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FÉ SEM OBRAS É FÉ MORTA¹



         
 
A figueira estéril - ilustração
 
           Qualquer pessoa que estuda a Doutrina Espírita sabe que os mais de 7 bilhões de habitantes que compõem a população do planeta são Espíritos em processo de nova encarnação, em lição de aprendizado e renovação. Cada um de nós traz histórias diferentes, caminhos diferentes a seguir e diferentes planos para executar, apesar de estarmos caminhando em grupos e vivendo em sociedade, estabelecendo contratos e sinalizando parcerias, co-dependentes que somos das habilidades e funções dos outros.

          O fato do ser espiritual ser completo e indivisível, o que se contrapõe à romântica teoria das metades eternas, nos conduz à lógica de que os nossos esforços existenciais pactuam para a necessidade de crescimento coletivo, mas a responsabilidade é individual. Vencer os problemas que nos atingem superando as bravatas, com as quais insistimos em exigir atitude do outro que caminha partilhando aspirações comuns, é sinal de maturidade. Apesar de pisarmos estradas que aparentemente são as mesmas, os planos que nos animam individualmente são diferentes tanto quanto a forma de atuação nas situações que se apresentam reflete unicamente no grau de consequência pessoal.
          Cada um nasce e desencarna de forma diferente e assim também se vive a existência. E a própria existência permite todas as mudanças necessárias ao ajuste que precisamos para tornar possível o resultado planejado para a nossa trajetória espiritual enquanto ainda estávamos fora do corpo físico. Vencer as próprias dificuldades e alcançar vitórias parciais é a única forma de caminhar em busca de nos tornar vitorioso diariamente, o que significa tratar o presente desafio como a eternidade que temos à disposição.
          Reconhecer a importância de cada experiência que bate à porta de nossa rotina, aquele fato que exige o esforço a mais e sobressalta a tranqüilidade dos nossos dias, divide a humanidade em dois grandes grupos. O grupo dos que se abatem e se queixam antes de agir e o grupo dos que assumem o compromisso de ultrapassar o obstáculo e não vão parar de caminhar até que resolvam o problema emergente. Estar entre os que se queixam e choram ou estar no rol daqueles que assumem os riscos e enfrentam a dor é uma decisão difícil e que precisa ser referendada com o nascer de cada dia.
          A mensagem de Jesus não permite hesitação quando descrita pela palavra do apóstolo Paulo em sua carta aos Romanos (II:6) que adverte sem deixar dúvidas “a cada um segundo as suas obras”, assertiva que corrobora com a próprio pensamento de Jesus ao asseverar em Lucas( VI: 43-45): reconhece-se a árvore pelos seus frutos.
          A Doutrina Espírita é de uma clareza absoluta quando apresenta a encarnação como a grande oportunidade de evolução do Espírito. Estar numa encarnação nesse planeta significa ter em mãos o passaporte para o ajuste de contas consigo mesmo. Certamente o cenário que a existência nos revela não traz facilidade para ninguém. Cabe, no entanto uma questão importante: Vamos ficar nos queixando enquanto o tempo passa ou vamos trabalhar para tornar a vida melhor?

¹ editorial do programa Antena Espírita de 18.06.2017

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