora Incontri (*) A relação de Pestalozzi com seu discípulo Rivail não está documentada, provavelmente por mais uma das conspirações do silêncio que pesquisadores e historiadores impõem aos praticantes da heresia espírita ou espiritualista. Digo isto, porque há 13 volumes de cartas de Pestalozzi a amigos, familiares, discípulos, reis, aristocratas, intelectuais da Europa inteira. Há um 14º volume, recentemente publicado, que são cartas de amigos a Pestalozzi. Em nenhum deles há uma única carta de Pestalozzi a Rivail ou vice-versa. Pestalozzi sonhava implantar seu método na França, a ponto de ter tido uma entrevista com o próprio Napoleão Bonaparte, que aliás se mostrou insensível aos seus planos. Escreveu em 1826 um pequeno folheto sobre suas ideias em francês. Seria quase impossível que não trocasse sequer um bilhete com Rivail, que se assinava seu discípulo e se esforçava por divulgar seu método em Paris. Pestalozzi, com seu caráter emotivo e amoroso, não era de ...

OS FILHOS DE BEZERRA DE MENEZES

                              As biografias escritas sobre Bezerra de Menezes apresentam lacunas em relação a sua vida familiar. Em quase duas décadas de pesquisas, rastreando as pegadas luminosas desse que é, indubitavelmente, a maior expressão do Espiritismo no Brasil do século XIX, obtivemos alguns documentos que nos permitem esclarecer um pouco mais esse enigma. Mais recentemente, com a ajuda do amigo Chrysógno Bezerra de Menezes, parente do Médico dos Pobres residente no Rio de Janeiro, do pesquisador Jorge Damas Martins e, particularmente, da querida amiga Lúcia Bezerra, sobrinha-bisneta de Bezerra, residente em Fortaleza, conseguimos montar a maior parte desse intricado quebra-cabeças, cujas informações compartilhamos neste mês em que relembramos os 180 anos de seu nascimento.             Bezerra casou-se...

O CERNE DA QUESTÃO DOS SOFRIMENTOS FUTUROS

      Por Wilson Garcia Com o advento da concepção da autonomia moral e livre-arbítrio dos indivíduos, a questão das dores e provas futuras encontra uma nova noção, de acordo com o que se convencionou chamar justiça divina. ***   Inicialmente. O pior das discussões sobre os fundamentos do Espiritismo se dá quando nos afastamos do ponto central ou, tão prejudicial quanto, sequer alcançamos esse ponto, ou seja, permanecemos na periferia dos fatos, casos e acontecimentos justificadores. As discussões costumam, normalmente e para mal dos pecados, se desviarem do foco e alcançar um estágio tal de distanciamento que fica impossível um retorno. Em grande parte das vezes, o acirramento dos ânimos se faz inevitável.

A FÉ COMO CONTRAVENÇÃO

  Por Jorge Luiz               Quem não já ouviu a expressão “fazer uma fezinha”? A expressão já faz parte do vocabulário do brasileiro em todos os rincões. A sua história é simbiótica à história do “jogo do bicho” que surgiu a partir de uma brincadeira criada em 1892, pelo barão João Batista Viana Drummond, fundador do zoológico do Rio de Janeiro. No início, o zoológico não era muito popular, então o jogo surgiu para incentivar as visitas e evitar que o estabelecimento fechasse as portas. O “incentivo” promovido pelo zoológico deu certo, mas não da maneira que o barão imaginava. Em 1894, já era possível comprar vários bilhetes – motivando o surgimento do bicheiro, que os vendia pela cidade. Assim, o sorteio virou jogo de azar. No ano seguinte, o jogo foi proibido, mas aí já tinha virado febre. Até hoje o “jogo do bicho” é ilegal e considerado contravenção penal.

CONFLITOS E PROGRESSO

    Por Marcelo Henrique Os conflitos estão sediados em dois quadrantes da marcha progressiva (moral e intelectual), pois há seres que se destacam intelectualmente, tornando-se líderes de sociedades, mas não as conduzem com a elevação dos sentimentos. Então quando dados grupos são vencedores em dadas disputas, seu objetivo é o da aniquilação (física ou pela restrição de liberdades ou a expressão de pensamento) dos que se lhes opõem.

“TUDO O QUE ACONTECER À TERRA, ACONTECERÁ AOS FILHOS DA TERRA.”

    Por Doris Gandres Esta afirmação faz parte da carta que o chefe índio Seattle enviou ao presidente dos Estados Unidos, Franklin Pierce, em 1854! Se não soubéssemos de quem e de quando é essa declaração poder-se-ia dizer que foi escrita hoje, por alguém com bastante lucidez para perceber a interdependência entre tudo e todos. O modo como vimos agindo na nossa relação com a Natureza em geral há muitos séculos, não apenas usando seus recursos, mas abusando, depredando, destruindo mananciais diversos, tem gerado consequências danosas e desastrosas cada vez mais evidentes. Por exemplo, atualmente sabemos que 10 milhões de toneladas de plásticos diversos são jogadas nos oceanos todo ano! E isso sem considerar todas as outras tantas coisas, como redes de pescadores, latas, sapatos etc. e até móveis! Contudo, parece que uma boa parte de nós, sobretudo aqueles que priorizam seus interesses pessoais, não está se dando conta da gravidade do que está acontecendo...

FUNDAMENTALISMO AFETA FESTAS JUNINAS

  Por Ana Cláudia Laurindo   O fundamentalismo religioso tenta reconfigurar no Brasil, um país elaborado a partir de projetos de intolerância que grassam em pequenos blocos, mas de maneira contínua, em cada situação cotidiana, e por isso mesmo, tais ações passam despercebidas. Eles estão multiplicando, por isso precisamos conhecer a maneira com estas interferências culturais estão atuando sobre as novas gerações.

NÃO SÃO IGUAIS

  Por Orson P. Carrara Esse é um detalhe imprescindível da Ciência Espírita. Como acentuou Kardec no item VI da Introdução de O Livro dos Espíritos: “Vamos resumir, em poucas palavras, os pontos principais da doutrina que nos transmitiram”, sendo esse destacado no título um deles. Sim, porque esse detalhe influi diretamente na compreensão exata da imortalidade e comunicabilidade dos Espíritos. Aliás, vale dizer ainda que é no início do referido item que o Codificador também destaca: “(...) os próprios seres que se comunicam se designam a si mesmos pelo nome de Espíritos (...)”.

JESUS TEM LADO... ONDE ESTOU?

   Por Jorge Luiz  A Ilusão do Apolitismo e a Inerência da Política Há certo pedantismo de indivíduos que se autodenominam apolíticos como se isso fosse possível. Melhor autoafirmarem-se apartidários, considerando a impossibilidade de se ser apolítico. A questão que leva a esse mal entendido é que parte das pessoas discordam da forma de se fazer política, principalmente pelo fato instrumentalizado da corrupção, que nada tem do abrangente significado de política. A política partidária é considerada quando o indivíduo é filiado a alguma agremiação religiosa, ou a ela se vincula ideologicamente. Quanto ao ser apolítico, pensa-se ser aquele indiferente ou alheio à política, esquecendo-se de que a própria negação da política faz o indivíduo ser político.

TEMOS FORÇA POLÍTICA ENQUANTO MULHERES ESPÍRITAS?

  Anália Franco - 1853-1919 Por Ana Cláudia Laurindo Quando Beauvoir lançou a célebre frase sobre não nascer mulher, mas tornar-se mulher, obviamente não se referia ao fato biológico, pois o nascimento corpóreo da mulher é na verdade, o primeiro passo para a modelagem comportamental que a sociedade machista/patriarcal elaborou. Deste modo, o sentido de se tornar mulher não é uma negação biológica, mas uma reafirmação do poder social que se constituiu dominante sobre este corpo, arrastando a uma determinação representativa dos vários papéis atribuídos ao gênero, de acordo com as convenções patriarcais, que sempre lucraram sobre este domínio.