O nosso País, além da séria crise econômica,
da vergonhosa corrupção e, principalmente, da crise sem precedentes nas áreas
da educação e da saúde, se defronta, inesperadamente, com uma temível doença,
transmitida pelo mosquito Aedes aegypti e causada por um vírus, identificado,
pela primeira vez, em 1947, em um macaco rhesus na floresta Zika, da Uganda, e,
no Brasil, observado, inicialmente, em abril de 2015.
Por
que a moléstia produzida pelo vírus zika é tão danosa?
A resposta foi dada pelo Ministério da Saúde,
o qual, com muita cautela, correlacionou esse vetor com os alarmantes casos de
microcefalia já apresentados, chegando aproximadamente a dois mil
recém-nascidos (dezembro/2015), em comparação com as notificações do ano
passado, quando houve apenas 147 registros.
Analisando-se o líquido amniótico retirado
por punção em duas gestantes da Paraíba, ostentando, nos exames de imagens,
bebês com microcefalia confirmada, o vírus zika foi identificado, chamando a
atenção da relação entre o micro-organismo e a má-formação genética, sem a
presença de qualquer outra causa a justificar tão considerável epidemia. A
analogia entre o vírus zika e a microcefalia, segundo informações oficiais, era
incomum no mundo e não citada na literatura científica até o presente momento.
Contudo, após a notificação feita pelo Brasil à OMS, a Polinésia Francesa,
localizada no Oceano Pacífico Sul, a leste da Austrália, analisando os dados de
nascimentos no período em que a infecção por zika era endêmica (2013), percebeu
a mesma relação.
A palavra microcefalia origina-se do grego
“mikrós”, pequeno, associado com “kephalé”, cabeça. É conhecida, igualmente,
como nanocefalia, caracterizando-se pela deficiência de crescimento do cérebro,
acarretando alterações neurológicas graves, com atraso nas funções motoras e de
fala, inclusive podendo apresentar acentuado retardo mental, ao lado das
ocorrências de distorções faciais, convulsões, baixa estatura, dificuldades de
coordenação, embaraços no equilíbrio e, ocasionalmente, a morte.
O diagnóstico da microcefalia é realizado,
após o nascimento, pela medida do perímetro cefálico ou circunferência da
cabeça do feto que é igual ou menor a 32cm, respeitando-se o novo protocolo do
Ministério da Saúde. Antes do nascimento, pode-se percebê-la através da
ultrassonografia realizada na gestante, comparando a medida da circunferência
cefálica do bebê com os desvios padrões da curva de normalidade para a idade
gestacional.
As
causas da Microcefalia
As causas da microcefalia são inúmeras, desde
às de origens primárias, como anomalias cromossômicas e os defeitos da
neurulação no embrião, quando se verifica o processo de formação do tubo
neural, rudimento do Sistema Nervoso Central, até às de ordens secundárias, às
quais aparecem devido à presença nefasta de substâncias tóxicas e de
micro-organismos.
A formação do cérebro humano a partir de um
minúsculo amontoado celular constitui um processo admirável, seguindo uma
diretriz engenhosa, quando, agindo de certa forma programada, nunca subordinado
ao acaso, a medula espinhal primitiva (corda dorsal, notocorda ou notocórdio)
envia um sinal aos tecidos que a envolvem, acenando-os para que se tornem mais
espessos e deem início à formação da placa neural, a qual, subordinada e
orientada por algo que transcende o conhecimento humano, se invagina, criando o
sulco neural. Então, a maravilhosa sequência de criações extraordinárias
continua, no interior do sulco, havendo uma fusão de suas pregas, formando o
tubo neural, com sua cavidade interna, cheia de líquido amniótico, que se
tornará futuramente o encéfalo e a medula espinhal. Consequentemente, uma parte
do tecido das pregas é bloqueado e surge a crista neural, semente grandiosa do
futuro sistema nervoso periférico.
A
medicina cartesiana
A medicina cartesiana, materialista, relata
todas as etapas de formação embrionária do cérebro com muitos detalhes,
batizados com várias denominações, mas incapaz de perceber nesse mecanismo tão
versátil e sagaz a presença de um planejamento inteligente, capaz de ser o
artífice de todo o magnífico e extraordinário processo de criação do cérebro,
sendo responsável pelo fenômeno, exatamente o espírito, preparando-se para o
grande embate evolutivo, seu retorno às paragens físicas, nas quais estará
subordinado à certeira e poderosa tirania biogenética, fundamentalmente
necessária a sua evolução.
De fato, o ser espiritual, mergulhando na
carne, utilizando-se do material orgânico embrionário, forma o cérebro, seu
próprio instrumento de manifestação no plano físico, o que põe por terra o
simplista ensinamento das religiões dogmáticas a respeito da criação do
espírito, no momento de sua formação biológica. O espírito preexiste à formação
de seu corpo somático e, após o fenômeno da morte, retorna à dimensão
espiritual, no veículo da imortalidade. Quanto aos materialistas, eles se
agarram e se alimentam de um produto perecível, composto, em verdade, de
energia condensada, materializada: a matéria e estão aprisionados nas teias do
acaso, enquanto tudo é formado de energia, desde um pequeno grão de areia até a
imensidade das nebulosas. Realmente, o acaso nada pode produzir, sendo célebre
e sempre lembrado o diálogo entre o astrônomo materialista Laplace, conhecido
como "O Newton da França" por sua excelência científica, com um de
seus alunos. Pois bem, Laplace foi
assistir a uma exibição do Sistema Solar, em miniatura, feito por um suíço, o
qual construiu os planetas e os movimentou, utilizando mecanismos de relógio. Então,
ali estava a Terra, girando em redor do Sol, juntamente com os outros planetas.
O mestre francês estava extasiado, diante do que estava presenciando. Chegou
alguém ao lado dele e disse-lhe: – Professor, tudo o que o Sr. está vendo é
fruto do acaso. Ele, prontamente, redarguiu: – Casualidade coisa alguma, quem
produziu isso foi um engenheiro suíço, o acaso não pode produzir isso.
Prontamente, o aluno perguntou-lhe: – Professor, não é o Sr. quem diz que o
Universo surgiu do acaso? Laplace ficou quieto, nada respondendo, já que
participou de uma experiência prática de que o nada não existe e o nada pode
criar.
O homem não é apenas um composto fortuito de
matéria densa, iniciando a vida no berço e terminando no túmulo e nada mais.
Muito pelo contrário, cessando a vida física, como um pássaro que foge da
gaiola, o espírito ressurge na dimensão extrafísica, de onde veio para a
jornada gloriosa e imprescindível na carne.
É importante frisar que a Doutrina Espírita
ensina, igualmente, que, “em qualquer de seus graus, o espírito está sempre
revestido de um invólucro ou perispírito, cuja natureza se eteriza à medida em
que ele se purifica e se eleva na hierarquia” (O Livro dos Médiuns, 2º parte,
Cap. I – 55). O perispírito é, portanto, o corpo sublimado do indivíduo
desencarnado, o qual se apresenta de acordo com sua elevação espiritual.
Enquanto subordinado ainda às coisas terrenas, se mostra com uma vestimenta
densa. Vincando seu períspirito com deficiências originadas dos equívocos e
erros cometidos em vivências transatas, necessita de reencarnações reparadoras
e extremamente necessárias para depurar, na carne, suas transitórias
imperfeições. Portanto, não existe injustiça, nem castigo divino. Cada um
presta contas do que já fez de bom ou de ruim: “Cada um será julgado de acordo
com suas obras” (Apocalipse 20:12). “Retribuirá a cada um segundo as suas
obras” (Mateus 16:27). “Quem erra é escravo do erro” (João 8:34). A responsabilidade
é pessoal. Cada ser é responsável pelos seus próprios atos e passa por aquilo
que precisa na sua evolução. Cada indivíduo é artífice de sua própria mazela,
punido pelo tribunal da própria consciência, onde estão inseridas as Leis de
Deus (OLE, Q. 621).
Milhares de casos de microcefalia estão
ocorrendo por todo o Brasil, com predominância atualmente no Nordeste. A causa
física parece ser mesmo o vírus da zika. E a origem espiritual? A alma de um
ser portador de microcefalia está enclausurada temporariamente em uma
organização física desmantelada e a limitação cognitiva favorece o espírito a
não errar mais. Em verdade, sob a ótica extrafísica, está acontecendo algo
transcendental: o ser espiritual reconcilia-se consigo mesmo, isto é, com a
Harmonia Divina dentro de si; está aprendendo a se pacificar e a se libertar,
livrando-se do pesadelo em que se encontrava no além-túmulo, com a consciência
pesada, assenhoreado pelo remorso destrutivo. Os pais, os familiares e amigos
devem emitir vibrações de paz e amor para com todos os irmãos em Deus, que
reencarnam sob o jugo da microcefalia. Retirando-se os casos de expiação,
quando o ser extrafísico necessita compulsoriamente reparar suas dívidas, pode
também o espírito ser portador de um corpo deficiente para ser submetido a uma
prova, pedindo para passar pelo sofrimento que lhe serve de impulso maior para
a ascensão evolutiva, como igualmente ter o objetivo de poder ajudar seus pais,
parentes e amigos, engolfados na atribulação, capacitando-os a se desprenderem
com facilidade do jugo material, tornando-os mais fraternos e mais tolerantes,
abertos para o encontro com a sua espiritualização e vivenciando com avidez o
amor.
Em realidade, a disfunção cerebral é o
caminho da libertação espiritual, a cura para o espírito, a via para a
felicidade de um ser real dotado de natureza imortal que “estava morto e
reviveu, estava perdido e foi achado” (Lucas 15.32).
Disse Jesus: “Das ovelhas que meu Pai me
confiou, nenhuma se perderá” (Mateus 18:12-13).
fonte: http://www.correioespirita.org.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário